A clássica marca britânica de botas Dr Martens está se preparando para abrir capital e espera poder negociar na Bolsa de Valores de Londres, após mais de 60 anos no mercado, no que seria um dos primeiros grandes IPOs de 2021.
A icônica marca de calçados conseguiu Goldman Sachs e Morgan Stanley como coordenadores globais conjuntos, e Barclays, HSBC, Merrill Lynch e RBC Europe como líderes no momento em que as ações forem a público.
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Uma possível venda nos EUA já foi discutida já em abril de 2020, mas acabou sendo atrasada pelo impacto da pandemia global de Covid.
Se a Dr Martens prosseguir com a proposta, a expectativa é que imediatamente após a admissão, a marca teria um free float de pelo menos 25% do capital social emitido e seria elegível para inclusão nos índices FTSE U.K. Ações que representem 15% ou mais da oferta também poderão ser disponibilizadas como opção de lote suplementar.
O presidente da Dr Martens, Paul Mason, descreveu a mudança como um “marco importante” para a empresa e disse: “Fizemos um investimento significativo nos últimos anos para fortalecer a equipe, nossas operações e nos posicionar para a próxima fase de desenvolvimento como uma empresa de capital aberto”.
A empresa vende mais de 11 milhões de pares de calçados todos os anos em mais de 60 países. Em 2013, foi comprada pelo grupo de participações privadas Permira em uma transação avaliada em US$ 410 milhões. A empresa de investimento planeja vender sua participação como parte do IPO.
O IPO proposto é a grande justificativa de uma estratégia que fez a Dr Martens se reconectar com as inúmeras vertentes de sua herança e apoiar uma marca que escolheu abrir sua sede em Camden, norte de Londres, em vez do West End da capital inglesa. A empresa aproveitou o local para apresentar bandas pouco conhecidas e promover suas raízes musicais.
Kenny Wilson, o chefe-executivo da marca, acrescentou que “nossa marca icônica atrai consumidores de todo o mundo que usam nossos calçados para expressar seu estilo individual. Investimos massivamente para garantir o fornecimento das melhores experiências digitais e físicas para nos conectarmos com nossos clientes e impulsionarmos nosso crescimento sustentável de longo prazo”.
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No ano registrado até 31 de março de 2020, a Dr Martens faturou US$ 920 milhões em vendas e lucrou US$ 138 milhões antes de taxas e impostos. O grupo tem 130 lojas em todo o mundo, mas a maior parte da receita vem da venda de calçados por meio de outros varejistas. Em 2020, a loja online, que espera ser “o principal motor de crescimento nos próximos anos”, foi responsável por um quinto das vendas.
A empresa recebeu apoio do governo britânico no início da pandemia, mas quando a Dr Martens conseguiu voltar a andar com as próprias pernas, ficou claro que sua presença ainda era forte.
Passo a passo da expansão global
Antes da pandemia, a Dr Martens estava ocupada investindo cuidadosamente em sua expansão internacional. A empresa incorporou Miami e Houston à rede de lojas nos Estados Unidos em setembro de 2019 e estava concentrando sua presença física na França e na Alemanha.
A empresa tinha planos de instalar de 10 a 15 lojas na Europa Continental como estratégia de curto prazo. A longo prazo, queria expandir seu portfólio na Alemanha para 25 nos próximos anos.
A gerente de expansão da Dr Martens para Europa, Oriente Médio e África, Anne Sophie Barrellon, disse que a marca queria estabelecer presença em todas as grandes cidades da França e da Alemanha e estava avançando com “planos de expansão ambiciosos, especialmente fora do Reino Unido. Estamos levando o tempo que precisamos para explicar a marca e o que está por trás dela”.
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Durante a pandemia –com a maioria de suas lojas fechadas por meses por causa dos lockdowns— a operação digital da marca impulsionou as vendas, e a Dr Martens disse que vendeu 700 mil botas a mais nos seis meses até o final de setembro em comparação com o mesmo período do ano anterior. Isso representa um aumento de 14%. Durante esse período, as receitas online aumentaram 74%.
A marca chegou às ruas britânicas na década de 1960 graças à família Griggs, que comprou a licença para os coturnos criados por um médico do exército alemão chamado Klaus Märtens. Adotado por várias tribos de fãs de música, incluindo skinheads e punks, tornou-se um marco na cultura do futebol inglês na década de 1980. O calçado foi um símbolo da cultura jovem rebelde.
A família Griggs deixou a empresa em 2013, ao vender sua participação de 91,5% para a Permira.
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