A Visa anunciou que está conectando sua rede global de pagamentos de 60 milhões de comerciantes ao USDC, stablecoin indexada ao dólar norte-americano e desenvolvida pela Circle Internet Financial na blockchain do Ethereum. A moeda digital agora está avaliada em US$ 2,9 bilhões.
Embora a Visa não atue na custódia da cripto, a parceria prevê que a Circle trabalhe com a gigante dos serviços financeiros na seleção de emissores de cartões de crédito para integração com o software USDC em suas plataformas, permitindo o envio e recebimento de pagamentos com a criptomoeda. Com a parceria, empresas serão capazes de enviar pagamentos internacionais em USDC para qualquer instituição que trabalhe com a Visa. Os recursos podem ser convertidos para moedas nacionais e utilizados na rede de pagamentos da Visa.
A Circle é uma das companhias participantes do programa Fast Track da Visa e, após sua aprovação, o que deve acontecer provavelmente no próximo ano, a Visa permitirá que empresas clientes da Circle enviem e recebam pagamentos em USDC usando cartões de crédito da bandeira. “Este será o primeiro cartão corporativo que permitirá que as empresas consigam gastar um saldo de USDC”, disse o chefe de criptomoeda da Visa, Cuy Sheffield. “A medida aumentará significativamente a utilidade que o USDC pode ter para os clientes empresariais da Circle.”
“Continuamos a pensar na Visa como uma rede de redes”, diz Sheffield, há cinco anos na companhia e desde junho passado à frente da chefia de criptomoedas. “As redes blockchain e as stablecoins, como USDC, são desenvolvimentos adicionais. Entendemos que há um valor significativo que a Visa pode oferecer aos nossos clientes, permitindo que tenham a esses produtos e gastem os mesmos em nossos estabelecimentos.”
Antes da parceria, a Visa já havia integrado 25 provedores de carteiras de criptomoedas em seu programa Fast Track – incluindo nomes como as startups Fold e Cred – permitindo que possam testar a integração com o USDC. Daqui para frente, outros provedores de carteiras de criptomoedas, como a BlockFi, serão capazes de usar USDC no primeiro trimestre de 2021.
A Visa estima que US$ 120 trilhões em pagamentos anuais são feitos com cheques e transferências eletrônicas instantâneas, custando até US$ 50 cada, independentemente do tamanho da transação. Como o USDC utiliza a blockchain do Ethereum, as transações podem ser fechadas em menos de 20 segundos e, o que é mais importante, podem ser feitas quase de graça. A Visa acredita que a vasta gama de comerciantes em sua rede poderia escolher usar essa forma alternativa de pagamento quase instantânea. “Trabalhamos em estreita colaboração com carteiras de moeda digital para emitir credenciais Visa”, diz Sheffield, “e ajudá-los a receber pagamentos em USDC pode agregar valor a eles.”
A entrada da Visa no mundo do dólar digital é resultado de dois anos de trabalho na gigante dos cartões de crédito. No cerne da evolução da companhia está uma nova compreensão de si mesma como uma rede de redes, de acordo com Sheffield, algumas das quais a Visa já possui, como VisaNet, e outras não, como a rede de pagamento interbancário Swift, redes locais ACH e, agora, o USDC.
No lado do produto, o trabalho no universo cripto da Visa é amplamente focado em seu programa Fast Track, que ajuda empresas a obter credenciais para a emissão de cartões de crédito com a bandeira Visa. Em fevereiro de 2020, a Coinbase se tornou a primeira empresa de criptomoeda a receber o status de membro da Visa, permitindo que ela possa, por sua vez, emitir cartões para terceiros. Poucas dessas empresas, no entanto, utilizam criptoativos como o bitcoin, de acordo com o chefe global de tecnologia financeira da Visa, Terry Angelos. A maioria das criptomoedas consiste em “versões tokenizadas de moedas fiat” (tokens digitais indexados a uma moeda nacional, como o dólar), semelhante ao USDC, lastreado por uma moeda tradicional, emitida em uma blockchain e passível de pagamento por meio do cartão.
Do lado da pesquisa, o trabalho da Visa está direcionado ao investimento em startups e no depósito de patentes. No ano passado, a Visa fez seu primeiro investimento público na tecnologia blockchain, com US$ 40 milhões aportados na startup Anchorage – desenvolvedora de tecnologia para armazenar ativos digitais emitidos em uma blockchain. Embora a Anchorage seja uma jovem startup (fundada em 2017), a empresa é responsável por uma série de inovações, incluindo a tecnologia de preservação de privacidade chamada Zether, que o JPMorgan usou em seu próprio projeto de criptomoeda.
O USDC é executado na blockchain do Ethereum, o que significa que pequenas quantidades da criptomoeda Ether (ETH) são usadas como “gás” para pagar as transações. O nome USDC foi utilizado pela primeira vez em setembro de 2018. Ao contrário do bitcoin, o USDC é lastreado 1:1 em dólares norte-americanos e auditado pela empresa de contabilidade Grant Thornton a fim de garantir que o valor real do ativo em circulação seja equivalente à quantidade de dólares negociados pela stablecoin. Embora as exchanges de criptomoedas e marketplaces que aceitam diretamente o USDC como forma de pagamento (sem a Visa ou outro provedor de cartão) sejam responsáveis pelo compliance com as leis anti-lavagem de dinheiro, as reservas são administrada pelo Centre Consortium, instituição sem fins lucrativos fundado pela Visa, Coinbase e Circle, além de outros membros. Para ajudar a administrar tudo isso e oferecer adesão a outras empresas, o consórcio anunciou ontem seu primeiro CEO, David Puth, o ex-líder do CLS Bank International.
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.