O videoclipe do single “7 Rings” é clássico da Ariana Grande. A pop star de 27 anos rebola, posa e desfila com um pelotão de garotas cobertas com joias ao redor de uma casa cercada de peles, diamantes e uma torre de champanhe que se espatifa no chão. É um espetáculo cativante que foi visto no YouTube quase um bilhão de vezes. Mas em seu cerne está uma música de um estilo e época muito diferentes: o nostálgico e virtuoso hit “My Favorite Things”, do musical de 1959 da Broadway de “A Noviça Rebelde”, com sua melodia característica que é impossível de não cantarolar junto.
É provável que boa parte desses um bilhão de espectadores não tenha ideia de quem escreveu a música que inspirou Ariana ou mesmo de onde ela veio. Mas eles certamente podem cantar seu refrão sem errar um verso – e por isso podem agradecer a Richard Rodgers e Oscar Hammerstein. “My Favorite Things” é a música mais lucrativa de “A Noviça Rebelde”, o show de maior sucesso da dupla.
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Apesar dos compositores terem morrido há 40 e 59 anos, respectivamente, a empresa que é dona dessa e mais 240 outras músicas que os dois escreveram juntos está faturando milhões. Não apenas de “A Noviça Rebelde” (embora cinco de suas 10 canções mais lucrativas sejam do espetáculo), mas de outros 10 musicais, incluindo “Oklahoma!”, “O Rei e Eu” e “Ao Sul do Pacífico”. Suas músicas e shows geraram uma receita de US$ 40 milhões em 2019, ao cobrar taxas e royalties de grupos de teatro locais, empresas como Volvo e Frito-Lay que as usam em comerciais, artistas como Ariana que reaproveitam seus ganchos e streamers de música como Spotify e Apple.
A dupla fundou uma editora musical em 1943, mesmo ano em que escreveu “Oklahoma!”, para monetizar seu sucesso. Agora, quase 80 anos após primeira colaboração deles, o catálogo de canções vale US$ 350 milhões, o terceiro mais valioso do mundo – atrás apenas dos catálogos dos integrantes dos Beatles, John Lennon e Paul McCartney (US$ 500 milhões), e da lista de sucessos de Michael Jackson entre eles “Billie Jean” e “Smooth Criminal” (US$ 375 milhões).
Essa previsão está valendo a pena até hoje. O valor dos catálogos de música está em alta, graças a um grupo de investidores, incluindo Universal Music e Hipgnosis, que desembolsaram valores altos pelos direitos de músicas populares que geram um fluxo constante de pagamentos de streaming, filmes e campanhas de marketing. Eles encontraram um grupo de vendedores dispostos, à medida que os artistas buscam maneiras de preservar seus legados e lucrar, principalmente agora, antes de serem atingidos por quaisquer aumentos de impostos em potencial que possam ocorrer sob a nova administração de Joe Biden. Bob Dylan vendeu o trabalho de sua carreira toda por cerca de US$ 325 milhões em dezembro. Paul Simon vendeu o seu por US$ 250 milhões em março. Nesse meio tempo, Neil Young, Shakira e Ryan Tedder também venderam, elevando o valor dos catálogos populares a recordes.
Graças a um apelo atemporal e um robusto negócio de licenciamento de sua biblioteca de musicais, a lista de canções de Rodgers e Hammerstein vale mais do que todos aqueles que foram vendidos recentemente, bem como aqueles de artistas famosos como Elton John e seu parceiro de longa data Bernie Taupin, Taylor Swift, Bruce Springsteen, Stevie Wonder ou Billy Joel, que estão entre os 10 catálogos mais valiosos do mundo.
O legado dos maestros musicais ganhou um impulso com o hit de 2019 da Ariana Grande, mas fontes dizem que o catálogo provavelmente chega a uma média de mais de US$ 33 milhões por ano, superando os estimados US$ 14 milhões que as músicas do Bob Dylan.
Depois de trabalharem juntos por 17 anos, a parceria entre Rodgers e Hammerstein chegou ao fim com a morte de Hammerstein em 1960, mas Rodgers fez parte da indústria pelas duas décadas restantes de sua vida. Em uma história contada ao American Heritage em 1990, Rodgers revelou que uma vez recebeu um álbum de um grupo de corajosos estudantes do ensino médio que queriam compartilhar a performance em “Oklahoma!”, primeiro musical dele com Hammerstein. O compositor enviou uma nota superficial de elogio e votos de felicidade – mas nos bastidores, seu advogado emitiu uma ordem de cessão, ameaçando-os de ação legal se continuassem a distribuir a gravação.
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Após o falecimento de Rodgers em 1979, o negócio permaneceu nas mãos das famílias deles e recebeu o nome de Organização Rodgers & Hammerstein, em 1990. A habilidade de se manter relevante atraiu compradores, e a família vendeu a companhia para a editora musical holandesa Imagem, por cerca de US$ 200 milhões em 2009. Oito anos depois, a editora musical independente e gravadora Concord supostamente pagou US$ 600 milhões por toda a Imagem.
E se não fosse pelas constantes mudanças nas leis de direitos autorais que determinam o valor de longo prazo do trabalho criativo, o catálogo de Rodgers e Hammerstein provavelmente valeria muito mais. De acordo com a legislação atual, obras criadas antes de 1978 têm 95 anos antes de entrarem no domínio público, o que significa que “A Noviça Rebelde”, que estreou em 1959, tem ainda três décadas restantes. Já musicais anteriores estão contra o relógio. “Carousel” expira em 2040; “O Rei e Eu”, em 2046. “Oklahoma!”, a primeira colaboração da dupla, tem apenas 18 anos restantes – o que significa que, em 2039, usar a canção “Oh, What a Beautiful Mornin” não custará um centavo.
