Analistas do Bradesco BBI cortaram a recomendação das ações da Petrobras para neutra, bem como o preço-alvo para R$ 34 por papel, citando riscos relacionados à situação dos caminhoneiros no Brasil. No caso dos ADRs, o preço-alvo passou para US$ 13.
“Embora a Petrobras controle o timing de seus ajustes de preço do diesel, a situação com os motoristas de caminhão nos faz acreditar que esse timing poderia não estar de acordo com as expectativas dos acionistas“, afirmaram Vicente Falanga e Gustavo Sadka em relatório a clientes ontem (7). Caminhoneiros têm pressionado o governo com queixas sobre os preços do diesel e outras demandas, inclusive com uma ameaça de greve neste mês, que acabou tendo pouca adesão.
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Eles estimam que os preços do diesel vendido pela Petrobras devem ficar na faixa de R$ 2,12 a R$ 2,30 por litro nos próximos meses, muito perto dos níveis anteriores à greve dos caminhoneiros em 2018. Na última semana de janeiro, a companhia elevou o preço a R$ 2,12 por litro.
Com o Brent em US$ 59 dólares o barril e o spread do diesel em US$ 10 por barril, os analistas calculam que a paridade exigiria um preço ao redor de R$ 2,47. Ao considerar o preço atual, eles estimam que a Petrobras deixaria “na mesa” anualmente US$ 1,7 bilhão em fluxo de caixa do acionista.
Nesse sentido, a Petrobras informou mais cedo hoje (8) que o Mubadala Capital foi o vencedor no processo competitivo para a venda de sua Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, com uma oferta de US$ 1,65 bilhão. Além do ‘downgrade’, Falanga e Sadka também reduziram a estimativa para lucro da companhia em 2021 em 8% e os dividendos em 2022 em cerca de US$ 400 milhões (ao redor de 6%).
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro adicionou ruído no mercado ao prometer para a última sexta-feira (5) um anúncio sobre combustíveis, que, no final, se tratou de proposta sendo preparada pelo governo para mudar a cobrança do ICMS, imposto estadual, sobre os combustíveis.
Bolsonaro também reafirmou na sexta-feira que não interfere e que não pretende interferir na política de preços da Petrobras, declaração que foi endossada pelo presidente-executivo da petrolífera de controle estatal, o que repercutiu positivamente na ações.
Os papéis, porém, perderam fôlego após a notícia de que a empresa ampliou de três meses para um ano o prazo em que calcula a paridade internacional de preços dos combustíveis, informação que foi confirmada pela companhia após o fechamento do mercado.
Na sexta-feira, Petrobras PN chegou a recuar 1,7% no pior momento, depois de avançar 4,4% na máxima do dia. Fecharam em alta de 0,69%. “Também tememos que esta situação desconfortável possa atrasar o processo de venda das refinarias e, portanto, dividendos futuros que são fundamentais para os investidores”, acrescentaram os analistas do Bradesco BBI. (com Reuters)
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