As ações de tecnologia da China recuaram para novas mínimas hoje (20) e o índice de referência de Hong Kong atingiu uma mínima de quase 10 meses com uma série implacável de repressões regulatórias chinesas abalando a confiança dos investidores.
Mais de US$ 560 bilhões em valor de mercado saíram das bolsas de valores de Hong Kong e da China continental em uma semana, à medida que os fundos saem de ações antes favorecidas, sem saber quais setores os reguladores terão como próximo alvo.
O índice Hang Seng caiu 1,8% e sua queda semanal de 5,8% foi a maior desde o auge do pânico nos mercados financeiros da pandemia, em março de 2020.
As ações em Xangai também caíram, à medida que os investidores vendiam dívidas corporativas de risco e a moeda chinesa. O iuan estava a caminho de sua maior perda semanal em dois meses, enquanto investidores optavam por ativos mais seguros em meio às preocupações mundiais com o coronavírus.
“Não há realmente um gatilho, mas muitos pedaços que contribuem com a narrativa para ficar longe da China”, disse Dave Wang, gerente de portfólio da Nuvest Capital em Singapura. “Quase diariamente você recebe notícias negativas, então dá a impressão de que não há fim à vista.”
O epicentro da venda generalizada foi o setor de tecnologia, popular entre os investidores estrangeiros, os quais agora temem não poder quantificar o risco regulatório e estão vendendo em massa.
O índice Hang Seng Tech de Hong Kong, composto por empresas antes favoritas, caiu 2,5% nesta sexta-feira para uma nova mínima recorde e recuou cerca de 48% desde fevereiro.
Somando-se às preocupações regulatórias, estão os temores de que a recuperação econômica da China está perdendo ímpeto e os riscos de dívida estão aumentando, já que os dados apontam para uma desaceleração da demanda e da produção industrial, sugerindo que as autoridades estão reprimindo em um momento delicado.
A persistência das autoridades de política monetária em conter os preços das propriedades em alta, por exemplo, deixou os mercados tensos e o crédito corporativo caiu ainda mais nesta sexta-feira com a notícia de que a altamente endividada Evergrande foi repreendida pelos reguladores.
Listagens no exterior
Em meio aos temores, os reguladores chineses estão considerando pressionar grandes companhias de dados a entregar o gerenciamento e a supervisão dessas informações a empresas terceirizadas caso queiram listar suas ações nos EUA. A medida é parte da análise sem precedentes de Pequim sobre o setor privado empresas do setor, segundo fontes informaram a agência Reuters.
Os reguladores acreditam que trazer empresas terceirizadas de segurança da informação, idealmente apoiadas pelo Estado, para gerenciar e monitorar os dados dos candidatos a IPO poderia efetivamente limitar sua capacidade de transferir dados chineses para o exterior, informou uma das fontes.
Isso ajudaria a diminuir as preocupações crescentes de Pequim de que uma listagem no exterior pudesse forçar essas empresas chinesas a entregar alguns de seus dados a entidades estrangeiras e minar a segurança nacional.
O plano é uma das várias propostas que estão sendo consideradas pelos reguladores chineses à medida que Pequim aperta seu controle sobre as plataformas de internet do país, incluindo a busca por um exame mais detalhado das listagens no exterior.
A repressão, que derrubou ações e abalou gravemente o sentimento dos investidores, tem como alvo especial a concorrência desleal e o manejo de um enorme banco de dados de consumidores pelas empresas de internet.
A decisão final sobre o plano de transferência de dados das empresas vinculadas ao IPO ainda não foi tomada, disseram as fontes.
As autoridades reguladoras discutiram o plano com participantes do mercado de capitais como parte dos movimentos para fortalecer a supervisão de todas as empresas chinesas listadas no exterior.
Assessores de IPO estão esperançosos que uma estrutura formal sobre a questão da transferência de dados possa ser entregue em setembro, disse a fonte.
A CSRC (Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China) e a CAC (Administração do Ciberespaço da China) não responderam aos pedidos de comentários enviados por fax.
Os reguladores chineses suspenderam recentemente os planos de listagem das empresas no exterior, principalmente nos EUA, enquanto se aguardam novas regras sobre segurança de dados. (com Reuters)
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