O Santander Brasil baixou suas estimativas para o patamar do dólar ante o real ao fim de 2022, mas ainda vê um segundo semestre de alta da moeda norte-americana frente aos níveis atuais, com expectativa de maiores incertezas no período.
O banco agora vê o dólar em 5,40 reais ao término deste ano, ante 5,70 reais da projeção anterior. Mesmo mais baixo, o prognóstico ainda embutia perspectiva de valorização nominal de 5,1% contra a taxa de hoje (24), em torno de 5,14 reais.
O novo cenário foi traçado pela economista-chefe do Santander no Brasil, Ana Paula Vescovi, e equipe de macroeconomia.
O banco reconhece a surpresa com a valorização do real ante o dólar neste ano, de cerca de 8,4% aos preços atuais, com a moeda brasileira no topo da lista de desempenhos entre as principais divisas no período, na esteira de uma realocação de ativos globais, preços mais altos das commodities, taxas de juros domésticas mais elevadas e também premissas construtivas do mercado em relação ao campo político.
“No entanto, esperamos que o real enfraqueça no segundo semestre de 2022, à medida que os preços das commodities começarem a diminuir, incertezas virem à tona e o Fed prosseguir com o aperto quantitativo nos EUA”, disseram em relatório.
No entanto, a moeda brasileira deve voltar a ganhar algum fôlego em 2023, segundo o Santander, que vê a retomada do debate sobre reformas estruturais no Brasil a partir do ano que vem potencialmente reduzindo o prêmio de risco cambial.
Com isso, o banco prevê dólar de 5,25 reais no encerramento de 2023, queda de 2,8% ante o fechamento estimado para 2022. Na margem, contudo, o Santander elevou a projeção para 2023, já que no cenário anterior via taxa de câmbio de 5,20 reais.
O banco também ajustou suas estimativas para a taxa de juros, vendo adicionalmente uma última alta de 25 pontos-base no encontro do Copom de junho, além do orçamento de 100 pontos-base para março e de 50 pontos-base para maio. Com isso, a Selic terminal ficaria em 12,50%, ante 12,25% da perspectiva anterior.
“Projetamos cortes de juros apenas no primeiro trimestre de 2023, condicionados a sinais de política econômica, mas isso se seguiria à política monetária mais restritiva desde 2009”, finalizou o banco. A Selic está em 10,75% ao ano.