Ansiosa por um recomeço com os Estados Unidos sob um novo presidente, a União Europeia está repleta de dúvidas a respeito de outro relacionamento transatlântico.
Um acordo comercial firmado em 2019 com o Mercosul, bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, após duas décadas de conversas prometia ser o maior pacto da UE, contando com a remoção de € 4 bilhões de tarifas de importação de seus produtos.
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Mas dois anos depois, não está claro quando – ou mesmo se – ele entrará em vigor por causa das preocupações europeias com o desmatamento da Amazônia e o ceticismo com o comprometimento brasileiro ao combate à mudança climática sob o comando do presidente Jair Bolsonaro.
As dúvidas foram amplificadas por uma nova estratégia comercial da UE, revelada em fevereiro, que diz que aspirantes a parceiros do bloco comercial mais rico do mundo devem cumprir padrões para o meio ambiente e os direitos trabalhistas.
Embora poucos tenham notado quando a UE começou a conversar com o Mercosul em 1999, a atenção dada a acordos comerciais se intensificou desde então, particularmente depois que o bloco lançou as negociações da Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) com os Estados Unidos em 2013, o que desencadeou protestos em massa.
A UE quer mais cooperação com os EUA no comércio agora que o presidente Joe Biden substituiu Donald Trump, mas as tratativas do TTIP, suspensas em 2016, não serão retomadas.
A saga do Mercosul está sendo acompanhada com atenção por outros parceiros em potencial, cientes de que um acordo de investimento com a China em dezembro também será analisado com cuidado.
“O comércio já é difícil por si só. Estas questões extras só tornam mais difícil para a UE fazer acordos com mais alguém”, disse David Henig, diretor pró-livre comércio do centro de estudos Ecipe.
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Com exceção de Austrália e Nova Zelândia, não sobraram “acordos fáceis” no horizonte para a UE, disse Henig, prevendo negociações potencialmente duras com países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), como Indonésia e Filipinas.
A ministra da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina, e o vice-presidente, Hamilton Mourão, dizem que as preocupações ambientais são uma máscara para o protecionismo europeu, mas os dois lados reconhecem que o acordo não será sancionado em sua forma atual.
Quinto maior emissor mundial de gases de efeito estufa, o Brasil tem planos de longo prazo agressivos para cortar emissões e conter o desmatamento, mas o fato de Bolsonaro ter enfraquecido a proteção ambiental abalou a crença de que eles podem ser concretizados. (Com Reuters)
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