Les Wexner, o ex-CEO e fundador da L Brands, está vendendo cerca de 30 milhões de ações da empresa que criou há quase cinco décadas, por um valor equivalente a mais de US$ 2 bilhões (antes dos impostos), de acordo com a companhia. A venda enfraquecerá ainda mais seu controle sobre o antigo império do varejo.
A L Brands está recomprando 10 milhões das ações disponíveis a um preço de US$ 73,01 por ação, o que equivale a US$ 730 milhões para Wexner, antes dos impostos. Os 20 milhões de ações restantes serão vendidas por US$ 74,50 cada, totalizando quase US$ 1,5 bilhão antes dos tributos. Contabilizando os impostos estimados sobre ganhos de capital, Wexner e sua esposa, Abigail, sairão com quase US$ 1,7 bilhão. Após as vendas, Wexner deterá menos de 5 milhões de ações da L Brand – menos de 2% de participação na empresa que fundou em 1963. Com base no preço das ações ao meio dia de ontem (16), a Forbes estima que a fortuna de Wexner valerá US$ 6,1 bilhões. A L Brands confirmou em um email que a oferta será encerrada na próxima segunda-feira (19).
A venda de ações é a terceira de Wexner neste ano e reduz ainda mais seus laços com a L Brands, depois que ele deixou o cargo de CEO e presidente do conselho em fevereiro de 2020. As operações ocorrem após uma onda de investigações sobre as ligações de Wexner com Jeffrey Epstein, após a prisão deste em 2019 por acusações de tráfico sexual de várias meninas menores de idade. Epstein se suicidou em uma prisão de Manhattan em agosto de 2019, enquanto aguardava julgamento.
Desde então, Wexner tem buscado se distanciar de Epstein e alegou que o financista se apropriou indevidamente de milhões de sua fortuna. Wexner o contratou como seu consultor financeiro pela primeira vez em 1987, e o relacionamento dos dois tornou-se tão próximo que, em 1991, Wexner deu a Epstein uma procuração com plenos poderes. A mansão de Epstein em Nova York foi comprada por Wexner no final dos anos 1980 e transferida para o financista em meados dos anos 1990.
Em agosto de 2019, Wexner afirmou em uma carta para sua fundação de caridade que havia encerrado seu relacionamento pessoal e profissional com Epstein em 2007, e negou ter qualquer conhecimento ou conexão com os supostos crimes cometidos por ele. Em 2008, Epstein confessou a um tribunal da Flórida ter cometido o crime de prostituição infantil em troca de uma pena mais leve, o que foi visto por alguns como um acordo leniente demais.
Além de ser proprietária da Bath & Body Works, a L Brands é dona da rede de lingerie feminina Victoria’s Secret. Reportagens publicadas em 2020 afirmaram que Epstein fingia ser um recrutador da marca e atacava mulheres jovens que buscavam trabalhar como modelo para a companhia. Mesmo antes das alegações de Epstein, os negócios da Victoria’s Secret sofriam à medida que a liderança da empresa reforçava o apoio às “sex kittens”, popularizadas por seu grupo de supermodelos Angels que incluía Heidi Klum e Gisele Bündchen. Ao mesmo tempo, a indústria de lingerie feminina se transformou e passou a incluir modelos plus size, diversidade e designs que buscavam agradar às mulheres, e não representar o que os homens queriam que elas vestissem.
Em breve, no entanto, a L Brands se tornará obsoleta, já que há planos para que a Bath & Body Works e a Victoria’s Secret se transformem em duas empresas independentes em 2 de agosto, e a L Brands deixará de existir. A marca de lingerie está passando por um grande esforço de rebranding, rejeitando as Angels em favor de modelos como a superestrela do futebol Megan Rapinoe, e contratando uma diretoria composta inteiramente por mulheres, com exceção do novo CEO Martin Waters.
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Wexner fundou a L Brands em 1963 como a loja de roupas femininas The Limited. Em seu auge, o império L Brands tinha Henri Bendel, Abercrombie & Fitch e Lane Bryant em seu portfólio de varejistas de moda.
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