A renda dos trabalhadores informais classificados como “invisíveis” pode cair até 37% na ausência de um novo auxílio emergencial, mostrou estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) hoje (23), e mesmo com a concessão do benefício a renda ainda poderia ficar praticamente inalterada para esse grupo.
A análise – de autoria de Lauro Gonzalez e Leonardo Oliveira – simulou condições diversas para o auxílio com diferenças em valores, público-alvo, gênero, nível de gravidade da pandemia e região do Brasil. A comparação foi feita com patamares de renda usual pré-pandemia.
Segundo a FGV, trabalhadores invisíveis são aqueles contemplados com o auxílio emergencial e que usualmente não recebem o Bolsa Família ou o benefício de prestação continuada. Já os trabalhadores informais correspondem aos que afirmaram trabalhar sem carteira assinada, a trabalhadores autônomos e a familiares auxiliares.
Com um auxílio no valor de R$ 200 no cenário pessimista – de maior perda de renda decorrente da pandemia -, os invisíveis teriam alta na renda de 5% (homens) a 11% (mulheres). No caso dos invisíveis informais, as variações seriam de -2% e +2%, respectivamente.
Sem o benefício, as quedas ficariam entre 28% (mulheres dentro da categoria invisíveis) e 37% (mulheres no grupo invisíveis informais). Para os homens, as perdas seriam de 23% e 30%, respectivamente.
Na outra ponta das simulações do estudo – cenário otimista da pandemia e com valor do auxílio de R$ 250 -, o aumento de renda seria de 18%-23% (homens e mulheres invisíveis, respectivamente) a 17%-25% (homens e mulheres invisíveis informais, respectivamente).
“Todos os estados e o DF apresentariam ganhos, especialmente aqueles das regiões Norte e Nordeste do país”, disseram Lauro Gonzalez e Leonardo Oliveira em referência a ganho de renda para invisíveis informais no melhor dos cenários simulados.
“Cumpre salientar que a existência de um grande contingente de trabalhadores na informalidade decorre de mudanças no mundo do trabalho que precedem a pandemia. Daí a necessidade de aprimorar as políticas de transferência de renda em caráter permanente”, completaram.
Nos meses em que vigorou no ano passado, os valores mensais pagos no auxílio foram de R$ 600 ou R$ 1.200, caindo posteriormente à faixa entre R$ 300 e R$ 600.
Pressionado pelo Congresso, o governo voltou a debater o tema, com anuência até do ministro da Economia, Paulo Guedes – embora com contrapartidas.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou nesta terça que a Casa cumprirá seu papel ao aprovar o chamado protocolo fiscal e que, nesse contexto, irá negociar com o Ministério da Economia o pagamento do auxílio emergencial o mais rápido possível. (Com Reuters)
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