Assembleia de acionistas da Petrobras aprovou ontem os indicados pelo governo e pelos minoritários para o novo Conselho de Administração da companhia, que deverá eleger José Mauro Coelho para a presidência-executiva da estatal.
Coelho, ex-secretário de Petróleo, Gás e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, foi eleito entre os 11 conselheiros definidos, conforme comunicado da Petrobras. A aprovação para o conselho é uma pré-condição para o executivo assumir o comando da empresa.
A aprovação ocorreu após longa assembleia de acionistas, iniciada na tarde de ontem e encerrada no final da noite. Antes de a reunião começar, houve uma agitação entre minoritários sobre alterações no estatuto da companhia, e a votação dos conselheiros também teve atraso por um problema na contagem de votos, segundo duas fontes que acompanharam o processo.
A empresa disse em nota que foi retirada de pauta da assembleia a deliberação da proposta de reforma de Estatuto Social para alterar os artigos 21, 22, 23, 29, 30, 33, 35 e 40.
Hoje, está prevista a realização de reunião do novo conselho para apreciar a indicação de Coelho ao cargo de presidente da companhia –pelas regras da empresa, é dessa forma que o nome para ocupar o comando da petroleira é confirmado.
A Petrobras disse nesta semana que Coelho tomaria posse ainda hoje.
Coelho foi escolhido pelo governo após descontentamento do presidente Jair Bolsonaro com a atuação do general da reserva Joaquim Silva e Luna na presidência da estatal, que teve de subir fortemente os valores dos combustíveis nas refinarias para acompanhar a escalada do petróleo na esteira da guerra da Ucrânia.
Coelho, contudo, conquistou adeptos entre os acionistas do mercado com declarações anteriores de apoio a políticas de livre mercado, como atrelar os preços dos combustíveis domésticos aos valores internacionais do petróleo, em vez de subsidiar o produto para os brasileiros.
A troca da presidência na Petrobras foi tumultuada, com o primeiro escolhido pelo governo para o cargo, o consultor de energia Adriano Pires, desistindo do posto em meio a informações de conflito de interesse para assumir o comando da companhia.
A assembleia também aprovou Márcio Andrade Weber, conselheiro na gestão anterior, como novo presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Ele é engenheiro civil com especialização em engenharia de petróleo pela empresa, onde ingressou em 1976 e trabalhou por 16 anos.
Foram eleitos também para o conselho Murilo Marroquim de Souza, Ruy Schneider, Sônia Villalobos, Marcelo Gasparino da Silva e Rosangela Torres (representante dos empregados), que já integravam o colegiado anterior.
A assembleia elegeu ainda Luiz Henrique Caroli e José João Abdalla Filho, este último um bilionário que detém uma fatia considerável da Petrobras e está entre os maiores investidores da bolsa de valores do Brasil.
Contando com Abdalla Filho, os acionistas de mercado aumentaram com sucesso sua representação para quatro no conselho, disse uma terceira fonte, que acompanhou a reunião, mas não quis ser identificada porque o evento foi fechado para a imprensa.
Antes, o governo tinha sete cadeiras no conselho, o mercado três e os trabalhadores uma.
A nomeação de Abdalla Filho aumentará a participação dos acionistas do mercado no conselho, mas os analistas estão divididos sobre o significado final da composição do órgão, já que o governo mantém a maioria por estatuto.
Francisco Petros Oliveira Lima Papathanasiadis foi eleito pelos detentores de ações ordinárias, enquanto Marcelo Siqueira Filho pelos preferencialistas.