O Ibovespa opera em leve queda nos primeiros negócios desta terça-feira (30), perdendo 0,07% aos 115.339 pontos, refletindo o cenário de cautela dos investidores frente à reforma ministerial em Brasília, preocupações com o Orçamento de 2021 e novos avanços nos rendimentos dos Treasuries norte-americanos.
O presidente Jair Bolsonaro anunciou na noite de ontem a troca dos titulares de seis ministérios e entregou a articulação política a Flávia Arruda (PL-DF), deputada federal ligada ao centrão. Entre os nomes que foram substituídos estão o embaixador Eduardo Araújo, o general da reserva Braga Netto e o general da reserva Fernando Azevedo e Silva, que deixaram as pastas Relações Exteriores, Casa Civil e Defesa, respectivamente.
A decisão de Bolsonaro foi vista por parte dos mercados como possível facilitadora da interlocução entre Executivo e Legislativo.
Além da nova composição da governabilidade em Brasília, os investidores seguem atentos ainda ao Orçamento de 2021. Em análise matinal, a equipe de Research da XP Investimentos afirma que “diante da possibilidade de abertura de espaço para crime de responsabilidade fiscal pelo TCU – Tribunal de Contas da União, o Poder Executivo analisa alternativas: votar um novo projeto, o ajuste pelo relator ou o veto do Presidente da República.” O texto aprovado pelo Congresso modifica o montante destinado às despesas obrigatórias e pode levar à paralisação do governo federal caso não seja revisto.
Aprovada pelo Congresso na semana passada com um atraso de três meses, a lei orçamentária para este ano foi chamada por técnicos do governo e economistas de “contabilidade criativa”, com direito a reestimativa irreal de despesas, uma pedalada fiscal e parâmetros econômicos defasados, que demandariam grandes cortes para evitar o descumprimento das regras fiscais.
O dólar trabalhava com leve alta frente ao real nesta terça-feira, ganhando 0,17% e negociado a R$ 5,77 na venda, com investidores monitorando o clima político em Brasília depois da troca de seis ministros, enquanto a disseminação da Covid-19 no país continuava a preocupar os mercados.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o total de mortos pela doença no Brasil foi a 313.866 na segunda-feira, com o total de infecções saltando a 12.573.615. O país vive o pior momento da pandemia, o que levou à adoção de medidas mais restritivas de combate ao coronavírus em vários Estados e municípios nas últimas semanas.
No cenário político, o alívio para o real vem das mudanças ministeriais, encaradas como uma “sinalização positiva” aos mercados, disse à Reuters João Vitor Freitas, analista da Toro Investimentos.
Com a expectativa de uma melhor comunicação entre o governo de Jair Bolsonaro e o Congresso, há esperanças de que o rearranjo ministerial possa significar a “correção” do Orçamento para 2021, disse Freitas, o que poderia aliviar os temores dos investidores em relação às contas públicas.
Já no exterior, os rendimentos dos Treasuries de dez anos subiram para máximas em 14 meses nesta manhã, a 1,746%, um dia antes de o presidente norte-americano, Joe Biden, anunciar os detalhes do plano de infraestrutura estimado entre US$ 3 trilhões e US$ 4 trilhões.
“(Os rendimentos) dos Treasuries continuam a pressionar conforme a economia norte-americana retorna à atividade e a vacinação no país avança”, disse Freitas, que também citou a adoção de grandes estímulos fiscais nos Estados Unidos como fator de impulso para as taxas.
O Nasdaq futuro tinha queda de 0,65% aos 12.859 pontos às 10h13, horário de Brasília. No mesmo horário, os contratos futuros do S&P 500 perdiam 0,31% aos 3.946 pontos. (Com Reuters)
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