A Caixa Econômica Federal venderá uma fatia menor do que pretendida originalmente no IPO (Oferta Inicial de Ações) da Caixa Seguridade, repetindo o modelo usado com o Banco Pan de alienar participação em etapas e abrir caminho para desmobilizar outros ativos, disse à Reuters uma fonte familiarizada com os planos do banco estatal. “O modelo de venda de participação em tranches deve ser repetido na Seguridade”, afirmou.
O banco controlado pelo governo federal publicou hoje (7) o cronograma do IPO da Caixa Seguridade, operação que deve movimentar cerca de R$ 5 bilhões, levando em conta o ponto médio da faixa estimada pelos coordenadores. Isso representa menos de metade do que o banco pretendia quando pediu registro para a oferta no ano passado, de R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões.
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Segundo a fonte, por ser altamente rentável – em 2020 a companhia teve rentabilidade sobre o patrimônio de 35% – a ação deve ter um grande apelo entre investidores de varejo que buscam papéis de empresas boas pagadoras de dividendos. O plano da Caixa é vender cerca de 40% do IPO para esse público.
“Se a experiência com essa oferta for boa, o apetite pelas demais tende a crescer”, disse a fonte, referindo-se a potenciais vendas subsequentes de participações da Caixa no negócio, assim como os IPOs de outras subsidiárias do banco, incluindo a de cartões, a de gestão de recursos de terceiros e a da bandeira Elo.
Ontem (6), a Caixa Econômica anunciou a venda de sua participação no Banco Pan ao sócio BTG Pactual, por R$ 3,7 bilhões, na quarta e última venda de fatia no negócio no qual entrou há uma década. Após anos acumulando prejuízos, o Pan teve uma virada. Em 2020, teve lucro de R$ 655,6 milhões, 27% a mais do que no ano anterior.
Somando as vendas de participação no Pan em etapas, a Caixa calcula ter tido no final um lucro de R$ 2 bilhões, dinheiro que será usado para repagar empréstimos tomados com o governo federal com IHCD (Instrumentos Híbridos de Capital).
O plano da Caixa Econômica em 2020 já era desmobilizar a participação do banco gradualmente, para evitar que a venda de lotes muito grandes acabasse derrubando o preço das ações. A expectativa na época era uma venda inicial de cerca de 25% do capital. Na oferta redimensionada, prevista para ser precificada em 27 de abril, essa fatia cai para 15% do capital, disse a fonte.
ELO
A listagem da unidade de seguros é um plano antigo do banco federal, que tentou o IPO pela primeira vez em 2015. Com a volatilidade permanente da bolsa brasileira e as renegociações de termos de acordo com o CNP Assurances, essa meta foi adiada sucessivas vezes.
Agora, mesmo com a instabilidade do mercado acionário doméstico que já levou 21 empresas a desistirem de estrear na Bovespa apenas em 2021, a Caixa insistiu em levar sua oferta adiante, como um abre alas para as demais vendas de ativos.
A próxima da fila tende a ser a bandeira de cartões Elo, negócio que a Caixa tem sociedade com Banco do Brasil e Bradesco.
Nesta semana, os sócios definiram passos preliminares em preparação para o IPO da unidade, incluindo a atualização das fatias de cada um na Elo, com base no volume de cartões emitidos por cada um nos últimos anos. Essa revisão fez a participação da Caixa na Elo subir de 36% para 41%, tornando-se o maior acionista da empresa.
“A Elo deve ser listada na Nasdaq no começo do segundo semestre”, disse a fonte, acrescentando que naquele mercado estão listadas outras empresas do setor de pagamentos e a companhia tem condições de ser melhor avaliada pelos investidores. Nos Estados Unidos, estão listadas as empresas de meios de pagamentos Stone e PagSeguro.
Os IPOs das demais unidades da Caixa, incluindo a do banco digital Caixa Tem, também prevista para ocorrer na bolsa norte-americana, ainda dependem de aprovações prévias do Banco Central.
Consultada, a Caixa Econômica afirmou – por meio de sua assessoria de imprensa – que não vai comentar sobre o IPO da Caixa Seguridade por causa do período de silêncio e nem sobre a Elo, porque ainda não há nada decidido sobre eventual listagem. (Com Reuters)
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