O atual cenário de juros baixos, em 2% ao ano, tem incentivado empresas a buscarem no mercado de capitais novas formas de financiamento para suas operações. Apenas para se ter uma ideia, até o início de novembro, 38 companhias estavam registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e 19 já haviam concluído a listagem em Bolsa na B3.
O movimento impacta empresas em diferentes setores, incluindo o agronegócio: apenas de outubro a dezembro, seis empresas aguardavam parecer do órgão regulador brasileiro para seguir com a abertura de capital. De acordo com a CVM, os primeiros pedidos do agronegócio para um IPO em 2020 foram solicitados em outubro.
Hoje, o agronegócio representa apenas 4% da Bolsa de Valores, apesar de ter sido um dos únicos setores a crescer 2,4% esse ano em comparação ao ano passado. Segundo Matheus Kraft, assessor de investimentos da Ikedo Investimentos, o setor é um dos pilares da economia brasileira e, com a baixa taxa de juros e alto preço do dólar na exportação, o mercado se tornou propício para companhias procurarem por IPOs e continuarem crescendo.
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Segundo as ofertas de ações em análise da CVM, outubro foi o principal mês para as empresas no setor. A primeira procura foi da Oleoplan, que atua no setor de processamento de soja e pediu a listagem no dia 21 de outubro. No dia seguinte, as empresas Boa Safra Sementes, responsável por sementes e o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), também se candidataram a um IPO.
Em novembro, a Vittia que opera no mercado de fertilizantes, também solicitou o processo de IPO. O último pedido de IPO, foi da Jalles Machado, empresa que trabalha no setor de sucroenergético nacional, registrado na última quarta (2). A Companhia Mineira de Açúcar e Álcool (CMAA), atuante no segmento de bioeletricidade e etanol, pediu em outubro registro na CVM, mas na categoria B, ou seja, a empresa pode emitir títulos de dívidas, mas não ações.
Kraft acredita que devido à falta de empresas do setor dentro da Bolsa de Valores, as seis empresas devem encontrar um bom apetite do mercado, pois as ofertas “irão afunilar em poucas oportunidades, em uma alta demanda de investidores”. No início de dezembro, a CNA, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil estimou que o PIB do agronegócio crescerá 3% em 2021.
Conheça mais sobre as candidatas ao IPO:
Oleoplan
A companhia com mais de 40 anos de história atua no processamento de soja e foi pioneira do setor no Rio Grande do Sul, em 2007. A empresa possui parques industriais em Veranópolis (RS) e Iraquara (BA), além de um terminal hidroviário em Canoas (RS) para o escoamento das exportações e mais 20 filiais de recebimento dos grãos.
Boa Safra Sementes
A empresa possui mais de 40 anos de história como produtora de milho, feijão e soja. A companhia possui 5 Unidades de Beneficiamento com capacidade de armazenar 111 toneladas por hora de sementes. Sendo possível comprar os produtos da Boa Safra Sementes nas regiões norte, sul, sudeste e centro-oeste.
Centro de Tecnologia Canavieira
O CTC foi fundado em 1969 com o objetivo de desenvolver inovações tecnológicas para o setor sucroenergético que corresponde a produção de energia a partir de plantas. Em 1994 lançaram um laboratório de biotecnologia agrícola e nos últimos cinco anos, o portfólio de variedades da empresa responde por um a cada três hectares do canavial brasileiro.
Vittia
O Grupo Vittia possui mais de 50 anos de atuação e é especializada em biotecnologia e insumos agrícolas. Atua no mercado com seis empresas localizadas em São Paulo e Minas Gerais. Além disso, possui no portfólio a Biosoja Agrociência, indústria focada no futuro do agronegócio; Samarita Agrociência, empresa do ramo de solução de problemas do setor; Granorte Fertilizantes, trabalha com a produção de fertilizantes e a Biovalens Biotecnologia, atua na produção e comercialização de inoculantes.
Jalles Machado
A companhia foi fundada com o objetivo de gerar mais empregos e renda para Goianésia (GO). Hoje, são duas unidades industriais e geram cerca de 3.700 empregos diretos, fazendo da cana a principal atividade econômica do município. Com mais de 40 anos de atuação, a Jalles Machado busca extrair o açúcar da cana e fabricar diversos produtos com o material.
Companhia Mineira de Açúcar e Álcool
A CMAA é uma empresa de capital aberto na categoria B e é atua na produção de materiais como etanol, açúcar VHP e bioeletricidade em Minas Gerais. A Companhia Mineira de Açúcar e Álcool tem 14 anos de produção.
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