A Wefox, uma startup de seguros sediada em Berlim e fundada há seis anos, garantiu US$ 650 milhões em uma rodada de financiamento da série C, e passou a ser avaliada em US$ 3 bilhões.
A empresa europeia de VC (investimento de risco, na sigla em inglês), Target Global, liderou a rodada, e investidores da OMERS Ventures, G Squared, Salesforce Ventures, Victory Park Capital e Ashton Kutcher’s Sound Ventures também participaram. Os investimentos são uma extensão da rodada de US$ 110 milhões em 2019, que teria concedido à Wefox uma avaliação de US$ 1,65 milhão. O CEO da startup, Julian Teicke, afirma que inicialmente planejou levantar cerca de US$ 200 milhões este ano – até que a grande demanda dos investidores o levou a ampliar a rodada.
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“Ficamos um pouco impressionados”, diz Teicke, acrescentando que a Wefox usará o dinheiro para acelerar os planos de expansão geográfica (atualmente opera apenas em alguns países europeus), bem como no desenvolvimento do que ele descreve como o “objetivo final” de sua empresa: um produto que usaria IA (Inteligência Artificial) para ajudar os clientes a antecipar e, possivelmente, prevenir 20% a 30% de todos os riscos futuros, desde acidentes de esqui até a doença de Alzheimer. A IA também usaria dados em tempo real, como o comportamento ao dirigir, para ajustar seu custo para cada cliente. Teicke espera que isso possa, em última instância, mudar a atuação dos seguros de reativa para proativa.
A série C da Wefox reflete uma tendência mais ampla no universo dos investimentos de risco. Em uma tentativa de reformar o mercado de seguros global, que movimenta US$ 6,2 trilhões, os VCs têm reivindicado pelos chamados negócios insurtech desde pelo menos 2018, quando os investimentos em dólares saltaram 150% ao ano, para cerca de US$ 6 bilhões, de acordo com dados da PitchBook. No ano passado, os investidores investiram US$ 6,6 bilhões no setor, além de US$ 2,2 bilhões adicionais durante os primeiros três meses de 2021.
O principal serviço da startup é uma plataforma que atende corretores que, em última instância, aconselham e vendem apólices – incluindo automóveis, residências e responsabilidades pessoais – aos clientes. (A plataforma adicionou cerca de 2.000 corretores apenas nos últimos três meses, elevando seu total para cerca de 5.000.) Teicke diz que a Wefox oferece a esses corretores uma garantia simplificada, edição de apólices e pagamentos de sinistros, ajudando-os a ganhar entre quatro ou cinco vezes a receita que poderiam gerar trabalhando para uma seguradora diferente. Ele acrescenta que a empresa é amplamente lucrativa e espera que a receita de 2021 chegue a US$ 350 milhões, ante US$ 143 milhões no ano passado.
Com este modelo, a Wefox seguiu um caminho diferente do que as startups de insurtech que tentam subtrair corretores do modelo de negócios para vender produtos diretamente aos consumidores. (A Lemonade, com sede em Nova York, que abriu seu capital em um IPO no ano passado, é um exemplo desse grupo.) Larry Aschebrook, sócio-gerente da G Squared, que investiu pela primeira vez na startup em 2017, diz que a plataforma da Wefox poderia se provar atraente para as gigantes do seguro, e acrescenta que o modelo de negócios é um vitória para seguradoras, corretores e clientes.
“A maioria das insurtechs está tentando descobrir uma maneira de revolucionar a indústria, eliminando um desses três pontos de contato”, conta Aschebrook. “A Wefox descobriu uma maneira de realmente fornecer uma experiência melhor a todo o ecossistema.”
Talvez surpreendentemente, o seguro nunca foi o objetivo de Teicke. Criado na Alemanha, o empresário se lembra de ter visto seu pai, vendedor de seguros, amuado no canto em festas de família. “Todos o evitavam porque tinham medo de que ele tentasse vender algo”, explica.
Sendo assim, o CEO escolheu um caminho diferente, lançando um aplicativo de compras suíço chamado DeinDeal em 2010, que mais tarde foi adquirido por um grupo de mídia do país. Teicke ficou na empresa até 2015, quando seu cofundador o convenceu a fazer uma reunião de 30 minutos com um investidor-anjo. Eles saíram com um cheque de US$ 300 mil e a prerrogativa de reformar uma indústria definida por imensos operadores e pouca inovação.
“Fui forçado a fazer seguros, mais do que qualquer outra coisa”, reflete. “Agora, provavelmente sou uma das pessoas mais apaixonadas pelo setor do mundo.”
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