Guerra na Ucrânia, repressão tecnológica da China e queda nos preços de ações tiraram 329 pessoas da lista de bilionários da Forbes em 2022, incluindo 169 dos que apareceram uma vez e fizeram parte do recorde de 493 recém-chegados do ano passado. É o maior número de saídas desde 2009, quando a crise financeira tirou 355 pessoas da lista. Além disso, 30 bilionários morreram no ano passado; eles são contados separadamente daqueles que caíram devido a perdas no patrimônio líquido.
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Três países – China (153 pessoas caíram, incluindo quatro de Hong Kong), Rússia (35) e Estados Unidos (33) – respondem por dois terços das quedas. Ex-bilionários da tecnologia, cujas fortunas aumentaram mais do que qualquer outro grupo durante a pandemia, foram os mais atingidos – 53 caíram, incluindo 32 da China e Hong Kong. A ‘dor’, no entanto, foi generalizada, com os setores de moda e varejo (45), manufatura (33) e imobiliário (29) também sofrendo impactos significativos entre os bilionários. Dois dos maiores ‘vencedores’ no início da pandemia de Covid-19, os setores de saúde e finanças, também perderam 25 bilionários cada.
Dos dez ex-bilionários cujos patrimônios líquidos mais afundaram oito eram da China. As fortunas dos dois maiores perdedores deste ano, Zhang Bangxin, da TAL Education (antigamente avaliada em US$ 13,3 bilhões), e Larry Xiangdong Chen, da rival GSX Techedu (US$ 10,2 bilhões), ‘evaporaram’ quando o governo chinês ameaçou proibir lucros e investimentos estrangeiros na indústria de tutoria pós-escolar.
Dos 30 bilionários que faleceram no ano passado, o mais recente foi Edward “Ned” Johson III. Ele assumiu a Fidelity de seu pai em 1977 e a dirigiu por 37 anos, transformando a empresa com sede em Boston em uma das maiores gestoras de dinheiro dos EUA, antes de entregar as rédeas para sua filha Abigail em 2014. Ele morreu aos 91 anos, poucos dias antes de a Forbes finalizar a lista de bilionários de 2022, em março. Eli Broad, magnata da construção de casas e seguros que se tornou filantropo, morreu aos 87 anos, deixando US$ 6,9 bilhões para a viúva, Edythe, que tem a tarefa de cumprir a promessa do casal de doar a maior parte do dinheiro. O investidor tcheco (e ex-pessoa mais rica da República Tcheca) Petr Kellner morreu em um acidente de helicóptero em março de 2021, aos 56 anos. Pessoa mais rica a morrer no ano passado, ele deixou US$ 16,6 bilhões para a esposa, Renata Kellnerova.
Veja algumas das pessoas de maior destaque que perderam o status de bilionárias:
Shalom Meckenzie
Patrimônio líquido: menos de US$ 900 milhões (abaixo de US$ 1,7 bilhão na lista de 2021)
Fonte da riqueza: apostas esportivas
País: Israel
Meckenzie garantiu uma participação de 11% na empresa de apostas esportivas e de fantasia DraftKings quando a combinou com seu provedor de tecnologia de jogo, o SBTech, em uma fusão SPAC, em abril de 2020. Desde então, ele vendeu ações, mas não com rapidez suficiente — o valor dos 5% que sobraram a ele despencou 73% no ano passado, pois os gastos da empresa geraram uma perda maior do que os analistas projetaram, e os investidores voltaram a se concentrar na lucratividade com os aumentos das taxas de juros.
Vlad Tenev e Baiju Bhatt
Patrimônio líquido: menos de US$ 800 milhões cada (abaixo de US$ 1 bilhão cada)
Fonte de riqueza: aplicativo de negociação de ações
País: Estados Unidos
A fortuna dos colegas de classe de Stanford Tenev e Bhatt disparou quando o Robinhood Markets, o aplicativo de negociação de ações sem taxas que eles fundaram em 2013, cresceu quando foi veículo para um ‘meme stock’ durante a pandemia. As negociações na plataforma caíram bastante desde então, e as ações da empresa sofreram queda de 71% em relação ao preço do IPO em julho do ano passado. O frenesi estava prestes a terminar, mas a empresa não se ajudou muito – teorias da conspiração se espalharam rapidamente quando a Robinhood interrompeu a negociação de ações da varejista de videogames GameStop, em janeiro de 2021, limitando as perdas de fundos de hedge que tinham posições a descoberto na GameStop. Tenev alegou que a decisão foi tomada para cumprir os requisitos da SEC e “para proteger a empresa e [seus] clientes”, enquanto negava que Robinhood enfrentasse problemas de liquidez.
