Aspirante a pianista, Betina Roxo, estrategista-chefe da Rico Investimentos, explica seu cargo na empresa do grupo XP Inc. com uma analogia musical: “Sou uma maestrina”. Na função desde agosto de 2020, ela conta que seu papel é equilibrar os talentos do time que comanda. “Em uma orquestra, há muitos músicos incríveis, alguns que tocam mais de um instrumento, mas, ainda assim, tem uma maestrina para ajudar na harmonia do som.”
Dentro de uma corretora digital de investimentos, Betina, que é Forbes Under 30, encontrou espaço para descomplicar o mercado financeiro e fazer o conteúdo chegar de forma harmônica para qualquer pessoa, do iniciante ao mais experiente. “Não deixamos de entregar um material técnico, mas comparamos carteiras a pratos de comida coloridos e inflação a referências de Harry Potter”, explica ela com humor. “Só assim conseguimos dar a melhor assistência para cada perfil de investidor e democratizar o mundo financeiro.” Foi exatamente por esse desejo de desmistificar o assunto que a economista teve seu caminho traçado até o momento atual.
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Formada em economia pelo Insper, Betina não sabia da sua paixão pela área até as primeiras aulas do curso. Cercada por engenheiros em sua família, apenas tinha noção de que os números fariam parte de sua vida de alguma forma. “Sempre achei que seria engenheira civil. No Ensino Médio, percebi que me interessava mais pela parte estratégica e administrativa, então decidi mudar e cursar administração”. Ela apenas não contava com uma nova mudança de planos logo no início da graduação. “No Insper, os três primeiros semestres são iguais para administração e economia. Foi ali que eu percebi que gostava mais das matérias de economia e pedi transferência.”
Após dúvidas e incertezas da adolescência, a então estudante se envolveu com o mercado financeiro e soube que sua trajetória seria nesse mundo. “Já comecei, ainda como estagiária, focada na área de análise de ações. Primeiro, no banco HSBC e, logo depois, no Bank of America.” Foi ali que se destacou e desenvolveu habilidades críticas por quase três anos. “A área de research estimula a comunicação, a escrita, a análise e o olhar crítico. Um aprendizado quase completo”, destaca. No entanto, foi em sua curta passagem pela Stone Pagamentos que começou a lidar com planejamento comercial, onde aprendeu sobre o funcionamento das empresas e se tornou ainda mais experiente.
Mais do que um currículo, sua capacidade era enxergada pelos profissionais da área, principalmente por aqueles que trabalharam com ela em algum momento. “Em 2018, meu antigo chefe do Bank of America me chamou para montar o time de análise de ações da XP, onde fiquei por três anos”. Diferente dos cargos anteriores, em que Betina era focada em apenas alguns setores, como o alimentício e a siderurgia, na XP ela teve a oportunidade de observar o mercado financeiro como um todo, o que desenvolveu sua comunicação com o varejo e começou a gerar insights em sua mente.
“A XP foi a cereja do meu bolo. Foi ali que consegui unir todo meu conhecimento técnico com a veia comunicativa que adquiri na empresa”, ressalta Betina. “Abri meu Instagram para o público e comecei a fazer conteúdo pensando nas pessoas físicas. De forma natural, me direcionei para a Rico Investimentos, que produzia um conteúdo mais leve. Então, quando fui chamada para ser estrategista-chefe, meu primeiro pensamento foi: ‘Eu sou a cara da Rico’”, relembra a economista.
O mercado financeiro da nova geração
“Tem duas coisas que brilham meus olhos nesse trabalho: desmistificar o mercado financeiro e poder ajudar na representatividade das mulheres”, diz Betina. Retirando o estigma de que economia é algo para poucos, o objetivo da equipe, que conta com três analistas –Lucas Collazo, Paula Zogbi e Júlia Aquino– é entregar um conteúdo informativo ideal para a nova geração. “Como estrategista, eu não olho o micro das empresas. Faço a conexão do cenário financeiro para indicar aos investidores como eles devem investir de um jeito mais completo, com uma carteira de ativos diversa.”
Já no quesito representatividade, Betina conta que já sentiu os impactos do seu papel como estrategista-chefe. “Estamos falando de um ambiente majoritariamente masculino. Desde que eu assumi o cargo, nossa audiência feminina no Youtube saltou de 30% para 45%.” Presente no coletivo de igualdade de gênero da XP, que promete 50% das vagas da empresa em mãos femininas até 2025, a economista destaca a importância de criar referências para atrair mais mulheres para o setor.
“Tudo na vida é referência. É assim que criamos um ciclo vicioso onde mulheres inspiram umas às outras”, conta. Para a própria Betina, isso foi indispensável para o crescimento profissional. “Isso é bem clichê, mas minha mãe é uma grande inspiração para mim. Desde criança, eu sempre a vi como uma mulher empoderada, que sempre me incentivou a ser independente e ter minhas opiniões”, revela orgulhosa.
Embora tenha crescido em um ambiente que fomentou sua autoconfiança, Betina conta que em muitos momentos se sentiu insegura de seguir em frente. “Quando comecei como estagiária, tinha na cabeça que o mercado financeiro era algo muito difícil. Completamente inconciliável com a vida familiar que eu queria ter no futuro. Foi aí que eu conheci a Sara Delfim, no Bank of America.” Com uma carreira de mais de 20 anos e mãe de gêmeos, foi a primeira mulher que a fez entender que dava para ser profissional e ter a vida que desejava. “Hoje, ela é uma grande amiga minha e foi essencial para abrir os meus olhos.”
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Além da representatividade, a estrategista ressalta o comprometimento dos homens na luta pela igualdade. “Muitas vezes, em reuniões em que eu era a especialista, o cliente fazia a pergunta para o meu chefe. Nesses momentos, ele se prontificava a dizer que era eu, Betina, que entendia do assunto.” Para ela, é esse o perfil de liderança da nova geração.
Cada vez mais representativo e acessível, Betina diz que já enxerga um interesse maior das pessoas, inclusive jovens, pelo mercado financeiro. “Em 2020, principalmente por estarem mais tempo em casa, houve uma busca muito maior por conteúdos financeiros. Sentimos um público mais curioso sobre o cenário econômico, o que, consequentemente, aumentou nossa audiência”, avalia. Nas redes sociais, a economista se define como sonhadora. Seja como estrategista ou maestrina, já alcançou um de seus maiores objetivos profissionais: impactar pessoas.
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