A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia piorou hoje suas projeções oficiais para a atividade econômica e a inflação em 2022, embora tenha seguido mais otimista que o mercado em relação à economia.
Agora, a estimativa é de alta no Produto Interno Bruto (PIB) de 1,5% este ano, contra 2,1% na projeção feita em novembro do ano passado. Para 2023, a projeção foi mantida em 2,5%.
Para a inflação medida pelo IPCA, a estimativa da equipe econômica subiu para 6,55% em 2022, de 4,70% antes, e foi mantida em 3,25% para 2023.
O centro da meta de inflação é de 3,50% neste ano e 3,25% no próximo, nos dois casos com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.
Agentes de mercado preveem crescimento do PIB de 0,49% este ano e de 1,43% para o ano que vem. Já para a inflação, as expectativas são de alta de 6,45% e 3,70%, respectivamente, conforme pesquisa Focus mais recente.
Para o INPC acumulado neste ano –que serve de parâmetro para a correção do salário mínimo e de uma série de despesas previdenciárias no Orçamento do ano que vem– a conta foi a 6,7%, de 4,25% anteriormente.
A Reuters antecipou a redução da projeção do governo para o PIB deste ano ontem.
A SPE atribuiu a revisão dos números às mudanças de estatísticas divulgadas pelo IBGE no fim do ano passado, alterando para baixo o PIB de 2019, além do crescimento menor do que o projetado para a atividade no segundo semestre de 2021.
“Os setores mais afetados negativamente no final do ano passado foram a indústria e o setor agropecuário, cuja produção foi prejudicada, em grande medida, pela ampliação dos gargalos nas cadeias globais e pela maior crise hídrica em quase 100 anos, respectivamente”, disse.
Em relação ao cenário internacional, a SPE afirmou que projeções coletadas dos analistas de mercado indicam uma revisão negativa da atividade para as principais economias globais. A pasta ressaltou que a projeção maior de inflação decorre do aumento dos preços de commodities agrícolas e energéticas em meio às tensões no Leste Europeu, com o conflito entre Rússia e Ucrânia.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dito repetidamente que o país voltará a surpreender os analistas, com maiores investimentos privados e uma melhora no mercado de trabalho mitigando efeitos adversos da inflação elevada, mesmo em meio às incertezas globais geradas pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
Na quarta-feira, Guedes afirmou que o Brasil está preparado “para qualquer guerra” e que o governo pode contornar o teto de gastos se necessário.