O ETF (Fundo Negociado em Bolsa, na sigla em inglês) é uma classe de ativos que ganha espaço no mercado de capitais brasileiro. Nos últimos dois anos, o volume de recursos negociado na B3 por meio das ETFs mais do que dobrou. O valor somou R$ 600 milhões em 2019, movimentou R$ 1,4 bilhão em 2020 e já atingiu esse valor em agosto deste ano.
Esses papéis são conhecidos como fundos de gestão passiva, ou seja, se propõem a acompanhar determinado índice de mercado ou um conjunto de empresas a partir de qualquer critério previamente estabelecido.Com o olhar sobre eles, está o gestor, que serve para garantir aos investidores que o patrimônio do fundo está sendo direcionado para seguir, o mais de perto possível, o desempenho do índice escolhido.
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O número de investidores interessados nessa estratégia de investimentos também cresceu ao longo dos meses. Se em janeiro havia 269 mil investidores com posições em custódia. No mês passado, o número cresceu para 472 mil, dos quais 467 mil são pessoas físicas, segundo relatório da B3.
Vantagem e desvantagens dos ETFs
O aumento do volume transacionado não é à toa. Essa classe de ativos possui diferentes vantagens que não se vê em nenhum outro papel. A primeira delas é a variedade de ativos possíveis. Existem ETFs que acompanham ações, commodities, títulos públicos, entre outros. E há uma segmentação múltipla de setores e geográfica também, como ETFs exclusivos de tecnologia, que acompanham apenas mercados emergentes.
Além disso, os investidores conseguem uma exposição a uma enorme gama de produtos dentro de um único ETF, já que alguns índices chegam a acompanhar 500 empresas diferentes, como o S&P 500, da Bolsa de Nova York. Esse grau de diversificação é bastante alto para o investidor pessoa física, que teria mais dificuldade e precisaria de mais renda para montar uma carteira própria com essa quantidade de ações.
Outro ponto é que essa classe representa uma cesta de ativos, logo seu desempenho é o reflexo de uma média. “O que acontece ali dentro é uma média das movimentações das ações, então a variação dos ETFs costuma ser mais moderada do que uma carteira com poucos ativos, porque a exposição destas carteiras é proporcionalmente maior”, explica Paloma Brum, analista de investimentos da Toro.
As taxas de um fundo passivo também é outro fator de interesse. Enquanto os fundos ativos (nos quais os papéis são selecionados por uma gestão) possuem taxas anuais em torno de 2% ao ano, nos passivos esse valor pode chegar a 0,03% ao ano. Alberto Amparo, analista da Suno Research, diz haver um movimento importante dos ETFs na democratização dos investimentos e na exposição aos juros compostos ao investidor leigo.
Mas é bom lembrar que esses ativos seguem sendo renda variável e, apesar de acompanharem as médias, são influenciados pelo sobe e desce das ações. Por isso, de acordo com a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), os ETFs são recomendados para investidores arrojados, dispostos a se expor ao risco.
Paloma, da Toro, reforça que o ativo é negociado em Bolsa e, portanto, flutua conforme o fluxo de negociação diário. “Além de ser renda variável, ele está exposto a vários riscos de mercado, porque depende de cada índice”, afirma. A analista destaca como exemplo os ETFs que acompanham o S&P 500, que enfrentam os riscos da economia norte-americana, colocando o investidor brasileiro exposto às variações de lá.
Diversificando com ETFs
Amparo, da Suno, vê os ETFs como a ferramenta ideal para a diversificação das carteiras de investidores leigos. Mas reforça: “depende se é uma pessoa lida bem com a volatilidade do mercado”. Para o analista, nesse sentido, a porcentagem de renda nessa estratégia varia conforme o investidor “consegue dormir bem à noite”.
Paloma Brum levanta também a disponibilidade da pessoa para acompanhar o mercado de ações. “A carteira mais passiva, que segue as médias de mercado [como os ETFs], não exige um acompanhamento frequente, enquanto a mais ativa, que busca oportunidades maiores que a média, vai fazer mais operações e movimentos, e por isso precisa ter disposição para acompanhar e fazer essas mudanças.”
Para a analista, esses ativos não substituem outras classes em uma carteira mais sofisticada, já que têm acesso a uma rentabilidade média de mercado. “Mas em uma carteira simplificada, eles podem cumprir essa função de substituir outros ativos”, diz.
O processo de seleção desses ativos, por sua vez, envolve diferentes fatores e pode ser bastante complexo, devido à enorme variedade disponível no mercado. Segundo Amparo, alguns dos principais critérios para a escolha estão na análise da cesta de ativos, além de seu histórico no mercado.
“Um ETF é composto por várias empresas, que representam um percentual do ativo, mas existem ETFs concentrados e outros mais diluídos, por isso, vale a pena ver quais empresas estão lá dentro e o quanto cada uma delas representa no ativo.”
Outro fator importante é a taxa de administração, que pode ter uma pequena variação entre cada ativo, mas é um importante diferencial se considerados os ETFs que acompanham o mesmo índice. Dentre os dez ETFs mais negociados na B3 em agosto, por exemplo, três deles acompanham o Ibovespa. Nesse sentido, avaliar suas taxas é um mecanismo interessante.
O analista da Suno menciona ainda o dividend yield (rendimento de dividendos) e o preço/lucro como múltiplos importantes. O primeiro mostra o percentual do lucro que as empresas [do fundo] distribuem entre os sócios. No caso dos ETFs, o dividendo é reinvestido em mais cotas. O outro se refere ao valor de mercado das companhias dividido por seu lucro.
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