Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar tinha queda contra o real nesta quinta-feira, alinhando-se a movimento internacional de recuperação de moedas arriscadas depois de uma forte onda de vendas na véspera, quando temores sobre inflação, aperto monetário e possível desaceleração econômica aumentaram a busca por segurança.
Às 10:27 (de Brasília), o dólar à vista recuava 1,12%, a 4,9257 reais na venda, e chegou a cair 1,41% na mínima da sessão, a 4,9107 reais.
Na B3, às 10:27 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,91%, a 4,9410 reais.
As perdas acompanhavam a queda de cerca de 0,8% do índice do dólar no exterior, no que alguns participantes do mercado avaliavam como um ajuste técnico depois de a moeda ter avançado 0,55% contra pares de países ricos na véspera, encerrando uma série de três dias de baixa. O enfraquecimento do dólar também refletia uma queda nos rendimentos dos títulos soberanos dos EUA.
Divisas de países emergentes ou sensíveis às commodities aproveitavam a deixa e avançavam contra o dólar nesta manhã, recuperando-se depois de uma sessão difícil na véspera. Peso mexicano, peso chileno, rand sul-africano e dólar australiano, moedas cujo movimento o real tende a acompanhar, ganhavam entre 0,7% e 1,2% no dia.
Apesar do ajuste nos mercados de câmbio internacionais nesta quinta-feira, vários especialistas alertavam para a manutenção do cenário cauteloso, que na véspera golpeou ativos arriscados de todo o mundo. Dois dos principais índices acionários de Wall Street, por exemplo, fecharam a última sessão com perdas superiores a 4%, e mais danos eram registrados na abertura desta manhã. [.NPT]
Na Europa, as principais bolsas também estendiam a baixa expressiva vista na véspera, com um índice referencial perdendo 2% no dia. [.EUPT]
“A aversão ao risco ganha força diante de preocupações com o crescimento global”, disse o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco em relatório. “Pesam sobre a avaliação de riscos as incertezas com os desdobramentos da guerra na Ucrânia, com a política de combate à Covid na China e com as persistentes pressões inflacionárias e seus impactos sobre a condução da política monetária no mundo.”
O banco central dos Estados Unidos, por exemplo, está enfrentando a alta dos preços com maior agressividade do que o inicialmente previsto pelos mercados, o que levou o índice do dólar a tocar seu maior patamar em duas décadas recentemente.
Nesse contexto, estrategistas do Citi notaram em relatório que “o câmbio latino-americano enfraqueceu ao longo do último mês, à medida que a aversão ao risco aumenta e o ‘carry’ (retorno oferecido pelas moedas) se tornou menos favorável nesses ambientes de aversão a risco”.
O banco norte-americano piorou sua expectativa para a performance do real no curto prazo, vendo a divisa em 5,15 por dólar nos próximos três meses, de 4,70 previstos para o mesmo período antes. A projeção de médio prazo — para os próximos seis a 12 meses — também piorou, a 5,30 por dólar, contra previsão anterior de 5,20.
“Embora os preços das commodities permaneçam elevados em níveis favoráveis para o real, o recente fortalecimento do dólar levou a uma desvalorização considerável” da moeda brasileira, completou o Citi. “Olhando para frente, a escalada de riscos internos depois das eleições (de outubro) em meio a condições monetárias globais mais restritivas devem levar a mais depreciação do real.”
O dólar spot subiu 0,78%, a 4,9813 reais na venda, na última sessão.
Neste pregão, o Banco Central fará leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de julho de 2022.
(Edição de Camila Moreira)