Após equacionar importantes compromissos para reparar tragédias, a Vale avalia um cenário favorável para suas principais commodities no mercado e buscará acelerar projetos de cobre e elevar o pagamento de dividendos, afirmaram executivos da mineradora hoje (26).
O presidente da mineradora, Eduardo Bartolomeo, afirmou que a companhia tem uma “visão muito bullish” (“altista”) para o metal vermelho, cujos projetos podem ser acelerados na região de Carajás, no Pará.
“Estamos olhando esse cenário que vem aí com bastante bons olhos, os preços de cobre estão quase chegando na máxima de 2011”, disse Bartolomeo, ao participar de teleconferência com analistas de mercado sobre os resultados no quarto trimestre.
O executivo destacou ainda que o níquel também está com preços “razoavelmente” altos e o minério de ferro com um cenário “muito saudável”. Segundo ele, a empresa focará no que ela sabe fazer.
O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores, Luciano Siani, destacou que os preços do níquel se firmaram no fim do trimestre passado e neste início de ano, e a empresa chegou a realizar hedge para proteger compromissos de altos investimentos. Mas garantiu que a empresa confia “na força do mercado de níquel.”
Do lado do minério de ferro, sua principal commodity, a Vale considera viver um “momento único” em relação aos prêmios praticados, segundo o diretor-executivo de Ferrosos, Marcello Spinelli.
O motivo, segundo ele – além de um fator sazonal, de oferta mais apertada tanto da Vale quanto de suas concorrentes australianas -, deve-se ao cenário favorecido por um alto preço do coque na China, e um alto nível de utilização de altos-fornos na China, de cerca de 93%.
Spinelli citou ainda outros fatores, como um retorno mais rápido do feriado chinês, dado que não houve tantas viagens devido à pandemia.
Ainda nesta sexta, a companhia manteve meta de produção de minério de ferro para 2021, após divulgação de resultados do ano passado, que tiveram impacto considerável dos pagamentos de reparações pela tragédia de Brumadinho (MG).
Futuro e dividendos
A Vale começa a olhar para frente, após equacionar importantes compromissos para reparações relacionadas a rompimentos de barragens nos últimos anos.
Neste ano, a empresa fechou um acordo global de cerca de R$ 38 bilhões, para reparações relacionadas ao desastre de Brumadinho, em 2019, encerrando ações coletivas na Justiça, trazendo celeridade ao processo e também previsibilidade para seu caixa.
Além disso, a companhia prevê que neste ano vai se dar o pico dos desembolsos da Fundação Renova, criada por ela e por sua sócia BHP, para reparações e indenizações referentes ao rompimento de barragem Samarco, em Mariana (MG), em 2015.
Segundo Siani, após os compromissos assumidos para reparar os desastres e ainda para elevar a segurança de suas barragens, a empresa tem expectativas de aumentar o pagamento de dividendos.
“Mesmo em um momento em que a companhia colocou sobre seus ombros um conjunto imenso de compromissos, a companhia ainda sinaliza um dividendo, em um período de 12 meses, de US$ 7,3 bilhões”, afirmou o diretor financeiro.
“Obviamente, com esses compromissos já assumidos no balanço, a expectativa é que a gente consiga daqui para frente aumentar esses valores.”
Meta de produção
A companhia também afirmou nesta sexta que a meta produção de minério de ferro em 2021 está estimada em intervalo de 315 milhões a 335 milhões de toneladas.
A capacidade de produção de minério da companhia hoje é de 322 milhões de toneladas e deve subir para 350 milhões de toneladas ao final de 2021 e 400 milhões de toneladas ao fim de 2022, reafirmou a empresa em apresentação, após divulgar os resultados na noite de quinta.
A Vale produziu 300,4 milhões de toneladas de minério de ferro em 2020, com recuo de 0,5% ante o ano anterior, em meio a efeitos da pandemia, restrições para a disposição de rejeitos e atrasos na abertura de novas frentes de lavra em Serra Norte, que anularam efeitos do retorno das atividades em algumas minas e o desenvolvimento da mina S11D, no Pará.
Na apresentação, a Vale destacou que em janeiro houve a retomada da pelotizadora Vargem Grande, adicionando 7 milhões de toneladas de capacidade de pelotas.
Ainda em Vargem Grande, a empresa disse que obteve em janeiro aprovação para iniciar os testes de uma correia transportadora.
No mês passado, a empresa disse ainda que obteve a aprovação para iniciar os testes na planta de beneficiamento da unidade de Fábrica.
Para fevereiro, a empresa espera a aprovação do conselho para o de desenvolvimento da frente de lavra N3 em Serra Norte, com “start-up” em 2022.
A empresa espera ainda para fevereiro a retirada do nível de emergência da barragem Itabira.
Para março, a empresa afirmou que projeta adaptação da planta para disposição de rejeitos na cava de Timbopeba, adicionando capacidade de 7 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano.
Separadamente, a Vale informou que comunicou aos “bondholders” o resgate de todos os títulos com cupom de 3,750% e com vencimento em 10 de janeiro de 2023. “Este resgate é consistente com a estratégia da Vale de disciplina na alocação de capital.” (Com Reuters)
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