Durante anos, trabalhei como psicólogo ajudando traders e investidores com seu desempenho mental. A ideia é que, se estamos com uma mentalidade de ápice, é mais provável que tomemos decisões financeiras que não sejam influenciadas pelo medo, ganância e impulso. Na minha experiência, no entanto, descobri que a relação entre psicologia e gestão de dinheiro não é unilateral. Assim como a nossa mente pode impactar nossa busca por risco e recompensa, a forma com que investimos pode criar impactos profundos em nossa estrutura mental. Aqui estão alguns exemplos interessantes do meu trabalho com profissionais de vários mercados:
1) Gerenciar negociações vencedoras é tão importante quanto gerenciar as perdedoras – suponha que um investimento que você fez cumpra suas expectativas e dê lucro. Você vende sua posição e colhe seus ganhos, você aumenta a posição e tenta ganhar mais, ou você a mantém e aguarda um retorno maior? Frequentemente, vejo que os investidores e corretores que buscam lucros cada vez maiores se deixam vulneráveis a resultados como lucros, perdas, tensões e decepções. Por outro lado, aqueles que realizam seus lucros e reestruturam suas posições para melhorar a relação risco/recompensa a partir desse ponto criam vitórias psicológicas. Um exemplo simples disso são investimentos em opções com uma estratégia de delta-heldging nos quais você realiza lucros, digamos, em uma posição de opção de compra, e em seguida abre uma nova posição com uma estrutura que reflita o novo status de risco/recompensa.
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2) A diversificação ajuda nossa mente – os traders de muito curto prazo alcançam a diversificação rastreando oportunidades em uma variedade de ações ou classes de ativos que operam de forma relativamente independente. Assim, por exemplo, eles podem entrar vendidos em uma “ação meme” e, ao mesmo tempo, entrar comprados em uma ação de crescimento durante um único dia. Os investidores de longo prazo criam carteiras de ativos que foram pesquisadas quanto ao potencial de valorização (ou desvalorização) independentemente uns dos outros.
Essa diversificação garante que as perdas em um ativo possam ser equilibradas com ganhos em outros, permitindo que as probabilidades se concretizem ao longo do tempo e evitando o “risco de ruína” associado às posições concentradas. Quando assumimos riscos financeiros equilibrados, tendemos a ter uma estrutura mental mais equilibrada. A volatilidade de nossos lucros e perdas cria volatilidade psicológica. Buscar retornos absolutos em vez de retornos sólidos e ajustados ao risco é garantia de agitação emocional.
3) A qualidade do nosso tempo longe dos mercados beneficia nossa cabeça – quando nos tornamos excessivamente preocupados com os altos e baixos de nossas carteiras e posições, é mais provável que tomemos ações impulsivas e aceitemos preços aquém do ideal. A frase “olhando para as telas” é usada por muitos traders para denotar o tempo gasto se preocupando com cada sobe e desce dos preços sem administrar posições de forma construtiva.
Um planejamento sólido de nossas negociações e dimensionamento adequado de posições nos permite aceitar possíveis perdas e usar o tempo distante da realidade dos mercados para renovar nossas energias e também renovar nossas visões sobre eles. Os gerentes de portfólio com quem trabalho passam grande parte de seus dias de negociação longe das telas, reunindo informações de colegas e pesquisando novas ideias para alimentar sua curiosidade intelectual. Eles são muito menos propensos a esgotarem suas energias em comparação com aqueles que passam boa parte do tempo olhando para os números. Nós fazemos trade melhor quando nossos egos não estão envolvidos em lucros e perdas.
Sim, podemos ter resultados com exercícios de gerenciamento de estresse e outras maneiras de otimizar nossa mente. Muitas vezes, no entanto, aqueles que se apresentam como “coaches” de profissionais financeiros enfatizam métodos psicológicos em vez de práticas sólidas de gestão de dinheiro e trading. Como diz o ditado, ‘quando tudo o que temos é um martelo, tratamos tudo como pregos’. Operar bem e tomar boas decisões é a melhor maneira de alcançar um estado de espírito positivo e equilibrado. Às vezes, programas de mentoring para aprender a melhorar sua tomada de decisão são a melhor forma de coaching.
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