Desde o início da pandemia de Covid-19, os mercados globais têm visto mais turbulências econômicas em 18 meses do que nas últimas décadas. No entanto, apesar dos desafios sem precedentes enfrentados por indivíduos, famílias e empresas por causa do vírus, e dos tropeços das campanhas de vacinação, os mercados dos países emergentes demonstraram resiliência.
Ao longo desta pandemia, vi de perto a adaptabilidade e a agilidade dos “frontier markets”, nome dado aos países que não possuem economias tão estabelecidas quanto as dos emergentes, mas são considerados destinos viáveis para investimentos, apesar do maior risco. O Hamptons Group, empresa de consultoria e investimentos alternativos na qual atuo como presidente, faz parceria com companhias de países emergentes que buscam o desenvolvimento e a expansão de produtos ou serviços em vários setores da América Latina, Caribe, Eurásia e Oriente Médio. Fazemos isso por meio de private equity, venture capital e financiamento privado, bem como através do trabalho de consultoria para ajudar essas empresas a se desenvolverem.
LEIA MAIS: Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
O crescimento dos países emergentes durante a crise da Covid-19 gerou várias oportunidades para o pós-pandemia.
As perspectivas gerais pós-pandemia para países emergentes:
A América Latina e a Ásia dominam os “frontier markets”. Apesar da Covid-19, um crescimento econômico significativo está previsto este ano em países como Argentina, Brasil, Colômbia, México, Índia, Indonésia, Coreia do Sul, Hungria, África do Sul e Turquia.
É fundamental analisar as diferenças de crescimento entre os países desenvolvidos e os emergentes, bem como a forma como eles têm demonstrado resiliência econômica desde o início da pandemia, para termos uma noção mais ampla das perspectivas pós-pandemia.
• Diferenciais de crescimento: Embora a definição de um mercado emergente varie entre os economistas, a fórmula geral utiliza uma combinação de fatores, como o PIB (Produto Interno Bruto) de um país e a renda per capita, liquidez e acessibilidade ao mercado. Onde os mercados desenvolvidos apresentam infraestrutura altamente desenvolvida, órgãos reguladores e alta renda familiar, a infraestrutura e a renda familiar dos mercados emergentes estão avançando na esteira de seu rápido crescimento econômico.
Os países emergentes tendem a apresentar taxas de crescimento econômico mais elevadas, impulsionadas por um consumo inflacionado e pela integração com a economia global, para os quais a pandemia contribuiu dramaticamente. Como resultado, as expectativas de crescimento para esses mercados são significativamente mais altas do que para os desenvolvidos. O diferencial de crescimento esperado de cinco anos entre os mercados emergentes e os avançados está agora perto de 3,5%, contra 4,5% estimados antes da crise global.
• Fundamentos de resiliência: Nos últimos meses, os países emergentes mostraram resiliência econômica em áreas onde seus pares desenvolvidos não foram totalmente bem sucedidos. Enquanto muitos fabricantes americanos e canadenses lutaram contra a pandemia, os países emergentes da Ásia começaram a dominar as capacidades de manufatura, especialmente em Taiwan e na Coreia do Sul.
A indústria de biotecnologia da China tem trabalhado para licenciar novos medicamentos para câncer e outras doenças, o que, considerando juntamente com o aumento dos investimentos em manufatura, mostra evidências claras de que os países emergentes estão escalando suas cadeias de valor, o que trará um crescimento consistente no pós-pandemia.
Oportunidades baseadas em projeções de despesas de capital e no crescimento do e-commerce
Pesquisas indicam que a maioria dos CFOs em empresas com planos de expansão internacional não estão preocupados com os impactos da pandemia. Em um estudo realizado pela Globalization Partners e CFO Research, 45% dos entrevistados afirmaram ter planos de expandir globalmente ou estar adiando esses projetos para o ano seguinte.
Colômbia, Argentina e Índia são países em desenvolvimento com perspectivas promissoras.
Colômbia: Este ano, a empresa estatal de petróleo da Colômbia, a Ecopetrol, planeja um projeto piloto que prevê a perfuração de oito poços de exploração. Essa iniciativa permitirá à empresa atingir 450 milhões de barris equivalentes de petróleo (BOE, na sigla em inglês) em reservas potenciais, nas quais a ExxonMobil e a ConocoPhillips manifestaram interesse. A Ecopetrol também está alocando ativamente investimentos em tecnologia, inovação, transformação digital e transição energética.
Argentina: A gigante petrolífera estatal YPF anunciou no final do primeiro trimestre que manteria seu plano de investimento de US$ 2,7 bilhões para 2021, ao mesmo tempo em que relatou um lucro líquido de US$ 539 milhões no quarto trimestre de 2020.
Índia: as vendas no varejo online da Índia devem saltar de US$ 42,8 bilhões no ano passado para US$ 51,52 bilhões em 2021, com uma projeção de chegar a US$ 119,99 bilhões em 2024. Em 2020, o país foi o segundo mercado de crescimento mais rápido, apesar da pandemia. A Índia também conta com baixas taxas de juros, além de alta liquidez e incentivos fiscais.
Negócios pós-pandemia entre países emergentes
Com o avanço da distribuição de vacinas em todo o mundo e a ampliação do acesso aos imunizantes, a tendência é que as medidas de isolamento se tornem menos frequentes, o que permitirá uma reabertura total da economia global. Com isso, esperamos que os gargalos na produção e no fornecimento de bens diminuam, abrindo portas para negócios pós-pandemia entre os países emergentes.
No entanto, para investidores ou grupos de capital que procuram explorar mercados emergentes, a expansão pós-pandemia pode trazer alguns desafios. Por exemplo, picos bruscos da inflação em todo o mundo podem se tornar mais fortes e mais frequentes, criando um desequilíbrio parcial do mercado. Além disso, os longos períodos de taxas de juros próximas de zero oferecidos pelos bancos centrais nos países em desenvolvimento podem criar uma competição acirrada entre os credores.
Ainda assim, ao olhar para os últimos 18 meses – e para o futuro – eu acredito fortemente que os países emergentes continuarão a diversificar a economia global.
Jeff Bartel é presidente e diretor administrativo do Hamptons Group, LLC, empresa de consultoria e investimentos alternativos com sede em Miami.
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.