Os ativos com exposição a investimentos no exterior ganham cada vez mais espaço na carteira de investimentos dos brasileiros, é ao menos o que indicam os números: somente no primeiro bimestre de 2021, os investimentos líquidos (compras menos as vendas) em ações no exterior somaram US$ 1,57 milhões, mais da metade de tudo o que foi investido em 2020, que registrou total de US$ 3,08 bilhões ao longo dos 12 meses, conforme dados mais recentes do Banco Central.
Os produtos disponíveis para esse fim também seguem crescendo e são cada vez mais diversificados, segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), o Brasil ganhou 1.017 fundos de investimentos com exposição internacional entre o primeiro trimestre de 2020 e o mesmo período deste ano, para o total de 6.179 fundos.
“Diversificar a carteira entre vários tipos de ativos é importante para não estar sujeito aos riscos de só uma classe, e o mesmo vale para a diversificação geográfica, cada país tem seus riscos específicos, e ter uma parte do dinheiro em investimentos que estão ligados a outros riscos é muito importante para ter um equilíbrio, uma proteção de carteira mesmo”, comenta Paula Zogbi, analista de investimentos da Rico.
Vantagens e riscos
Entre os principais pontos a favor dos investimentos no exterior estão a menor flutuação dos mercados, ou seja, a menor volatilidade dos ativos investidos. “Ao aplicar recursos no exterior, [seu dinheiro] já está protegido em moeda forte, se a moeda valorizar, o seu dinheiro vai junto e não se perde poder de compra”, explica Guilherme Zanin, analista da Avenue Securities, corretora brasileira que atua no mercado norte-americano.
Por outro lado, Paula conta que esses investimentos exigem mais estudo e atenção: “se a pessoa não conhece muito bem o mercado em que está investindo, se torna um investimento mais arriscado, porque o investidor está mergulhando em economias que são mais difíceis de entender.
Zanin comenta outros riscos, como o de investir em uma empresa estrangeira, que um investidor local pode não estar familiarizado. O segundo é o risco cambial, “ao internacionalizar seus recursos, caso traga de volta para o real, perde-se no câmbio, por isso é importante pensar no investimento em dólar a longo prazo ou para quem tem interesse de utilizar os recursos lá fora”, recomenda.
Ontem (7), o dólar fechou o dia negociado a R$ 5,23 na venda. Segundo o Boletim Focus, divulgado nesta semana pelo Banco Central, a expectativa de negociação do dólar para o fim do ano é de R$ 5,04.
Paula conta ainda que, a priori, os riscos são os mesmos de investimentos nacionais: risco de mercado, de desvalorização, de problemas políticos no país escolhido. “Investir no exterior não é necessariamente depois de investir no Brasil, uma vez que você tenha a sua reserva e o seu conforto para poder arriscar, o interessante é já ter exposição no exterior enquanto você já monta a sua exposição a risco do Brasil, justamente para ter sempre esse equilíbrio”, finaliza a analista.
A Forbes Money elencou algumas formas dos investidores brasileiros acessarem ativos no exterior:
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Reprodução/GettyImages BDRs
Os Brazilian Depositary Receipts (Recibos Depositários Brasileiros, em tradução livre), ou BDRs, permitem que investidores no Brasil invistam diretamente na B3 em ações de empresas listadas no exterior. O procedimento é feito diretamente pelo home broker, basta saber o ticker (código) do BDR. “É a forma mais simples de se investir em ações de outros países”, conta Paula Zogbi.
Até setembro do ano passado, o acesso aos BDRS era possível apenas para investidores qualificados, aqueles que possuem ao menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras.
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GettyImages/Yuichiro Chino ETFs
Os Exchanged Traded Funds, conhecidos pela sigla ETFs, são fundos de índices que acompanham os movimentos de índices de ações. O BOVA11, por exemplo, replica o desempenho do Ibovespa, assim, sua valorização e desvalorização acompanham o índice brasileiro.
“Os ETFs são fundos listados em bolsas, [o investidor] compra e vende como se fosse uma ação mesmo, coloca o ticker no home broker e depois compra e vende lá mesmo”, conta Paula. A analista lembra ainda que existem os BDRs de ETFs, que são BDRs para acessar ETFs que não listados no Brasil, apenas no exterior.
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Teradat Santivivut/GettyImages Fundos de investimentos
Os fundos de investimento funcionam como uma cesta de produtos financeiros, administrada por um profissional do mercado. Para investir é preciso adquirir o número de cotas desejado. A negociação é feita através das plataformas de investimentos.
Paula explica a diferença entre os fundos e os ETFs: “os investidores entram na plataforma na aba de fundos e compram cotas deste fundo, conforme eles abrem e fecham para a captação, é mais simples para o investidor leigo, não precisa saber o código ou operar no home broker”. A analista comenta também que os fundos costumam ter uma taxa um pouco maior que os ETFs.
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GettyImages/Photographer is my life Via corretora
É possível também investir diretamente em uma corretora com operações no mercado norte-americano, mas o processo demanda mais etapas.
De acordo com Zanin, na Avenue, por exemplo, o investidor deve primeiro enviar os recursos para a conta da corretora no Brasil, selecionar a opção para fazer câmbio e, após essa etapa, é possível negociar via homebroker os ativos no exterior.
Sobre a tributação, o especialista explica que não é necessário declarar ganhos ou perdas para as autoridades norte-americanas, já que trata-se de uma conta de investidor estrangeiro. Os ganhos auferidos no exterior devem ser declarados no Brasil.
BDRs
Os Brazilian Depositary Receipts (Recibos Depositários Brasileiros, em tradução livre), ou BDRs, permitem que investidores no Brasil invistam diretamente na B3 em ações de empresas listadas no exterior. O procedimento é feito diretamente pelo home broker, basta saber o ticker (código) do BDR. “É a forma mais simples de se investir em ações de outros países”, conta Paula Zogbi.
Até setembro do ano passado, o acesso aos BDRS era possível apenas para investidores qualificados, aqueles que possuem ao menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras.
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