“Minha declaração de missão é transformar o sonho da viagem espacial em realidade – para meus netos, para seus netos, para todos.” Foi com esta frase que o bilionário Richard Branson, fundador da Virgin Galactic, começou seu domingo (11) nas redes sociais. O empresário britânico de 70 anos estava se preparando para sua primeira viagem ao espaço a bordo da espaçonave VSS Unity (Virgin Spaceship Unity).
Embora tenha sido a quarta missão tripulada da empresa, a viagem apelidada de Unity 22 é fatídica, pois foi a primeira realizada com uma tripulação completa — Branson, dois pilotos e três funcionários da Virgin responsáveis por testar aspectos da jornada espacial. Fora isso, também é um marco na corrida espacial entre o britânico e os também bilionários Elon Musk e Jeff Bezos (que já tem viagem ao espaço marcada para 20 de julho).
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Branson chegou ao Spaceport America, local de partida para o voo no deserto no Novo México nos EUA, de bicicleta após um rápido encontro com Musk, registrado em foto publicada no Facebook do fundador da Virgin. A decolagem programada para 11h30 foi transmitida ao vivo com apresentação de Stephen Colbert e comentários do ex-astronauta Chris Hadfield, além da participação de membros da empresa como Michael Colglazier, CEO da Virgin Galactic.
“O pouso do homem na lua foi catalítico para mim. Desde então pensava que um dia eu e muitas pessoas jovens poderiam viajar ao espaço. Esperei e o momento nunca veio. Isso me fez pensar, e então decidi registrar o nome Virgin Galactic Airways”, afirmou Branson em vídeo da transmissão ao vivo. Durante o voo, imagens de dentro da VSS Unity foram transmitidas, mas com falhas. Contudo, Branson mostrou-se animado, parabenizando sua equipe e afirmando que a experiência foi “a melhor de sua vida”.
Diferente do voo da Apollo 11, que levou a humanidade à Lua em 1969, a espaçonave de Branson é levada a uma altitude de 45 mil pés por uma nave-mãe, a VMS (Virgin Mothership Eve). Ao atingir a altura, a tripulação inicia a ignição da VSS Unity em direção ao espaço até chegar a 88,5 km de altura, momento em que Branson e outros tripulantes experimentaram quatro minutos de microgravidade. O voo completo, da decolagem à aterrissagem da VSS Unity no aeroporto, levou cerca de 90 minutos.
Dois dias antes do evento, a Blue Origin, empresa astronáutica de Bezos, publicou um tuíte ironizando a viagem de Branson. “Apenas 4% do mundo reconhece um limite inferior de 80 km ou 50 milhas como o início do espaço. New Shepard [a espaçonave de Bezos] voa acima de ambos os limites. Um dos muitos benefícios de voar com a Blue Origin”.
Após retornar à Terra, Branson recebeu da FAA (Administração Federal de Aviação) o emblema oficial de astronauta e declarou: “Honestamente, nada pode te preparar para a experiência de ver o espaço. Foi mágico! Ainda estou absorvendo tudo, é surreal.”
Fundada em 2004, a Virgin Galactic foi pioneira na ideia de desenvolver voos comerciais em espaçonaves para turistas. Sua expectativa inicial era a de realizar a primeira viagem até o final de 2009, mas o primeiro voo suborbital da VSS Unity só aconteceu em 2018. Agora, com a ida de uma equipe completa, a realidade da viagem espacial para turistas chega cada vez mais próxima à realidade.
Atualmente, estima-se que a passagem para um voo de 90 minutos da Virgin Galactic — com direito a uma roupa de astronauta — custa cerca de R$ 1,3 milhão. A ideia ousada pode render lucros astronômicos para Branson e iniciar uma nova era no turismo e na história, porém ainda não dá lucros. Desde o começo de 2017, a empresa fundada pelo britânico já perdeu US$ 889,9 milhões. Na data de hoje (11), Branson ocupava a 589ª posição no ranking de bilionários da Forbes, com fortuna estimada em US$ 5,9 bilhões.
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