A agência de classificação de riscos Fitch Ratings afirmou hoje (7), por meio de relatório, que as elevadas necessidades de financiamento expõem o Brasil a choques e riscos de rolagem, apesar de mencionar que a diversidade de investidores com “viés doméstico” apoia o refinanciamento da dívida.
Em comunicado, a Fitch destaca que o Tesouro Nacional teve de encurtar o prazo da dívida pública Federal em razão da inclinação da curva de rendimentos. A agência projeta que o volume de vencimentos das dívidas no mercado local gira em torno de R$ 1,35 trilhão neste ano, equivalente a 17% do PIB (Produto Interno Bruto), com alta concentração de vencimentos no primeiro semestre.
“As altas necessidades de financiamento expõem o Brasil a choques e riscos de rolagem, mas a diversidade de investidores institucionais domésticos com viés doméstico apoia a rolagem da dívida. A reserva de liquidez do Tesouro de 12% do PIB ao fim de 2020 continua adequada, permitindo que permaneça fora dos mercados domésticos por vários meses”, detalha.
A Fitch também afirmou que as preocupações fiscais do país aumentaram desde a pandemia da Covid-19, embora tenha projetado que o déficit do governo recuará neste ano, apesar de permanecer elevado.
De acordo com a agência, em razão da nova rodada de auxílio emergencial concedida aos mais vulneráveis, somada às expectativas de elevação da Selic pelo Banco Central, o déficit primário deve encerrar o ano em torno de 8,5% do PIB.
Ao comentar a conjuntura econômica que o país enfrenta, a Fitch lembra que a “trajetória incerta do coronavírus” e o processo de imunização da população criam riscos negativos para a atividade econômica, as contas fiscais e a trajetória da dívida pública.
“A perda de confiança na trajetória das contas fiscais, bem como nas reformas e na política e incertezas na política econômica podem prejudicar a recuperação”, pontua. A Fitch ainda alerta que alterações no ambiente financeiro externo que levem à reprecificação de riscos “pode resultar em condições de financiamento doméstico locais mais restritivas, criando, assim, riscos adicionais”. Atualmente, a agência atribui rating “BB-” ao Brasil, com perspectiva negativa. (Com Reuters)
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