Os profissionais formados na área de tecnologia estão entre os mais buscados e bem remunerados do mercado, mas essa não foi a razão pela qual Richard Vasconcelos, herdeiro da rede de universidades Estácio, escolheu estudar Análise de Sistemas.
Aos 18 anos, a família resolve voltar dos Estados Unidos para o Brasil após o 11 de setembro. Sem domínio da língua portuguesa ou amigos no país, ingressar em análise de sistemas em uma das unidades da Estácio de Sá, à época ainda sob controle da família, foi a melhor solução encontrada. “A verdade é que eu não sabia nada de TI, não gostava. Mas como não tinha amigos aqui, mergulhei no trabalho e acabei aprendendo”, conta.
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A carreira em tecnologia foi fundamental para que, 15 anos mais tarde, o empresário se tornasse CEO da Leo Learning, empresa de educação corporativa sem professores e sem sala de aula que, nos últimos quatro anos, cresceu de R$ 4 milhões para R$ 30 milhões em faturamento.
Mas antes de chegar nesta posição foram necessárias outras passagens. “A área de educação entra na minha vida 15 anos antes de eu nascer, quando meu avô fundou a Estácio”, afirma. Ainda na faculdade, Vasconcelos trabalhou no projeto de implementação de ensino à distância na universidade da família a partir de 2004. Para seu avô, João Uchôa Cavalcanti, o modelo EAD seria o futuro da graduação.
Após a saída da família dos negócios da Universidade, Vasconcelos decidiu empreender no setor educacional. Sua primeira startup, no entanto, não deu certo. Ele então se dedicou a outros projetos até que, em 2016, deu início a Britannia, que oferecia cursos de inglês em formato híbrido e foi 100% vendido para a rede Cultura Inglesa, em 2018.
“A decisão de vender o Britannia foi uma das mais difíceis que já tomei. Eu percebi que estava em uma guerra de preços em um mercado que não iria crescer mais. Então achei melhor me dedicar ao mercado digital, este sim em ascensão”, pontua.
Educação sem professor, sem sala de aula
A partir de 2018, Vasconcelos se dedicou totalmente à Leo Learning, empresa que havia fundado em 2012, mas que não ocupava o centro de suas atenções. A startup oferece cursos de educação corporativa, ou seja, é contratada por grandes e médias empresas para desenvolver um plano de treinamento aos seus funcionários.
Os clientes podem decidir contratar um curso já pronto ou pedir por uma solução completamente personalizada. “O nosso foco é desenvolver as habilidades que o mercado precisa. Identificamos quais são as dificuldades e capacitamos os funcionários de forma totalmente online”.
Essa capacitação acontece em formato de web séries, semelhante à Netflix, exemplifica Vasconcelos. O aluno, funcionário da empresa, é apresentado a um problema e precisa tomar decisões. “A gente não tem sala de aula nem professores, o estudante é levado a pensar sozinho e chegar às próprias conclusões”, afirma.
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Desde que decidiu se dedicar totalmente à Leo, a empresa cresceu de 18 funcionários para 140, em 2021. Atualmente, o ticket médio é R$ 100 mil para empresas que buscam por conteúdo customizado, R$ 3 mil por mês para aquelas que querem instalar a plataforma de ensino e de R$ 20 mil a R$ 30 mil para empresas que pretendem comprar cursos já prontos.
O número de clientes também avançou significativamente. Em 2018, a Leo Learning trabalhava com 29 empresas. Em 2019, o número cresceu para 55, passando para 137 em 2020. Por fim, hoje são 300 clientes que contratam as soluções de educação. Entre o portfólio, há nomes como Shell, Tim, BRF e Hyundai.
A meta de faturamento da empresa é de R$ 150 milhões em 2025, reduzindo o ticket médio para incluir mais clientes e continuar sem queima de caixa.
Mesa de ping-pong não faz cultura empresarial
Ainda que nos últimos quatro anos sua empresa tenha registrado uma trajetória de crescimento bem sucedida, os primeiros cinco anos de vida da startup não foram tão positivos.
Entre 2012 e 2018, o faturamento da Leo Learning esteve estacionado entre R$ 3 e R$ 4 milhões ao ano. Quando decidiu que se dedicaria totalmente ao negócio, Vasconcelos aplicou uma pesquisa entre seus funcionários, Com os resultados, ele descobriu que a maioria dos colaboradores estava satisfeita com a empresa, mas não gostava da liderança.
“Eu errei muito no começo tentando manter uma liderança agressiva e voltada para resultados. Depois desta pesquisa, decidi mudar meu perfil para uma liderança humanizada. Então o resultado começou a chegar”, relata.
Para ele, liderança humanizada está relacionada com empatia e com conhecer o contexto de seus funcionários. “Falta desenvolvimento de líderes. Tem muita startup que tenta criar cultura com mesa ping pong, cerveja e bermuda. Eu fazia isso. Mas isso não impede comportamentos tóxicos”, acredita.
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Em sua empresa, Vasconcelos defende que a cultura de cooperação deve ser maior que a de competição, pelo bem estar dos funcionários. O resultado ele comenta com orgulho: “A gente tem um turnover de apenas 2%, extremamente baixo”.
Por fim, para aqueles que desejam empreender, Richard Vasconcelos aconselha criar uma reputação digital e estar presente enquanto marca nas redes sociais. “Atualmente, a marca do empreendedor é mais valiosa que seu currículo e que qualquer outra coisa”.
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