O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anunciou hoje (8) a decisão de elevar a taxa Selic a 9,25% ao ano, alta de 1,5 ponto-percentual sobre o patamar atual de 7,75%. A decisão veio em linha com a expectativa dos investidores.
A Selic, taxa básica de juros do país, é o instrumento utilizado pela autoridade monetária para conter o avanço da inflação, que atualmente apresenta alta acumulada de 8,24% no ano e 10,67% nos últimos 12 meses, segundo o resultado mais recente do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado em novembro.
Com o aumento da Selic, o crédito fica mais caro e a demanda por produtos diminui, o que ajuda na redução dos preços.
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Em comunicado, o Copom informou que prevê reajuste de também 1,5 ponto-percentual em sua próxima reunião, programada para o início de fevereiro. O aumento levaria a Selic a 10,75% ao ano. O Comitê afirmou ainda que a política monetária poderá ser ajustada para assegurar que a inflação fique dentro das metas estabelecidas pelo BC.
O atual ciclo de alta da Selic se iniciou em março deste ano, quando a taxa subiu de 2% para 2,75% ao ano – o primeiro aumento desde 2015. A decisão surpreendeu investidores, que esperavam alta de apenas 0,5 ponto-percentual. Desde então, nas cinco reuniões seguintes, os aumentos ficaram entre 0,75 e 1,5 pontos, sempre em linha com as expectativas do mercado.
O patamar de 7,75% ao ano, definido em outubro, era o mais alto desde o fim de 2017. Ainda assim, o ciclo de alta não foi suficiente para conter a inflação, que vem acelerando desde maio. A única exceção foi o mês de agosto, quando o indicador cresceu 0,87%, resultado menor do que o avanço de 0,96% visto em julho.
A meta estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para a inflação em 2021 era de 3,75% no ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto-percentual para mais ou para menos – ou seja, entre 2,25% e 5,25%.
As expectativas do mercado são de que a Selic continue subindo no ano que vem e supere a marca de 11%. Em outubro, economistas do Credit Suisse estimaram uma taxa de 11,5% para o final de 2021, mas já revisaram a projeção e agora esperam 12,25%.
O impacto mais evidente da alta dos juros é o aumento do rendimento dos títulos de renda fixa, cujas taxas normalmente seguem a variação da taxa DI (Depósito Interbancário), que está atrelada à Selic. Esse aumento de atratividade pode provocar uma queda na Bolsa de Valores ao fazer com que investidores migrem de uma modalidade para outra.
Outro efeito do reajuste dos juros sobre os investimentos é a mudança na fórmula de cálculo do rendimento da poupança. Pela regra atual, a poupança rende 70% da Selic somada à Taxa Referencial (TR), que hoje é igual a zero. Quando os juros anuais ultrapassam 8,5%, o retorno passa a ser 6,17% ao ano, também somado à TR.
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Já no âmbito macroeconômico, mudanças na Selic podem influenciar a dívida pública do país. De acordo com o Banco Central, para cada 1 ponto-porcentual de aumento na Selic mantido por 12 meses há um acréscimo de 0,42 ponto-porcentual na dívida bruta, o que equivale a R$ 31,4 bilhões.
O aumento da taxa de juros também afeta negativamente o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, uma vez que pressiona o mercado de crédito e ajuda a “esfriar” a economia – empresas, por exemplo, passam a pensar duas vezes antes de fazer novos investimentos.
No Boletim Focus divulgado na última segunda-feira (6), economistas reduziram a previsão de crescimento do PIB de 2021 de 4,78% para 4,71%.
Esta foi a última reunião do Copom no ano de 2021. A próxima ocorrerá nos dias 1 e 2 de fevereiro do ano que vem.