O advento das moedas digitais nos mercados emergentes pode desencadear a “criptonização” das economias locais, minando potencialmente controles cambiais e de capital e perturbando a estabilidade financeira, informou o FMI (Fundo Monetário Internacional) hoje (1°).
O bitcoin e seus pares dispararam em preço e popularidade no ano passado, com economias de mercados emergentes e em desenvolvimento, como Vietnã, Índia e Paquistão, observando um rápido crescimento em algumas medidas de adoção, segundo o pesquisador de blockchain dos EUA Chainalysis.
As criptomoedas oferecem, em teoria, uma maneira mais barata e rápida de enviar dinheiro através de fronteiras. Os defensores dizem que os tokens digitais, como stablecoins, também podem ajudar a proteger poupanças da alta inflação ou de flutuações nas moedas locais.
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Em setembro, El Salvador se tornou o primeiro país do mundo a adotar o bitcoin como moeda legal, com apoiadores argumentando que a experiência pode reduzir custos de bilhões de dólares em remessas enviadas ao país centro-americano.
O FMI afirmou que políticas macroeconômicas inadequadas e sistemas de pagamento ineficientes estão entre os motores da adoção da criptomoeda nas economias emergentes, junto com a atração de ganhos rápidos que também entusiasmou investidores em todo o mundo.
Mas o Fundo explicou que o nível exato de adoção de criptoativos nas economias emergentes é difícil de avaliar com precisão.
Fatores como baixa credibilidade dos bancos centrais e fracos sistemas bancários domésticos que podem alimentar a “dolarização” também podem contribuir para o uso crescente das criptos, acrescentou o Fundo.
A dolarização ocorre quando uma moeda estrangeira – normalmente o dólar dos EUA – é usada além de, ou em vez de, uma moeda nacional. Alta inflação ou instabilidade de uma moeda nacional estão entre os motores do processo.
A ampla adoção de stablecoins – tokens digitais projetados para manter um valor estável e vistos como úteis para economia e comércio – também pode representar desafios significativos ao reforçar as forças de dolarização existentes, conforme conta o FMI.
“A dolarização pode impedir a implementação efetiva da política monetária pelos bancos centrais e levar a riscos de estabilidade financeira através de descasamentos de moedas nos balanços de bancos, empresas e famílias”, disse o documento.
A “criptonização” também pode se tornar uma ameaça à política fiscal, com os ativos digitais possivelmente facilitando a evasão fiscal, acrescentou o FMI.
O Fundo pediu às nações em desenvolvimento que fortaleçam as políticas macroeconômicas e considerem os possíveis benefícios da emissão de moedas digitais do banco central como uma resposta ao aumento de criptomoedas. (com Reuters)
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