Diversidade e moda inclusiva foram dois dos assuntos que mais ganharam espaço nos últimos anos. A pandemia, em conjunto com a expansão de um mundo digital e remoto, impulsionou o surgimento e reconhecimento de profissionais e figuras que atuam em negócios e projetos com foco na inclusão.
A última lista Under 30 da Forbes, por exemplo, revelou diversos nomes que trabalham e se dedicam a promover ambientes mais democráticos e livres de preconceitos e desigualdades, como é o caso de Belly Palma e Julia Pak, que atuam no setor de moda.
Julia Pak é estilista e criadora do Julia Pak Atelier, local especializado em vestidos de noiva sob medida desde 2014. Em 2018, a jovem desenvolveu o MEL (Mulheres de Espírito Livre), projeto que tinha como objetivo criar roupas mais casuais sob medida e democratizar a moda para todos os tipos de corpos. Seis meses depois, Julia resolveu pausar o projeto para pensar em uma reestruturação. O resultado da nova estratégia chegou em novembro de 2020, quando a linha de roupas foi relançada em uma campanha em parceria com Belly Palma – ou Izabelle Marques –, que também foi Under 30 em 2020.
Belly, que é especialista em moda inclusiva e gestora do Programa de Moda Inclusiva da SEDPcD (Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo), foi escolhida pela estilista para ser o rosto da campanha de relançamento das peças. “Foi um momento muito importante, porque foi uma das únicas experiências de moda em que a pessoa Belly realmente veio antes das funcionalidades que a Belly cadeirante precisa ter em uma roupa”, afirma.
A modelagem sob medida, além de facilitar a busca por roupas que melhor se adequem ao corpo, é uma opção importante que garante que mais pessoas tenham acesso às peças que mais conversam com seu estilo pessoal. “As pessoas que não têm acesso às roupas que querem e acabam construindo suas identidades com o que está disponível, o que acaba dificultando o autorreconhecimento. Há uma desconexão entre a pessoa que ela tem noção ser e o fato de não conseguir expressar isso para o mundo”, reflete Julia.
Embora ainda existam muitos desafios e obstáculos em termos de expansão, a diversidade e o mercado de moda inclusiva encontram cada vez mais espaço na indústria. A modelo Maria Júlia de Araújo, 18 anos, por exemplo, tem Síndrome de Down e, depois de desfilar na Osasco Fashion Week, foi convidada para participar da Brasil Eco Fashion Week e do Brasília Trendy.
“Eu entendo que essas campanhas são o primeiro passo para a pessoa com deficiência quebrar o ciclo da invisibilidade. Ela vai se ver em uma campanha de moda, se ver em uma campanha de uma marca de moda renomada e se reconhecer através do olhar do outro. Com isso, ela vai entender que ela pode ser vista. A pessoa com deficiência não é vista no mundo e quem não é visto, não é lembrado”, afirma Belly.
Atualmente, a MEL está passando por um novo projeto de reestruturação, que envolve um processo de rebranding e uma nova estratégia de marca. A pandemia e a busca pelo e-commerce aceleraram o crescimento da loja que, a partir de agora, terá uma participação maior no atelier. Segundo Julia, “a MEL nasceu como um teste, um projeto despretensioso, que foi colocado dentro do atelier. Casou muito bem o timing, porque o meu carro-chefe, que é vestido de noiva, teve uma pausa. O plano é inverter essa dinâmica e o atelier passar a ter a MEL como maior faturamento.”
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