O banco central dos Estados Unidos precisa agir de forma agressiva para reduzir a inflação, e isso pode muito bem incluir um aumento de 0,5 ponto percentual nos juros em sua próxima reunião de política monetária, em maio, disseram duas autoridades do Fed (Federal Reserve) hoje (23).
“Gostaria de adiantar um pouco disso”, afirmou a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, em uma ligação com repórteres quando questionada sobre a trajetória de ajustes da taxa básica de juros este ano. “Acho importante que comecemos a subir a taxa de juros e acho que isso nos posiciona melhor se o fizermos mais cedo do que mais tarde.”
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Seu senso de urgência foi ecoado pela presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly, que disse que apoiaria tal medida se os dados a justificassem. Ela também destacou que “inflação, inflação, inflação” é a principal preocupação de todos.
“Tenho todas as opções sobre a mesa agora. Se precisarmos fazer 50 (pontos-base), 50 é o que faremos”, afirmou Daly em evento organizado pela Bloomberg.
Daly tem sido muitas vezes mais cautelosa do que seus colegas sobre o aperto da política monetária, e sua abertura a uma elevação de juros maior do que o normal em maio mostra o crescente senso de urgência do banco central de que a inflação, atualmente de mais de três vezes a meta de 2% do Fed, requer uma ação rápida e certeira para evitar que se enraíze.
No início desta semana, o chair do banco central, Jerome Powell, disse que o Fed agiria “rapidamente” no aumento da taxa de juros este ano e sinalizou a possibilidade de uma alta maior na reunião de política monetária de 3 e 4 de maio.
Os mercados compraram essa visão. Operadores precificam dois ajustes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões do Fed e uma faixa de 2,25% a 2,5% para a taxa de juros no final do ano.
Redução do Balanço
Powell, em uma conferência da National Association for Business Economics de segunda-feira (21), também afirmou que maio pode marcar o início das reduções no balanço patrimonial de quase US$ 9 trilhões do banco central, que disparou durante a pandemia de Covid-19, conforme formuladores de política monetária se esforçavam para fortalecer a economia.
Cortar a carteira de Treasuries e títulos lastreados em hipotecas do Fed arrefeceria ainda mais a inflação, promovendo o que Daly disse hoje (23) ser o equivalente a um aumento de pelo menos 0,25 ponto percentual nos juros neste ano.
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“Acho que os dados nos dirão se 50 pontos-base, ou 25 pontos-base com o balanço, é a receita certa; ou 50 pontos-base com o balanço”, afirmou ela.
As autoridades do banco central projetaram na semana passada um total de sete elevações dos juros para 2022, uma visão que Daly disse incorporar algum “adiantamento” do aperto da política monetária.
“Estamos preparados para fazer o que for preciso para garantir a estabilidade de preços”, afirmou Daly.
Mester também disse a repórteres que não há nada que impeça o Fed de subir a taxa de juros e começar a reduzir seu balanço na mesma reunião de política monetária.
“Acho que, dada a situação em que estamos e as comunicações que o chair Powell já fez sobre o processo do balanço, não tenho preocupações de que isso seja desestabilizador e acho que temos que reconhecer que a inflação está muito elevada”, afirmou Mester. Ela destacou que os mercados financeiros poderiam lidar com tal movimento. “Temos que fazer o que pudermos com nossas duas ferramentas de política monetária para manter a inflação sob controle.”
Mester também repetiu sua opinião de que 2,5% seria o nível apropriado para a taxa básica de juros no final deste ano, o que exigiria “alguns” aumentos de 50 pontos-base.
Daly disse acreditar que a taxa básica do Fed provavelmente precisará ficar acima de 2,5%, mas não até 2023.