Observe os maiores investidores dos Estados Unidos no universo das criptomoedas: entre os nomes mais populares estão o Digital Currency Group, Pantera Capital, Blockchain Capital e Andreessen Horowitz, mas você também encontrará neste grupo a Coinbase Ventures. A grande diferença entre a Coinbase Ventures e as demais? Ela não é uma empresa: não tem um fundo fixo e zero funcionários em tempo integral.
De acordo com a presidente e COO da Coinbase, Emilie Choi, o modelo é intencional – e uma prova do futuro descentralizado das finanças que a Coinbase espera ajudar a concretizar.
A Coinbase Ventures apoiou mais de 150 empresas em seus três anos de existência, contando com alguns nomes notáveis em seu portfólio, como a BlockFi, o marketplace de NFTs OpenSea, o fabricante de tokens digitais Dapper Labs, a startup de blockchain StarkWare, e a TaxBit, que recentemente levantou fundos para seu software de tributação de criptomoedas em uma avaliação de US$ 1,3 bilhão.
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Ao contrário de outros investidores corporativos, os investimentos de capital de risco da Coinbase não vêm de um fundo dedicado, mas do seu próprio caixa. A empresa assina cheques de US$ 50 mil a US$ 250 mil em rodadas seed e, se necessário, quantias maiores posteriormente. Por causa do seu volume de negócios e da ausência de funcionários dedicados, a Coinbase Ventures prefere participar de rodadas lideradas por outras empresas de capital de risco e não assumir cargos nos conselhos das investidas.
“Tenho que imaginar que somos os únicos a fazer isso desta forma. É quase como o nosso segredinho”, diz a executiva.
A Coinbase Ventures teve início em 2018, quando Emilie ingressou como chefe de desenvolvimento corporativo após oito anos na mesma função no LinkedIn. Em reunião com o cofundador e CEO Brian Armstrong, ela disse que aceitou o trabalho em parte devido à disposição agressiva da Coinbase para aquisições. “Normalmente sou muito cética em relação ao desenvolvimento corporativo em startups em estágio avançado”, diz a executiva. “Todo mundo diz que quer fazer fusão ou aquisição, e na verdade não quer, apenas pensa que quer”, comenta.
Em abril de 2018, Emilie teve a ideia de lançar um programa para investir em outras startups de criptomoedas. Tal movimento não seria necessariamente uma surpresa, considerando que o cofundador da Coinbase, Fred Ehrsam, havia saído do negócio um ano antes para cofundar uma empresa de capital de risco focada em criptomoedas, a Paradigm. A Coinbase também manteve relações estreitas com seus próprios investidores, como Union Square Ventures e Andreessen Horowitz, mas a empresa não tinha um profissional de risco na equipe, e também lidava com preocupações de, no papel de exchange de criptomoedas, favorecer alguns projetos em detrimento de outros.
Emilie apresentou a proposta e a resposta de Armstrong foi simples: “Escreva a postagem para o blog”. Em 24 horas, ela redigiu uma declaração da missão da Coinbase Ventures e a publicou. O braço de risco da empresa havia sido anunciado.
Mas isso não significa que Emilie, mais tarde promovida a COO e presidente da Coinbase, fez uma onda de novas contratações. “Esse é um trabalho de amor. Nós apenas trabalhamos nisso à noite e nos finais de semana”, explica ela sobre a atuação do time de desenvolvimento corporativo na Coinbase Ventures.
Embora a Coinbase muitas vezes invista junto com os especialistas de empresas de capital de risco, muitos de seus negócios potenciais vêm da atividade de seus funcionários no ecossistema de criptomoedas. “Há algumas máquinas incríveis por trás do ecossistema VC tradicional. O nosso é usar o Google Docs”, diz Emilie.
Na Messari, startup que fornece dados sobre criptoativos e aspira a ser a ‘Bloomberg das criptomoedas’, o CEO, Ryan Selkis, diz que a Coinbase já era uma cliente e parceira importante antes de investir em sua empresa. Os insights da Messari foram essenciais para o design do serviço de monitoramento de ativos para empresas, um negócio de assinaturas multimilionário com mais de 300 clientes.
A Coinbase Ventures não faz promessas sobre ajuda estratégica – “Eu vi esse erro ser cometido várias vezes”, diz Emilie. Mas Selkis diz estar confiante de que essa assistência continuará chegando. “Eles são muito poderosos no mercado de criptomoedas dos EUA e têm o poder de mover muitas peças diferentes”, diz ele. “Sabemos que provavelmente haverá várias maneiras de trabalharmos com a Coinbase no futuro.”
A Coinbase adquiriu várias das startups investidas, como a Bison Trails, em janeiro. Emilie considera esses desenvolvimentos um “bom benefício”, mas não o objetivo principal dos investimentos. Selkis, da Messari, afirma que a possibilidade de a exchange adquirir uma empresa não deveria deixar os fundadores reticentes, desde que eles não compartilhem informações completas ou detalhes do roadmap do produto com nenhum investidor estratégico, incluindo a Coinbase. “Um bom resultado para um empresário é sempre ter uma saída. Eu realmente não vejo isso como algo para se preocupar, mas sim algo do qual estar ciente”, diz ele.
A disposição da Coinbase de investir em startups que competem com seus produtos também revela que a empresa vê o crescimento do setor mais como “maré boa leva todos os barcos” do que “o vencedor fica com tudo”, avalia Emilie. “Brian sempre diz, ‘Bom para eles, e pior para nós se não construirmos o melhor produto’”, comenta a executiva.
A Coinbase, que na semana passada anunciou resultados positivos no segundo trimestre, se recusou a fornecer dados sobre o retorno financeiro dos investimentos em startups até agora. Mas Emilie projeta um futuro promissor: “A Coinbase Ventures pode ser uma oportunidade de trilhões de dólares em capitalização de mercado”, finaliza.
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