A Bolsa de Valores do Brasil, a B3, acaba de divulgar que o número de investidores está próximo dos 4 milhões de CPFs, quantidade seis vezes maior do que há quatro anos. Esta é uma notícia muito boa para os investidores e também para o país como um todo!
Nos últimos anos, esse crescimento tem sido contínuo, e o período entre 2017 e 2021 foi o que apresentou o maior crescimento da história da bolsa. Em junho deste ano, a B3 reportou que o número de investidores cresceu 42,9% em relação a junho de 2020, com um aumento de 14,1% no volume negociado.
Dados da B3 quanto ao perfil dos investidores apontam que o público predominante ainda é o masculino: 72,3%, sendo a faixa etária com maior quantidade de CPFs constituída por homens entre 26 e 45 anos (43,8%). As mulheres da mesma faixa etária são o segundo maior grupo: 16,1%.
Investidores do estado de São Paulo são 38,3%, seguidos por Rio de Janeiro e Minas Gerais, correspondendo a 10,4% e 10% respectivamente.
O grande salto no número de CPFs ocorreu a partir de 2019, quando começamos a verificar a diminuição da faixa etária e a crescente quantidade de mulheres começando a investir. Desde então, a Bolsa de Valores vem monitorando essas mudanças.
No site da B3 você tem acesso às pesquisas recentes: “A descoberta da bolsa pelo investidor brasileiro” e “Uma análise da evolução dos investidores pessoas físicas na B3”.
Apesar da predominância masculina, um dado relevante merece destaque: este ano, a B3 alcançou o significativo número de 1 milhão de investidoras. Em 2018, as mulheres totalizavam 179 mil. De onde estiver, certamente Eufrásia Teixeira Leite, a primeira brasileira investidora, deve estar comemorando. E aqui deixo um alô para minha amiga Mariana Ribeiro, autora do livro “Quero ser Eufrásia”, que conta a trajetória impressionante desta grande mulher no mercado de capitais.
O crescimento expressivo de investidores é decorrente de uma combinação de fatores, sendo os mais relevantes a queda na taxa Selic, que tornou menos atrativos os investimentos em renda fixa, e a maior disponibilidade de informações sobre o mercado financeiro.
A internet popularizou a atividade dos educadores financeiros e influenciadores digitais. Com isso, o interesse pelo assunto tem sido cada vez maior, levando as corretoras de valores, bancos e casas de análise a também investirem fortemente em educação financeira.
Todo esse movimento de democratização da informação é muito positivo, principalmente se considerarmos que, até bem pouco tempo, pequenos investidores sequer imaginavam colocar suas reservas em quaisquer ativos além da caderneta de poupança.
Conforme pesquisas da B3, 56% das contas abertas a partir de 2019 são de investidores com renda mensal familiar em torno de R$ 5 mil e o valor do primeiro investimento fica em torno de R$ 600,00.
Mas o caminho ainda é longo! Apesar do crescimento exponencial contabilizado pela B3 nos últimos quatro anos, apenas pouco mais de 3% da população investe em bolsa. Número ínfimo se comparado com os Estados Unidos, onde pelo menos 55% das pessoas investem em ações.
Essa disparidade, por outro lado, sinaliza também o grande potencial existente. Afinal, o mercado financeiro é a alavanca de crescimento para as empresas e, por consequência, para o desenvolvimento econômico do país.
Para o investidor, é a possibilidade concreta de formar reservas financeiras consistentes com geração de renda. Aprender a investir em ações é, sem nenhuma dúvida, o caminho para a conquista de autonomia financeira através da renda recebida por seus investimentos.
Ao comprar ações, você deve levar em conta que está comprando o projeto de crescimento das empresas e se tornando sócio delas. Em contrapartida, beneficia-se pela distribuição de dividendos e de juros sobre o capital próprio (JCP). Além disso, como acionista, você também ganha com a valorização das ações ao longo do tempo.
Claro que existem inúmeras outras formas de ter ganhos com a bolsa de valores. Acompanhando esta coluna e minhas redes sociais, você vai conhecer todas elas. Contudo, o meu objetivo hoje é que você saiba que, cada vez mais, os pequenos investidores estão buscando informações e saindo da caderneta de poupança para investir no mercado de capitais. Ou seja, ao contrário do que muita gente ainda acredita, a bolsa de valores não é apenas para os milionários.
Obviamente existem riscos, o mercado é volátil e o valor das ações oscila. Contudo, no longo prazo, nenhum outro investimento tem maior valorização do que ações, o que as torna uma excelente forma de construir riqueza no longo prazo, começando pequeno.
Buscar conhecimento e manter-se bem informado é o primeiro passo. Depois, definir suas metas, sua capacidade de aportes mensais e selecionar empresas cujos fundamentos estejam alinhados com seus objetivos, são o próximo degrau.
O que irá te trazer retorno financeiro será a combinação de estudo, planejamento, constância nos aportes – por menores que sejam – paciência e foco.
Não se deixe intimidar por termos sofisticados que alguns veteranos de mercado gostam de usar. Seja curioso, pergunte até entender. O mercado financeiro está mudando e a era do economês restrito à meia dúzia de “iluminados” está chegando ao fim. O que irá te tornar um bom investidor não é saber palavras difíceis, mas, sim, saber aonde deseja chegar e como usar a bolsa para trilhar este caminho.
Eduardo Mira é formado em telecomunicações, com pós-graduação em pedagogia empresarial e MBA em gestão de investimento. É analista CNPI, certificado CPA10 e CPA20, ex-gerente do Banco do Brasil e da corretora Modal.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
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