O segundo trimestre começou com a indústria brasileira abaixo do patamar pré-pandemia depois da terceira queda seguida da produção em abril, em um ambiente ainda de preocupações e restrições com a pandemia de Covid-19 no país.
A produção industrial registrou em abril queda de 1,3% na comparação com o mês anterior, informou hoje (2) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
LEIA MAIS: Economia do Brasil tem crescimento de 1,2% no 1º trimestre, diz IBGE
O resultado foi bem pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de ganho de 0,1%, e com isso o setor ficou 1% abaixo do nível pré-pandemia.
“Em janeiro, tínhamos um saldo de 3,5% acima do patamar registrado em fevereiro de 2020, ou seja, antes da pandemia. Com os resultados de fevereiro, março e abril de 2021, o setor industrial está 1% abaixo daquele patamar”, explicou o gerente da pesquisa, André Macedo.
“Isso é reflexo do recrudescimento da pandemia, isolamento e restrições”, completou.
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a produção teve alta de 34,7% ante expectativa de avanço de 37,0%, a taxa mais elevada desde o início da série histórica da pesquisa, em janeiro de 2002.
Esse resultado, entretanto, deve-se à base baixa de comparação do ano passado, devido ao isolamento social adotado na época — em abril de 2020, o setor recuou 27,7%, a maior queda já registrada na série.
No primeiro trimestre, a indústria do Brasil cresceu 0,7% de acordo com os dados do PIB divulgados na véspera pelo IBGE. O setor continua enfrentando as dificuldades apresentadas pelas medidas de contenção do coronavírus em todo o país, bem como desemprego e inflação elevados, destacadamente das matérias-primas.
LEIA MAIS: Brasil tem desemprego de 14,7% no trimestre até março, diz IBGE
“Para além da pandemia, há fatores domésticos como o auxílio emergencial menor, desemprego elevado, recorde de desocupação, inflação alta doméstica. Isso explica essa perda de ritmo da produção industrial”, completou Macedo.
Segundo o IBGE, em abril a queda foi disseminada em 18 dos 26 ramos avaliados na pesquisa, sendo que o espalhamento do resultado negativo pelas atividades foi o maior desde abril de 2020.
O maior impacto foi exercido pelas perdas de 9,5% na produção de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis.
O segundo maior impacto veio de produtos alimentícios, com queda de 3,4% na comparação com março.
“Observa-se influências negativas importantes dos principais produtos investigados dentro dessa atividade, desde os ligados aos bens intermediários, como o açúcar e os derivados de soja, até os que estão dentro do semi e não duráveis, que são mais associados com a nossa alimentação no dia a dia”, explicou Macedo.
Entre as categorias econômicas, a produção de Bens Intermediários recuou 0,8%, enquanto a de Bens de Consumo teve contração de 0,9%. Por outro lado, Bens de Capital apontou crescimento de 2,9%.
LEIA MAIS: Balança comercial brasileira tem superávit de US$ 9,291 bilhões em maio
A mais recente pesquisa Focus divulgada semanalmente pelo Banco Central mostrou que os especialistas consultados veem uma expansão de 5,50% da indústria este ano, crescendo 2,30% em 2022. (Com Reuters)
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.