O índice Ibovespa iniciou esta quinta-feira (28) em queda de 0,26%, a 106.090,15 pontos, após o Copom (Comitê de Política Monetária) elevar a taxa Selic para 7,75% ao ano, o que equivale a uma alta de 1,5 ponto percentual. Além da taxa básica, os investidores continuam de olho nos resultados de indicadores e também no andamento da PEC dos Precatórios, cuja votação na Câmara dos Deputados foi adiada novamente e deve ocorrer apenas na semana que vem.
Na agenda de dados econômicos, o Índice Geral de Preços (IGP-M), divulgado na manhã desta quinta-feira, teve alta de 0,64% em outubro. O resultado ficou bem acima das estimativas do mercado, que apontava um avanço de 0,17%. Em setembro, o índice caiu 0,64% e agora acumula elevação de 21,73% em 12 meses, de acordo com os cálculos da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
No mercado internacional, os investidores estão de olho nos balanços financeiros, enquanto acompanham a perspectiva de definições da política de taxa de juro do Federal Reserve, que ainda gera incertezas. Na Europa, o Banco Central Europeu optou por não alterar sua política monetária. Na Ásia, o banco central do Japão reduziu a previsão para o PIB e inflação ao consumidor.
O dólar está operando em forte alta de 1,19% a R$ 5,62 frente ao real, após o novo aumento da Selic. Pesa sobre o mercado o novo adiamento da votação da PEC dos precatórios, o que intensificou as incertezas em relação ao ambiente fiscal interno.
Reunião do Copom
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, avalia que o ritmo de aumento da Selic ditado pelo BC é suficiente para promover a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a política monetária.
“Mantemos a perspectiva de que teremos um ciclo de mais três elevações de juros ao passo de 150 pontos-base, somadas a mais uma elevação de 100 e outra de 25, conduzindo a taxa para 12% em meados de 2022”, informou o economista-chefe.
Para Davi Lelis, especialista da Valor Investimentos, é necessário observar o efeito que o aumento da taxa trará para o câmbio. “Embora a alta pudesse ter um impacto positivo para o câmbio, a sinalização de um quadro inflacionário com baixo crescimento econômico, num ambiente em que o populismo está falando mais alto, é muito ruim para o retrato da instituição Brasil”, disse.
Na avaliação de Lelis, poderá ocorrer um alívio, mas a tendência é que o câmbio continue pressionado e com volatilidade para os próximos meses.
Para Alexandre Espírito Santo e Elisa Andrade, da Órama Investimentos, “é provável, inclusive, que movimentos mais acentuados de alta tragam desaquecimento da atividade, que procura uma retomada mais consistente para o ano que vem, além de poder trazer o espectro da dominância fiscal”. “Nesse sentido, a elevação de 150 pontos-base parece ser adequada para as condições de momento”, afirmam os analistas.
Mercados internacionais
Nos Estados Unidos, os futuros dos índices apontam para abertura no azul, enquanto os investidores repercutem dados de crescimento econômico e mercado de trabalho, mas seguem acompanhando os resultados corporativos por lá.
A prévia do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA mostrou avanço de 2% no segundo trimestre deste ano, número abaixo da expectativa do mercado, que calculava uma alta de 2,7% no período. O crescimento econômico também desacelerou em relação ao último trimestre, que registrou alta de 6,7% no PIB.
O Departamento do Trabalho registrou 286 mil novos pedidos de seguro-desemprego na semana encerrada no dia 23 de outubro, abaixo dos 290 mil divulgados na semana anterior, assim como da projeção do mercado, também de 290 mil.
Na Ásia, os mercados asiáticos fecharam em queda, influenciados pela política monetária japonesa. O BoJ (Banco Central do Japão) anunciou nesta quinta-feira que não fará alterações em sua política monetária.
Ao mesmo tempo, a autarquia cortou a perspectiva de crescimento e de inflação ao consumidor no país para o ano fiscal de 2021. Segundo dados do governo japonês divulgados hoje, as vendas no varejo do país recuaram 0,6% em setembro em comparação com o ano anterior, já na comparação mensal, o indicador cresceu 2,7% no período.
O Hang Seng, de Hong Kong, desvalorizou 0,28%; e o BSE Sensex, de Mumbai, fechou o dia em baixa de 1,89%; na China continental, o índice Shanghai caiu 1,23%; enquanto no Japão o índice Nikkei recuou 0,96%.
Na Europa, as bolsas operam sem direção definida nesta manhã, digerindo as decisões da última reunião de política monetária do BCE (Banco Central Europeu) e ainda com o calendário de balanços no radar do mercado.
O BCE manteve inalterada a política monetária nesta quinta-feira, com uma taxa de juros em zero, em linha com o esperado pelo mercado, que aguarda o fim dos estímulos econômicos em dezembro. A instituição reafirmou o plano de continuar comprando títulos para fixar os custos dos empréstimos perto de mínimas recordes e também prometeu manter as taxas de juros baixas nos próximos anos.
O Stoxx 600 avança 0,10%; na Alemanha, o DAX recua 0,19%; o CAC 40 valoriza 0,57% na França; na Itália, o FTSE MIB sobe 0,42%; enquanto o FTSE 100 cai 0,24% no Reino Unido.
No mercado de commodities, os contratos futuros do carvão metalúrgico chinês atingiram seu limite mínimo de negociação nesta quinta-feira pela segunda sessão consecutiva e chegaram a uma mínima de quase dois meses, enquanto Pequim reforça medidas para aliviar os crescentes preços do carvão.
Os futuros do carvão metalúrgico mais negociados na Bolsa de Commodities de Dalian, para entrega em janeiro, despencaram 12% para 2.503 iuanes (US$ 391,24) por tonelada, atingindo o nível mais baixo desde 1º de setembro. Os contratos futuros do minério de ferro de referência fecharam em queda de 2,4%, para 684 iuanes por tonelada.
E os preços do petróleo recuam após um salto nos estoques de petróleo dos EUA e o aumento dos casos de Covid-19 na Europa e Rússia, e alguns surtos de infecções na China colocaram em cheque uma recuperação econômica. Por volta das 9h50 da manhã, os futuros do petróleo Brent caíam 1,18%, para US$ 82,88 o barril, enquanto o WTI recuava a US$ 81,61 o barril, alta de 1,27%. (com Reuters)