As mulheres brasileiras com mais de 60 anos podem lembrar dos tempos em que abrir uma conta bancária sem a anuência formal do esposo era legalmente impossível no país. Embora as conquistas sejam muitas desde a década de 1960, quando mudanças foram implementadas pelo Estatuto das Mulheres Casadas, o público feminino ainda segue milhas de distância do mercado financeiro na comparação com os homens: as mulheres representavam em outubro apenas 25% dos 3 milhões de CPFs inscritos na B3.
Além de inúmeras iniciativas voltadas à educação financeira desse público, o mercado de capitais brasileiro tem apostado também na formulação de produtos para as mulheres, mas se engana quem pensa em ativos embalados em cor de rosa ou dialogando com dilemas domésticos. O foco está em companhias com boas métricas financeiras, lideradas por executivas e com políticas sólidas de igualdade de gênero.
O primeiro produto do gênero no Brasil é o Warren Equals, fundo de ações lançado em março deste ano, no pré pandemia, pela Warren. A tese do fundo, que não tem taxas de administração e permite aplicações a partir de R$ 1,00, é investir em empresas nacionais e estrangeiras que, além de bons resultados, prezam por políticas de equidade de gênero. Os ativos são escolhidos a partir do Bloomberg Gender-Equality Index (GEI), índice criado pela Bloomberg que acompanha o desempenho financeiro de companhias comprometidas em apoiar de a igualdade de gênero via representação feminina, transparência e desenvolvimento de políticas internas.
“O Warren Equals foi precedido por um conjunto de iniciativas pensadas para diminuir a distância entre as mulheres e o mercado financeiro, seja como investidora ou profissionalmente também. Queremos que as mulheres sejam protagonistas das suas vidas e não fiquem, por exemplo, presas em relações pessoais por questões financeiras”, conta a idealizadora do fundo, Kelly Gusmão, Chief People Officer e cofundadora da Warren.
O reforço no mercado chegou com o lançamento em setembro do Trend Lideranças Femininas pela XP Investimentos. O fundo segue os ativos do SHE: SSGA Gender Diversity Index, fundo de índice que seleciona entre as 1.000 maiores empresas norte-americanas aquelas que possuem maior proporção de mulheres com cadeiras nos conselhos ou em cargos executivos.
“Queremos dar a possibilidade para quem deseja investir aliado à causa. Empresas mais diversas performam melhor e a diversidade é uma forma importante das companhias se posicionarem. As que não tiverem (diversidade), provavelmente sofrerão as consequências no futuro”, explica Marta Pinheiro, diretora ESG da XP.
O fundo tem aplicação mínima de R$ 100,00 e liquidez de D+5, o que significa que os recursos podem ser resgatados em cinco dias úteis após a solicitação. A taxa de administração é de 0,5%, mas 20% do montante arrecadado é destinado ao Instituto As Valquírias, que atua no desenvolvimento educacional (incluindo educação financeira) e qualificação profissional de mulheres jovens e adultas.
“Nós queremos criar outras referências e mostrar que a mulher pode estar onde quiser, precisamos diminuir essas barreiras e com o Trend conseguimos dar exemplo nesse sentido”, comenta Marta.
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