O dólar abandonou a indefinição vista mais cedo e passava a cair com força hoje (21), sendo negociado abaixo dos R$ 5 à medida que investidores continuavam enxergando boas oportunidades de investimento no Brasil diante da alta dos juros e da disparada dos preços das commodities.
Às 11:08 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,83%, a R$ 4,9756 na venda, com a moeda brasileira ostentando o melhor desempenho no dia entre uma cesta de pares globais. Na mínima do dia, a moeda norte-americana caiu 0,96%, a R$ 4,9690.
A consolidação de movimento de queda do dólar começou a partir das 10h (de Brasília), depois de a divisa ter mudado de sinal várias vezes ao longo das primeiras negociações. No pico do dia, chegou a subir 0,25%, a R$ 5,0295.
Na B3, às 11:08 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,07%, a R$ 4,9910.
Alexandre Netto, chefe de câmbio, disse à Reuters que a desvalorização do dólar parece ser “combinação de mais um movimento de alta no preço de commodities e fluxos positivos de investimento no Brasil”.
Várias commodities — do milho ao petróleo — dispararam desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, conflito que até agora não ofereceu sinais concretos de que haverá resolução. A valorização desse tipo de produto tende a aumentar o ingresso de dólares em países exportadores.
Nesse contexto, “acreditamos que os fluxos (para o mercado de câmbio local) podem continuar no curto prazo à medida que os investidores estrangeiros continuam a olhar favoravelmente para o real como uma moeda de commodity com ‘carry’ alto, e à medida que os exportadores internalizam parte de seus dólares mantidos no exterior”, disseram estrategistas do Citi em relatório hoje.
O comentário faz referência a estratégias de “carry trade”, que tentam lucrar com a compra de divisas que oferecem retornos elevados. Com a alta sucessiva da taxa Selic ao longo do último ano, ao patamar atual de 11,75%, o “carry” oferecido pela moeda brasileira é atraente para investidores estrangeiros.
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Até agora em 2022, o dólar acumula baixa de mais de 10% contra o real, deixando a divisa doméstica com o melhor desempenho global no período.
Enquanto isso, a moeda norte-americana tinha pouca alteração no exterior, com seu índice frente a uma cesta de rivais fortes em queda de 0,04%.
Especialistas do mercado chamavam a atenção para a agenda carregada de eventos importantes no exterior, com destaque para falas de autoridades do banco central norte-americano, incluindo do chair Jerome Powell.
“O receio de que um aperto monetário agressivo por parte do Federal Reserve, que deve priorizar o combate à inflação, resulte em uma forte desaceleração da atividade econômica segue entre os principais pontos de cautela da parte dos investidores”, comentou em nota Victor Beyruti, economista da Guide.
“O investidor vai avaliar novos discursos (de Powell)…de modo a calibrar expectativas com relação a uma possível aceleração do ritmo de alta dos juros.”
A moeda norte-americana negociada no mercado interbancário fechou a última sessão em queda de 0,40%, a 5,017 reais na venda, menor patamar desde o último dia 9 (5,0124 reais).