A B3 anunciou hoje (20) a revisão do saldo de recursos estrangeiros que entrou na bolsa brasileira em 2021 de R$ 102,3 bilhões para R$ 41,5 bilhões.
A revisão ocorre após a operadora da bolsa identificar um erro metodológico, divulgado em abril, que havia distorcido os números desde outubro de 2020.
Além disso, a B3 disse que a revisão anunciada hoje (20) também inclui uma antecipação temporal da liquidação das operações de compra e venda em ofertas de ações, sejam subsequentes (follow-ons) ou iniciais (IPOs).
Antes, as operações realizadas por estrangeiros em ofertas de ações eram contabilizadas pela B3 apenas na divulgação pelas empresas do anúncio de encerramento de oferta, o que pode demorar até seis meses. Agora, o dado leva em conta as informações de liquidação da própria bolsa, que leva apenas dias.
“Agora fica possível conciliar os movimentos do mercado primário e secundário. Se algum investidor estrangeiro vendeu no mercado secundário para fazer uma aquisição em IPO, a gente vai mostrar ao mesmo tempo a venda no (mercado) secundário e a compra no primário”, disse Luís Kondic, diretor de produtos e dados da B3, a jornalistas.
Caso a B3 tivesse revisado os números de 2021 apenas pelo erro metodológico, o impacto negativo seria de R$ 77,9 bilhões. No entanto, devido à mudança temporal na liquidação das operações em IPOs e follow-ons, que possui efeito positivo de R$ 17,1 bilhões, o dado total caiu R$ 60,8 bilhões frente ao que havia sido divulgado anteriormente, para R$ 41,5 bilhões.
Para 2020, o impacto total no dado de entrada e saída de estrangeiros foi positivo em R$ 3,3 bilhões, o que fez com que o saldo, até então divulgado como saída de R$ 2,6 bilhões da B3 no ano, ficasse positivo em cerca de R$ 700 milhões.
O impacto em 2020 é menor dado que o erro metodológico começou em outubro daquele ano, quando a B3 passou a oferecer operações de empréstimos em tela, disse Kondic.
Erro metodológico
O erro metodológico divulgado em abril está relacionado à inclusão de operações de empréstimo de ações em tela a partir de outubro de 2020. Esses dados não deveriam ter sido incluídos como entrada e saída de estrangeiros, porque não há fluxo financeiro na operação, segundo a B3.
Na ocasião da revisão em abril, o saldo de fluxo estrangeiro na bolsa brasileira foi corrigido de entrada de R$ 91,1 bilhões para R$ 64,1 bilhões no primeiro trimestre.
O saldo atual total em 2022 é de entrada de R$ 49,3 bilhões, até 18 de maio, já incluso o efeito da mudança na contabilização temporal de ofertas de ações.