Flávio Augusto da Silva, CEO da Wiser Educação, sempre teve a franquia de escolas de inglês Wise Up como seu principal produto. Mas, após quase dois anos da pandemia do coronavírus, ele decidiu expandir o rumo dos negócios. Agora, Silva trabalha para se posicionar no mercado como uma edtech de educação profissional, não somente centrada no ensino presencial de idioma.
“Nosso foco passou a ser uma plataforma de educação voltada para empregabilidade. Até tínhamos esse pensamento antes, mas a Covid-19 acelerou esse processo em dez anos”, afirma o CEO. Aos 49 anos, Silva está listado no ranking de bilionários brasileiros da Forbes com R$ 1,3 bilhão, na 270ª posição.
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No começo da pandemia, em 2020, a Wise Up começou a oferecer o curso de inglês em formato 100% digital para novos e antigos alunos. A empresa também investiu na plataforma “MeuSucesso.com”, que já fazia parte do grupo, de aulas voltadas para empreendedores. Os estudos de caso são de empresários como João Apolinário, CEO da Polishop, Alexandre Costa, fundador da Cacau Show, Alexandre Ostrowiecki, CEO da Multilaser, entre outros.
Para se consolidar como edtech, a Wiser agora aposta em novas aquisições. Em junho de 2021, a empresa comprou a Escola Conquer, que oferece programas voltados para a empregabilidade, como marketing digital, gestão de projetos e análise de dados.
Se antes a meta do grupo era chegar a 1 mil unidades presenciais da Wise Up, o CEO foi surpreendido com ganho de 265 mil novos alunos no ensino online. “Passamos de 180 cidades brasileiras para quatro mil municípios nacionais e 120 países”, comenta Silva. O quadro de funcionários da Wiser Educação saltou de 200 para 900 pessoas desde março de 2020.
No momento, a Wiser negocia a compra de parte ou totalidade de 40 empresas, mas Silva acredita que apenas três dessas operações devem ser concluídas até o final deste ano. Entre seus objetivos para 2022, está o oferecimento de cursos preparatórios para o Enem e concursos e de vendas.
Para consolidar as aquisições, a companhia pretende investir R$ 1 bilhão em ativos. “Usamos o termo ‘ativos’ porque não significa que estou com R$ 1 bilhão em caixa para comprar os negócios. Podemos comprar 15% agora, fazer trocas de ações, comprar o restante depois… Juntas, as novas aquisições devem estar neste valor”, explica.
Silva busca por empresas que já sejam lucrativas, mas ainda estejam no início de suas curvas de crescimento. “Nossa estratégia é implantar processos mais eficientes e incorporá-las em mais canais de venda para que cresçam três ou quatro vezes em pouco tempo”, diz.
A rede de alunos do grupo inclui majoritariamente brasileiros ao redor do mundo, além de portugueses, moçambicanos, angolanos, e estudantes de outros países lusófonos. Em segundo lugar, alunos das escolas da Wiser têm o espanhol como língua materna, a maioria destes localizados na América Latina e nos Estados Unidos.
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A permanência média dos clientes nos cursos das marcas é de entre 17 e 18 meses. “Os cursos não costumam ter duração específica, algumas habilidades precisam ser estudadas pelo resto da vida”, argumenta o CEO. O ticket médio do grupo também varia. De R$ 95,00, a assinatura de aulas onlines de inglês, a R$ 300,00, nos cursos voltados para estratégia.
Há também produtos “high tickets”, oferecidos para executivos, por cerca de R$ 3.000,00 a R$ 4.000,00. “Estes programas possuem professores mais especializados e atendimento individual. Não é acessado por todas as pessoas, mas tem um público constante”, afirma Silva. “Ano que vem vamos lançar alguns ainda mais caros, na faixa de R$ 5.000,00 a R$ 10.000,00”.
Entre seus alunos, a maior parte contratou os cursos como pessoas físicas. Porém, no caso da Escola Conquer, cerca de 30% das vendas são realizadas para empresas. Não há planos para que estes programas sejam oferecidos de forma presencial.
Quando questionado sobre a principal dificuldade da Wiser Educação, o CEO afirma que um dos maiores desafios é contratar programadores. “A gente compete com empresas de todos os lugares do mundo que contratam no Brasil”, comenta. Entre os 700 novos funcionários, cerca de 100 deles são engenheiros de softwares e profissionais de tecnologia.
Por enquanto, o Silva acredita que não é o momento para abrir capital, mas afirma que “na hora que for necessário, é só apertar o botão de IPO. Já estamos preparados.”