O IPCA-15 subiu mais do que o esperado e atingiu o maior nível para março em sete anos sob o peso do aumento dos alimentos e dos combustíveis, levando a taxa em 12 meses a quase 11%, enquanto o Banco Central lida com a pressão inflacionária elevando juros após ter apontado preocupação com o impacto da guerra na Ucrânia sobre os preços.
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), prévia da inflação brasileira, registrou em março alta de 0,95%, depois de ter subido em fevereiro 0,99%, informou o IBGE.
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O resultado divulgado hoje (25) é o mais forte para um mês de março desde 2015 (1,24%), tendo ficado acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,87%.
O IBGE informou ainda que o avanço acumulado do IPCA-15 nos 12 meses até março saltou a 10,79%, de 10,76% no mês anterior e expectativa de 10,69%.
O resultado estoura com força o teto da meta para a inflação, que é de 3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.
A pressão inflacionária deve aumentar ainda mais à frente, uma vez que a Petrobras anunciou no começo de março alta nos preços do diesel de cerca de 25% em suas refinarias, além de aumento de quase 19% na gasolina, na esteira dos ganhos nas cotações do petróleo no mercado internacional em função da guerra na Ucrânia.
Além do impacto direto no item combustível do IPCA, o aumento se reflete indiretamente em produtos e serviços.
Em março, todos os nove grupos pesquisados registraram aumento de preços, sendo o destaque a alta de 1,95% de alimentos e bebidas, de 1,20% no mês anterior.
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Esse resultado deveu-se ao aumento de 2,51% dos preços de alimentos para consumo no domicílio diante da influência de fatores climáticos como estiagem no Sul e chuvas no Sudeste, de acordo com o IBGE.
O segundo maior impacto foi exercido pelo avanço de 1,30% dos preços de saúde e cuidados pessoais após variação negativa de 0,02% em fevereiro.
Já os custos de Transportes subiram 0,68% em março, de alta de 0,87% em fevereiro, com avanço de 0,83% da gasolina depois do reajuste nas refinarias.
Juntos, os grupos de alimentos, saúde e transportes representaram cerca de 75% do impacto total do IPCA-15 de março, informou o IBGE.
O Banco Central vem elevando os juros para tentar conter a inflação, mas já indicou fim do ciclo de aperto monetário em maio depois de aumentar a taxa básica a 11,75%.
Também informou que deverá fazer novo ajuste de um ponto percentual na Selic na próxima reunião, de maio, levando a taxa a 12,75% ao ano.
Uma política monetária mais apertada tende a esfriar os gastos do consumidor e, consequentemente, conter a alta dos preço, que também tende a ganhar impulso devido ao choque dos preços das commodities com a guerra entre Ucrânia e Rússia.
A autoridade monetária já demonstrou preocupação com o choque de oferta provocado pela guerra na Ucrânia, que pode pressionar ainda mais a inflação.
A pesquisa Focus mostra que os especialistas consultados pela autoridade monetária veem a inflação neste ano em 6,59%, recuando a 3,75% em 2023.