Hoje (20), o dólar teve firme alta ante o real, furando de uma só vez duas resistências técnicas e escalando ao maior patamar em um mês, impulsionado pela aversão a risco no exterior ditada por medo de contágio de problemas financeiros de uma grande empresa chinesa.
A moeda brasileira registrou o pior desempenho global nesta sessão, mas de forma geral ativos emergentes e correlacionados a commodities sofreram em bloco, por temores de contágio dos problemas financeiros da incorporadora chinesa Evergrande à percepção de risco para emergentes como um todo. Há avaliações de que um calote da Evergrande teria potencial para ser o maior já registrado para uma empresa.
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As bolsas de Nova York despencaram, enquanto um ETF que acompanha ações de mercados emergentes teve a maior baixa desde maio, com o Ibovespa perdendo mais de 2% e indo ao piso em quase dez meses. Um fundo de índice que segue retornos de investimentos em juros e moedas de emergentes engatou o terceiro recuo e bateu uma mínima em cerca de um mês.
Aqui, o dólar à vista subiu 0,78%, a R$ 5,3287. A alta percentual é a mais forte desde o último dia 8 (+2,84%), e o nível de fechamento é o mais alto desde 23 de agosto (R$ 5,3823).
Algum arrefecimento nas perdas nos mercados internacionais no fim do pregão permitiu que o dólar finalizasse a jornada a alguma distância da máxima intradiária – de R$ 5,3782 (+1,72%). Na mínima, a cotação ganhou 0,36%, a R$ 5,3067.
O dólar rompeu duas resistências técnicas principais nesta sessão: a linha psicológica dos R$ 5,3000 e a média móvel de 200 dias (R$ 5,3136).
“O dólar subiu pela demanda por segurança e, se a moeda conseguir romper as resistências de maneira firme, podemos ver espaço para mais alta”, disse Anilson Moretti, chefe de câmbio da HCI Investimentos. “O que poderia dar algum alívio seria uma combinação de Copom mais duro e um Fed postergando fim dos estímulos e início de alta de juros”, completou.
O nervosismo dos mercados nesta semana tem lastro ainda na expectativa pelos resultados de reuniões de diversos BCs (bancos centrais) pelo mundo nos próximos dias, com investidores de Brasil mirando as decisões do Fed (banco central dos EUA) e do Copom (colegiado que define os juros no Brasil) – ambas na quarta-feira (15).
O Banco Central vem elevando as taxas por aqui, enquanto o Fed segue em dúvida sobre se cortará o volume de estímulos, embora não deva mexer na taxa de juros (que está perto de zero).
O saldo das perspectivas para os dois BCs é um aumento dos juros nominais implícitos em contratos de taxa de câmbio do real, o que em tese elevaria a atratividade da moeda brasileira. Essa taxa embutida está em cerca de 7,4% ao ano para seis meses e em 8,3% para um ano – ante 1,3% e 2,3% no começo de 2021, respectivamente. (Com Reuters)
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