O presidente-executivo da Tesla, Elon Musk, é um grande defensor de tecnologias de baixa emissão de carbono. No entanto, o apoio da montadora de carros elétricos ao bitcoin nesta semana pode turbinar o uso global de uma moeda que se estima causar mais poluição anualmente do que um pequeno país.
A Tesla afirmou na segunda-feira (8) que comprou US$ 1,5 bilhão em bitcoin e logo aceitaria a moeda digital como pagamento por carros, impulsionando o preço da criptomoeda. Mas o bitcoin é virtual, não é como se fosse feito de papel ou plástico, ou mesmo de metal.
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A moeda digital é criada quando computadores de alta potência competem com outras máquinas para resolver problemas matemáticos complexos, um processo que consome muita energia e que atualmente depende de combustíveis fósseis, principalmente carvão, o mais sujo de todos.
Pelas taxas atuais, a mineração do bitcoin devora anualmente aproximadamente a mesma quantidade de energia que a Holanda consumiu em 2019, mostram os últimos dados disponíveis da Universidade de Cambridge e da Agência Internacional de Energia.
Estima-se que a produção de bitcoins gere entre 22 e 22,9 toneladas métricas de emissões de dióxido de carbono por ano, ou algo próximo dos níveis produzidos pela Jordânia e Sri Lanka, de acordo com um estudo de 2019 publicado na revista científica “Joule”.
A inclusão histórica da criptomoeda no portfólio de investimentos da Tesla pode complicar as metas de emissão zero da empresa, de acordo com alguns investidores, em um momento em que as considerações ESG – ambientais, sociais e de governança se tornaram um fator importante para investidores globais.
“Obviamente, estamos muito preocupados com o nível de emissões de dióxido de carbono gerado pela mineração de bitcoin”, disse Ben Dear, presidente-executivo da Osmosis Investment Management, um investidor sustentável que gere cerca de US$ 2,2 bilhões em ativos e que possui ações da Tesla em vários portfólios.
Tesla não respondeu a um pedido de comentário.
Ainda assim, a aposta da Tesla no bitcoin vem em meio a crescentes tentativas da indústria de criptomoedas de mitigar os danos ambientais da mineração. Esse movimento poderia ser promovido pelo empresário bilionário Musk, que esta semana separadamente ofereceu US$ 100 milhões para invenções que poderiam extrair dióxido de carbono da atmosfera ou dos oceanos.
No entanto, a curto prazo, o anúncio da Tesla poderia servir indiretamente para exacerbar os custos ambientais da mineração. “Não é um investimento sustentável e é difícil torná-lo sustentável com o tipo de sistema no qual foi construído”, disse Sanna Setterwall, da consultoria de sustentabilidade corporativa South Pole. (Com Reuters)
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