RJ Scaringe
Patrimônio líquido: menos de US$ 700 milhões (abaixo de US$ 3,4 bilhões)
Fonte da riqueza: Veículos elétricos
País: Estados Unidos
Há um ano, a Rivian, fabricante de veículos elétricos, estava em alta, levantando um recorde de US$ 23,1 bilhões – US$ 11,2 bilhões como empresa privada e US$ 11,9 bilhões em seu IPO de novembro, que avaliou a empresa em US$ 90 bilhões. Mas, desde então, o fundador e CEO tem lutado para aumentar a produção, decepcionando analistas e afetando as ações em 64%.
Oleg Tinkov
Patrimônio líquido: menos de US$ 700 milhões (abaixo de US$ 4,7 bilhões)
Fonte da riqueza: Banco
País: Rússia
A invasão da Ucrânia pela Rússia – e a avalanche de sanções ocidentais que se seguiram – esmagaram muitas fortunas: Tinkov é um dos 35 russos que saíram da lista de bilionários. As ações de seu banco digital, Tinkoff, perderam 90% de valor em Londres antes que as negociações fossem suspensas, em 2 de março.
Whitney Wolfe Herd
Patrimônio líquido: menos de US$ 700 milhões (abaixo de US$ 1,3 bilhão)
Fonte da riqueza: aplicativo de namoro
País: Estados Unidos
Ela se tornou a bilionária mais jovem que fez a fortuna por si quando o Bumble, seu aplicativo de namoro, tornou-se público no início de 2021. Mas as ações do Bumble estão em queda (queda de 72% após o IPO) . Wolfe Herd adicionou usuários pagos em um ritmo mais lento do que concorrentes como o Tinder, que ela cofundou e deixou por suposto assédio sexual. (O Tinder negou irregularidades, e o caso foi resolvido.)
Jitse Groen
Patrimônio líquido: menos de US$ 600 milhões (abaixo de US$ 1,4 bilhão)
Fonte da riqueza: delivery de comida
País: Holanda
Groen fundou o serviço de entrega de comida agora conhecido como Just Eat Takeaway.com como estudante, em 2000, e o tornou público na Euronext Amsterdam em 2016. Ele gastou muito nos anos seguintes para adquirir os rivais Delivery Hero (por US $ 1 bilhão em 2018), Just Eat (por US$ 7,7 bilhões em 2020) e GrubHub (por US$ 7,3 bilhões em junho passado). As ações da empresa atingiram o pico em outubro de 2020, no auge da pandemia, mas desde então perderam 72% de seu valor, à medida que os então clientes voltaram a frequentar restaurantes e supermercados. A empresa saiu da Nasdaq no início deste ano (ainda é negociada em Amsterdã e Londres) e está sob pressão de investidores para reduzir suas perdas.
Kate Wang
Patrimônio líquido: menos de US$ 500 milhões (abaixo de US$ 5 bilhões)
Fonte da riqueza: Cigarros eletrônicos
País: China
Wang foi cofundadora da RLX Technology, a maior empresa do mercado de cigarros eletrônicos da China, e abriu seu capital na Bolsa de Valores de Nova York em janeiro de 2021 em uma listagem de US$ 35 bilhões. Em seguida, o governo chinês ameaçou nacionalizar as vendas de cigarros eletrônicos, provocando ações judiciais de investidores e fazendo a fortuna de Wang virar fumaça.
John Foley
Patrimônio líquido: menos de US$ 400 milhões (abaixo de US$ 1,5 bilhão)
Fonte da riqueza: Peloton
País: Estados Unidos
Um ciclo ruim de relações públicas: dois personagens de destaque da TV (Mr. Big de Sex and the City e Mike “Wags” Wagner de Billions) sofreram ataques cardíacos na ficção enquanto andavam nas bicicletas Peloton, de Foley, no ano passado. A empresa também não vem se saindo muito bem desde que os clientes retornam às academias, levando a Peloton a reduzir a produção e demitir funcionários. O cofundador Foley deixou o cargo de CEO em fevereiro; ele continua presidente.
Will Wei Cheng
Patrimônio líquido: menos de US$ 300 milhões (abaixo de US$ 1,2 bilhão)
Fonte da riqueza: Serviço de carona
País: China
O Didi Global travou uma guerra de preços que expulsou o Uber da China – que parou quando o governo da China baniu o aplicativo Didi dias após a estreia da empresa na NYSE, em junho do ano passado, citando “preocupações com a segurança cibernética”. (Didi disse que iria “cooperar totalmente” com a revisão.) As ações caíram 89% desde então.