Em 2012, aos 27 anos, Max Oliveira investiu R$ 28 mil na start-up que se tornaria a MaxMilhas, empresa de compra e venda de passagens aéreas emitidas por milhas que inaugurou um novo segmento de negócios no Brasil.
Hoje, depois de nove anos, o investimento de Max segue sendo o único aporte recebido pela companhia. “Era para começarmos com R$ 35 mil, mas meu sócio não conseguiu pagar”, conta ele à Forbes, sentado em uma rede na varanda de uma casa de praia em Santo André, na Bahia, de onde tem trabalhado.
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A MaxMilhas é um dos principais cases de sucesso no Brasil de “bootstrapping”, como é chamado o processo de abrir um negócio sem utilizar recursos externos. Em 2014, a empresa foi selecionada para um programa de aceleração e recebeu R$ 200 mil em bolsas do CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para contratar desenvolvedores. Fora isso, todo o crescimento foi gerado do próprio caixa da empresa, além do investimento inicial feito por Max.
Mas ele conta que essa realidade está para mudar. Os planos de crescimento demandarão mais capital, e, por isso, um IPO já está no radar dos próximos dois ou três anos, assim como uma rodada de captação de investimentos em 2022.
“Nosso grande sonho é ser uma empresa aberta na Bolsa. E isso ajudaria nos próximos passos. Eu estou falando de ser maior que uma Decolar, uma CVC… quem sabe, né?”, diz. “Acho que a MaxMilhas já chegou longe demais para quem começou com R$ 28 mil. […] O negócio agora está mudando de patamar. Para dar os próximos passos e ser a maior empresa de turismo do Brasil, precisamos, sim, de capital.”
Em julho deste ano, a traveltech, como são chamadas as empresas de tecnologia que atuam no setor de turismo, lançou a MaxExperiências, um serviço de pacotes de viagem que oferece roteiros para destinos nacionais com aéreo e hospedagem. Pouco depois, em agosto, a companhia concluiu sua primeira aquisição, da Lance Hotéis, uma plataforma que permite que o cliente negocie o valor das diárias com hotéis, pousadas e resorts antes de fazer uma reserva.
Os novos negócios da MaxMilhas tornam a empresa menos suscetível aos riscos do mercado aéreo, que foi duramente afetado pela pandemia do coronavírus. Para Max, que ocupa o cargo de CEO da empresa, a crise começou um pouco antes: em 2019, quando a companhia aérea Avianca Brasil parou de operar depois de pedir recuperação judicial e ter sua licença suspensa pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). “Tinha dias em que 50% das passagens vendidas pela Avianca eram emitidas pela MaxMilhas”, conta ele.
“Na época, eu achei [que a crise da Avianca] tinha sido uma bomba. Aí, em 2020, vi que tinha sido uma marolinha”, brinca Max, que conta não se lembrar do planejamento estratégico da empresa para 2020. “Aconteceu tanta coisa que a gente acabou jogando fora.”
Questionado sobre demissões, Max fica sério e responde rápido: a empresa demitiu 167 funcionários, ou 42% do total. Ele conhece os números de cabeça. “Foi bem traumático. Sempre tivemos uma cultura muito engajada, ficamos bem colocados nos rankings do GPTW [Great Place to Work]. Ter que desligar todas essas pessoas no meio da pandemia foi muito difícil.” A empresa recorreu ao BEm (Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda), iniciativa do governo federal que permitiu reduzir salários e jornadas para preservar empregos, mas “não teve jeito”, afirma o CEO.
Em abril do ano passado, as vendas da MaxMilhas caíram 90% e chegaram ao menor patamar da sua história. Em setembro, quando a primeira onda da pandemia chegava ao fim, a companhia voltou a atingir o “break even”, momento em que as despesas e as receitas se equilibram. Mas encerrou 2020 com queda de quase 50% no faturamento. Já para 2021, a previsão é alcançar 90% do que foi registrado em 2019, segundo ele.
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Em 2022, além dos novos negócios, o foco será desenvolver recursos de personalização de buscas. Max afirma que os dois fatores que pesam na hora de o consumidor decidir viajar são o preço dos trechos de avião e a dificuldade de pesquisar. “Muita gente viajaria mais se fosse mais fácil encontrar as passagens que procura”, afirma ele, que quer adaptar o processo de busca e compra para cada tipo de cliente – o que vai viajar de férias, a trabalho, e o que viaja sempre para a sua cidade natal, por exemplo.
O CEO diz estar animado com os planos, mas reconhece que o momento de deixar o comando da companhia está próximo. “Não me imagino tocando um negócio para o resto da vida. Sou mais empreendedor do que executivo”, afirma Max. A ideia é atuar como conselheiro depois que a empresa abrir seu capital e contratar um “CEO muito bom, de mercado”.
O futuro da MaxMilhas, diz ele, é fazer o que sempre fez: “Hackear o sistema para empoderar o consumidor e fazer ele viajar”.
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