Veja, na galeria a seguir, os cinco mais valiosos catálogos de publicação de música, de acordo com especialistas do setor.
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Cummings Archives/Getty Images 1. John Lennon e Paul McCartney – US$ 500 milhões
Os treze álbuns de estúdio dos Beatles lançados entre 1963 e 1970 continuam sendo o padrão ouro do rock and roll – e a grande maioria deles foi escrita por Lennon (1940-1980) e McCartney. Inicialmente, cada um deles possuía uma participação minoritária na editora que gerenciava seus direitos, mas a empresa foi vendida em 1969, e eles acabaram vendendo as ações restantes. A perda desses direitos acabou sendo um peso no ombro de Paul McCartney por décadas; ele até aconselhou um jovem Michael Jackson a manter seus próprios direitos de publicação (uma decisão da qual se arrependeria quando Jackson comprou os créditos dos Beatles de McCartney em 1985). Paul McCartney processou a Sony/ATV (agora Sony Music Publishing) em 2017 pelo controle do catálogo e chegou a um acordo confidencial. -
GettyImages/KMazur 2. Michael Jackson – US$ 375 milhões
Com mais de 26 milhões de ouvintes mensais no Spotify, Jackson (1958-2009) ainda faz sucesso como uma estrela pop. Como Rodgers e Hammerstein, ele consolidou seus direitos autorais de sucessos como “Billie Jean”, “Beat It” e “The Way You Make Me Feel” em uma editora musical, a Mijac Music. Por um tempo, a Mijac foi dona do catálogo de composições da ATV, que continha o trabalho de Lennon e McCartney. A Sony comprou uma participação de 50% na ATV e comprou o restante da Mijac em 2018. A Mijac ainda possui canções de Aretha Franklin e Elvis Presley, mas as próprias canções do Rei do Pop ainda geram a maior receita de publicação – quase US$ 20 milhões por ano. -
3. Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II – US$ 350 milhões
A lista de canções de Rodgers e Hammerstein é imensamente valiosa mesmo seis décadas após seu último sucesso na Broadway. Em 2019, o catálogo gerou receita de US$ 40 milhões, graças a mais de 1.200 produções locais de seus musicais, um revival de “Oklahoma!” na Broadway e posse relatada de 90% dos direitos de publicação de “7 Rings” de Ariana Grande, que é baseado em “My Favorite Things”, do musical “A Noviça Rebelde”. Enquanto o relógio corre contra os trabalhos de 1940 para frente, a Concord, proprietária dos direitos, está espremendo o catálogo até a última gota, recentemente licenciando “Oklahoma!” para uma adaptação da Skydance TV. -
Val Wilmer/Getty Images 4. Bob Dylan – US$ 325 milhões
Dylan dominou as manchetes em dezembro, quando vendeu seu catálogo de canções para a Universal Music em um acordo que supostamente valia mais de US$ 300 milhões – a Forbes estima que o preço foi de US$ 325 milhões. A lenda do folk rock sempre escreveu sozinha e manteve intactos os direitos de sua coleção de mais de 600 canções, incluindo clássicos como “Blowin in the Wind” e “The Times They Are a-Changin ‘”, que são usadas repetidas vezes. -
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5. Paul Simon – US$ 250 milhões
Simon se juntou ao grande faturamento com catálogos em março, ao vender seu trabalho para a Sony Music Publishing por cerca de US$ 250 milhões. Além de sua carreira solo de superstar, durante a qual escreveu álbuns que ficaram no topo das paradas, como “Graceland” e “Rhythm Of the Saints”, foi o único compositor da dupla Simon & Garfunkel. Ele escreveu sucessos como “Bridge Over Troubled Water” e “The Sound of Silence”. Simon também não se esquivou de monetizar sua música, escrevendo a trilha sonora de “A Primeira Noite de um Homem” em 1967 e licenciando suas músicas para comerciais da Volkswagen e Coldwell Banker.
1. John Lennon e Paul McCartney – US$ 500 milhões
Os treze álbuns de estúdio dos Beatles lançados entre 1963 e 1970 continuam sendo o padrão ouro do rock and roll – e a grande maioria deles foi escrita por Lennon (1940-1980) e McCartney. Inicialmente, cada um deles possuía uma participação minoritária na editora que gerenciava seus direitos, mas a empresa foi vendida em 1969, e eles acabaram vendendo as ações restantes. A perda desses direitos acabou sendo um peso no ombro de Paul McCartney por décadas; ele até aconselhou um jovem Michael Jackson a manter seus próprios direitos de publicação (uma decisão da qual se arrependeria quando Jackson comprou os créditos dos Beatles de McCartney em 1985). Paul McCartney processou a Sony/ATV (agora Sony Music Publishing) em 2017 pelo controle do catálogo e chegou a um acordo confidencial.
Metodologia: as avaliações são estimativas da Forbes com base em conversas com especialistas da indústria musical. Os números de catálogos com vários escritores referem-se apenas às canções que eles criaram juntos, não à totalidade do trabalho de cada indivíduo, e refletem o valor total das ações do escritor e do editor, que nem todos os compositores possuem abertamente.
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