“O mercado de seguros anda pari passu com a economia. Se o país está indo bem economicamente, está transportando e construindo, tem seguro envolvido”. A frase do CEO da Alper Consultoria de Seguros, Marcos Couto, destoa dos resultados da companhia em 2020 vis-à-vis o desempenho da economia brasileira no último ano: enquanto a consultoria viu seu resultado líquido crescer 51,6% para R$ 5,1 milhões, o PIB brasileiro registrou queda de 4,1% no mesmo período.
O contraste nos números, obviamente, não elimina a relevância e impactos do crescimento na atividade brasileira para os diferentes setores da economia, em especial o de seguros, mas revela uma estratégia de aquisições e investimentos em tecnologia que deram à Alper capacidade de crescer em um período desafiador para o setor. No último ano, três aquisições foram realizadas: Vertex por R$ 22,1 milhões, Transbroker por R$ 58,05 milhões e Next Marka, por R$ 22,8 milhões. Nas primeiras semanas de 2021, a companhia anunciou ainda a compra da Ferfi Consultoria, por R$ 35,2 milhões. Considerando os últimos três anos, a estratégia de consolidação inclui ainda nomes como KB Consultoria, Supera e EcoVerde.
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Os negócios foram financiados através da captação de R$ 80 milhões no mercado em 2019. Entre os investidores da companhia estão fundos como o Brasil Capital, o Leblon Equities e o Pátria Investimentos. A rodada de captação atual, de R$ 110 milhões via emissão de ações e com conclusão prevista para a próxima semana, deve impulsionar novos deals ao longo deste ano. De acordo com Couto, as futuras aquisições devem ser direcionadas a expansão da presença geográfica da empresa ou entrada em verticais de negócios em um setor extremamente pulverizado, como é o de seguros no Brasil. “Nós temos um pipeline bastante ativo e acreditamos que nos próximos meses vamos ter sucesso concluindo aquisições que estão dentro da nossa estratégia macro de atuação”, explica.
Segundo dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados), o Brasil possui mais de 46 mil corretoras de seguros e 58 mil profissionais trabalhando no setor como pessoa física atuando, principalmente, em produtos como planos de previdência complementar e de capitalização. “Existe um número muito grande de oportunidades de consolidação nesse mercado, e a gente tem um modelo de consolidar que tem funcionado”, explica o executivo ao citar o processo de integração interno da companhia, que prevê total incorporação das empresas adquiridas no prazo de até seis meses.
Tech em pauta
A consolidação é hoje um dos pilares de negócios da Alper, mas não o único. Para crescer, a empresa mirou também no desenvolvimento de tecnologias proprietárias e aceleração de startups. Um dos seus principais produtos, o Dr. Alper, plataforma de healthtech da empresa, já realizou mais de 26 mil consultas em ambiente digital. O uso da ferramenta, voltada principalmente à atenção primária em saúde, foi impulsionado pela pandemia no último ano, disponibilizando a oferta de serviços em telemedicina, telepsicologia e telenutrição. De acordo com a Alper, os reajustes anuais dos contratos de saúde de baixo risco das empresas que utilizam a plataforma tiveram queda média de 38,8%, com impacto de R$ 21,3 milhões.
A vertical de benefícios e previdência, responsável por 59% da receita da companhia, cresceu 11,2% em 2020 em termos anuais. Apenas o segmento de saúde suplementar – que faz parte da vertical – é responsável por mais de 90% da carteira da Alper, segundo o vice-presidente de Benefícios da empresa, André de Barros Martins. A área, de acordo com o executivo, deve seguir concentrando investimentos ao longo dos próximos meses, com a oferta de soluções digitais para departamentos de recursos humanos e, principalmente, para pessoas físicas. Segundo informações divulgadas em Fato Relevante, dos R$ 110 milhões em captação, a companhia deve destinar R$ 10 milhões a investimentos em tecnologias.
Seguro nacional
O contexto desafiador da economia doméstica, agravado pela pandemia de Covid-19, não deve ser fator limitante para o crescimento dos seguros no Brasil. Isso porque, segundo o CEO da Alper, o mercado nacional ainda tem baixa penetração de seguros na comparação com economias desenvolvidas. O executivo projeta que o setor deve dobrar de tamanho nos próximos dez anos, com suporte, entre outros fatores, da maior educação financeira dos brasileiros e da demanda por produtos ainda incipientes no Brasil, como seguros voltados para ciberameaças.
Segundo relatório da Susep, o setor de seguros respondeu em 2019 por 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, com potencial de atingir participação entre 6% e 10%, fatia observada em mercados de seguros mais maduros.
O potencial de expansão do setor está alinhado aos planos da Alper. “Eu e todos aqui fazemos parte de um projeto de longo prazo, com uma proposta de valor viva e em construção”, explica o CEO. Mais do que acompanhar o crescimento da atividade, o setor pode ajudar a liderá-la no país nos próximos anos. Uma inversão “win-win” para o Brasil onde todos ganham, em especial os brasileiros.
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