O Banco Central está “muito comprometido” em levar a inflação para meta em 2022 e, com o ritmo de aperto de 1 ponto percentual na taxa básica de juros, a avaliação é que será capaz de cumprir a missão, defendeu nesta sexta-feira o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.
Ao participar de webinar promovido pelo Morgan Stanley, Campos Neto reiterou em diversos momentos que a taxa básica de juros ficará no nível que for necessário para o BC entregar a inflação na meta.
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“Achamos que temos que atingir as metas de inflação e temos dito que a taxa terminal importa mais que o ritmo (de alta). E a taxa terminal será a que tiver que ser para nós atingirmos a meta”, afirmou ele, em inglês.
“Estamos muito comprometidos com (a meta de) 2022. Em nosso modelo, em nosso processo, em nossa visão de pensar e em nossa discussão acerca da tomada de decisão, achamos que, com o ritmo que temos agora e com o instrumento que temos agora, nós somos capazes de atingir a meta. É isso que temos tentado comunicar”, complementou.
O BC elevou a Selic em 1 ponto percentual na semana passada, a 6,25%, e indicou que deverá repetir a dose ao fim da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), prevista para os dias 26 e 27 deste mês.
Campos Neto reconheceu que o núcleo da inflação está muito acima da meta, com disseminação nos preços, mas frisou que o BC está agindo.
“Não acreditamos em ajustar metas, acreditamos em atingir metas”, disse.
Para o presidente do BC, o nível mais alto para a inflação será visto no índice acumulado até setembro, com arrefecimento posterior.
As últimas comunicações da autoridade monetária no sentido de que mira um ciclo mais longo de aperto monetário, em detrimento de um ajuste mais duro nos juros, têm sido feitas em meio a questionamentos do mercado sobre a real capacidade de o BC atingir a meta de inflação em 2022 sem prejudicar o caminho para 2023. Ambos os anos fazem parte do horizonte relevante para a política monetária.
A conta mais recente do mercado para a inflação no ano que vem é de alta de 4,12%, conforme o boletim Focus, ao passo que o BC vê o número em 3,7% em seu cenário básico. A meta para o próximo ano é de IPCA em 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Para 2023, economistas projetam elevação do IPCA de 3,25%, em linha com estimativa do BC de 3,2% e com a meta de 3,25%, também com banda de 1,5 ponto.
Ao ser questionado hoje (1º) se a inflação em 2023 não ficaria muito abaixo da meta com os esforços que a autoridade monetária teria que fazer para entregar o IPCA no alvo em 2022, Campos Neto respondeu que isso sempre envolve uma troca entre a perspectiva de propagação e a perspectiva de reação à política monetária do BC em termos de credibilidade, e que isso varia em diferentes países.
“No nosso caso, credibilidade (do BC) é chave”, respondeu. “Estamos muito fortes em passar a mensagem de que vamos fazer o que precisar ser feito para trazer a inflação para as metas.”
Na véspera, tanto Campos Neto quanto o diretor de Política Econômica do BC, Fabio Kanczuk, sinalizaram que o BC levará a taxa básica de juros para além do patamar de 8,5% em sua tarefa de domar a persistente inflação no Brasil, com o entendimento de que o nível final da Selic é mais importante do que um eventual endurecimento no ritmo de aperto. (Com Reuters)
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