Apesar das incertezas econômicas e políticas geradas pela pandemia nos últimos 400 dias, muitas empresas e setores conseguiram passar pelo último período com crescimento e geração de resultados aos seus acionistas. Um deles é o setor de saúde, em evidência durante a crise sanitária. Segundo o levantamento da Economatica – que considera a valorização das ações ajustado por proventos – elaborado a pedido da Forbes Brasil, entre 23 de março de 2020 e 19 de abril de 2021 as ações da Notre Dame (GNDI3) obtiveram retorno de 107,42% aos investidores da companhia, saindo de R$ 39,64 para R$ 81,94 no período.
Na segunda posição entre os papéis que se destacaram no intervalo está a Biomm (BIOM3), com variação de 98,98% no período, de R$ 8,84 para R$ 17,59. Em terceira colocada, a ação da Hapvida (HAPV3) avançou 98,24%, de R$ 7,60 e abril de R$ 15,08.
Na análise de Leo Monteiro, analista de Research da Ativa Investimentos, entre os fatores que colaboraram para a expressiva valorização das ações está a subpenetração do mercado de saúde e o potencial de forte crescimento do setor. “A pandemia deixou o ambiente ainda mais aquecido. Se pensarmos na indicação da OMS (Organização Mundial da Saúde), de que os países precisam ter três leitos para cada mil habitantes e no Brasil estamos perto de dois, o setor privado tem um cenário ainda mais atraente para se inserir e ajudar a alcançar essa demanda”, explica Monteiro.
“O anúncio da fusão entre a Hapvida e a Notre Dame foi um dos fatores que deram mais destaque nas ações, principalmente porque a primeira tem uma operação mais forte no norte e nordeste, já a segunda atua melhor do sudeste, gerando assim, uma complementariedade geográfica maior”, avalia o analista da Ativa. Outro fator lembrado por Monteiro foi o follow-on da Hapvida, que levantou cerca de R$ 2,7 bilhões e fortaleceu ainda mais o papel da empresa no mercado.
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As ações acompanharam o desempenho das companhias no último ano, favorecidas por questões como a baixa sinistralidade em função das quarentenas e menor demanda por consultas e exames eletivos. “Os sinistros estão custando muito menos para essas companhias”, avalia o especialista. A Notre Dame teve lucro líquido de R$ 735,7 milhões em 2020, alta de 73,7% sobre 2019 (R$ 423,6 milhões), já a Hapvida ficou com um lucro líquido anual de R$ 785,3 milhões, 7,8% a menos que o ano anterior. O resultado foi afetado pelos investimentos em oito fusões e aquisições realizadas no segundo semestre do último ano.
Já a Biomm, uma das pioneiras no setor de biomedicamentos, registrou um prejuízo consolidado de R$ 70,76 milhões em 2020, alta de 27% sobre 2019 (R$ 55,81 milhões). Mesmo assim, o ano passado foi um marco importante na história da empresa. A companhia estreou no mercado de insulinas brasileiro e registrou o primeiro período completo de vendas do Herzuma, medicamento oncológico usado no tratamento de câncer de mama.
“Ainda que pese todos os desafios e incertezas impostos pela pandemia, bem como a desvalorização cambial do real frente ao dólar, que aumentaram os custos dos medicamentos e despesas financeiras, é importante destacar que a Biomm cresceu e incrementou suas operações em 2020, seguindo a expansão das suas atividades”, afirmou o CEO Heraldo Marchezini em nota.
A presença do setor de saúde no mercado de capitais brasileiro também foi ampliada durante a pandemia, com a listagem de players expressivos do setor, como D1000 Varejo, Pague Menos, Rede D’or, Hospital Mater Dei e Blau Farmacêutica. Atualmente, as companhias de saúde representam 5,2% das empresas listadas na B3.
“Temos mais de 40 empresas de todos os setores para ainda estrear no Bovespa em 2021, o que até 2018 era no máximo quatro por ano”, comentou Gilson Finkelsztain, CEO da B3, em evento digital da Genial Investimentos na última semana. Na saúde, as candidatas são: CM Hospitalar, Hospital Care e Kora Saúde.
Para os próximos meses, o analista da Ativa projeta que, apesar da retomada dos sinistros por parte dos beneficiários e um aumento nas despesas, as empresas de saúde devem ampliar a participação no mercado de capitais, movimento que deve colaborar ainda com novas consolidações no setor.
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