Todos os participantes da reunião de política monetária do banco central dos Estados Unidos de 3 a 4 de maio apoiaram um aumento de juros de 0,50 ponto percentual para combater a inflação, que eles concordaram ter se tornado uma grande ameaça para o desempenho da economia norte-americana e que poderia subir ainda mais sem a ação do Federal Reserve, apontou a ata do encontro.
A elevação de juros de 0,50 ponto percentual neste mês foi a primeira desse tamanho em mais de 20 anos, e colocou o Fed em uma trajetória de rápido aperto da política monetária, com “a maioria dos participantes” julgando que mais ajustes de 0,50 ponto seriam “provavelmente apropriados” nas próximas reuniões do banco central, em junho e julho, de acordo com a ata divulgada hoje (25).
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“Todos os participantes concordaram que a economia dos EUA estava muito forte, o mercado de trabalho estava extremamente apertado e a inflação, muito elevada”, afirmou a ata, com os riscos de uma inflação mais acelerada “inclinados para cima” em razão dos atuais problemas de oferta globais, da guerra na Ucrânia e dos lockdowns contínuos contra o coronavírus na China.
Nesse contexto, “os participantes concordaram que o Comitê (Federal de Mercado Aberto) deve mudar rapidamente a postura da política monetária para uma posição neutra… Eles também destacaram que uma abordagem restritiva da política monetária pode se tornar apropriada”.
“Muitos participantes” julgaram que aprovar altas de juros agora “deixaria o Comitê bem posicionado no final deste ano para avaliar os efeitos do fortalecimento da política monetária”.
A ata mostra um esforço do Fed para achar a melhor forma de conduzir a economia em direção a uma inflação mais baixa sem causar uma recessão ou subir a taxa de desemprego substancialmente –tarefa que “vários participantes” da reunião deste mês disseram que seria desafiadora no ambiente atual.
Segundo “vários” participantes da reunião do banco central, dados começaram a indicar que o avanço dos preços “pode não estar mais piorando”.
Mas mesmo assim, concordaram que era “muito cedo para ter certeza de que a inflação atingiu o pico”.
A economia, enquanto isso, permaneceu forte, com famílias dos EUA em tão boa forma que as autoridades do Fed disseram que pode ser mais difícil fazê-las parar de gastar e aliviar a pressão dos preços.
Com pouca certeza, os formuladores de política monetária começaram a estabelecer uma ampla gama de posições sobre o que pode acontecer após os próximos aumentos da taxa básica, desde uma pausa total nas elevações dos juros no outono norte-americano até pedidos por uma série agressiva de incrementos de 0,50 ponto percentual nas reuniões de setembro, novembro e dezembro.
Dados de inflação ainda não mostraram uma queda convincente em relação aos níveis que deixaram as autoridades do Fed nervosas e foram comparadas com os choques inflacionários dos anos 1970 e início dos anos 1980. O indicador preferencial do Fed para o salto dos preços está em patamar equivalente a mais de três vezes a meta de 2% do banco central.
Alguns analistas, enquanto isso, aumentaram suas projeções sobre os riscos de recessão, e investidores em contratos vinculados às Fed funds recentemente reduziram suas estimativas para a elevação da taxa de juros.