Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar engatava uma terceira queda diária consecutiva nesta segunda-feira, seguindo a fraqueza da divisa norte-americana no exterior conforme investidores comemoravam o anúncio de que haverá alívio nas restrições na China e reavaliavam expectativas de aperto monetário nos Estados Unidos, abandonando apostas muito agressivas.
Às 10:42 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,77%, a 4,7017 reais na venda, em sessão com possibilidade de volatilidade nos mercados devido à redução da liquidez por um feriado nos EUA.
Na mínima do dia, a moeda norte-americana chegou a cair 1%, a 4,6911 reais, patamar que, se mantido até o fim do pregão, seria equivalente a uma mínima para encerramento desde 20 de abril passado (4,6186).
Na B3, às 10:42 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,61%, a 4,7020 reais.
Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora, chamou a atenção para o bom desempenho dos ativos de risco internacionais nesta manhã em meio à perspectiva de retomada gradual da atividade em cidades chinesas após semanas de duras medidas de restrição para combater a Covid-19. As autoridades do centro financeiro de Xangai, por exemplo, vão suspender um lockdown de dois meses a partir da meia noite de quarta-feira.
A notícia –um bom presságio para as cadeias de suprimentos globais, que têm sofrido sob as interrupções na segunda maior economia do mundo– impulsionou as bolsas asiáticas e europeias nesta segunda-feira, e a melhora no apetite por risco parecia prejudicar o dólar.
Contra uma cesta de seis rivais fortes, a divisa norte-americana caía cerca de 0,2% no dia. Seu índice, negociado em torno da marca de 101,5, estava mais de 3% abaixo de um pico em duas décadas acima de 105 atingido em meados deste mês.
Em relatório publicado nesta segunda-feira, estrategistas do BTG Pactual atribuíram parte do movimento recente de arrefecimento do dólar no exterior a um fortalecimento do euro após sinalizações mais duras de autoridades de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), e disseram que o real acompanhou esse movimento.
Várias autoridades da zona do euro têm sinalizado que o BCE começará a elevar suas taxas de juros a partir de julho, o que não deixaria mais os Estados Unidos isolados entre as principais economias no aperto das condições monetárias.
O euro subia 0,24% nesta manhã, a 1,0753 dólar.
Participantes do mercado também têm apontado uma moderação nas expectativas de aumentos de juros pelo Federal Reserve como um obstáculo para o dólar.
Apenas algumas semanas atrás, havia fortes apostas de que o banco central dos EUA seria forçado a adotar eventual aumento de juros de 0,75 ponto percentual, mas, atualmente, a visão predominante é de que o Fed promoverá ajustes de 0,5 ponto em suas próximas duas reuniões e, depois, provavelmente fará uma desaceleração ou até pausa para avaliar o impacto do aperto na economia.
Desde março deste ano, o Fed já aumentou os custos dos empréstimos da maior economia do mundo em 0,75 ponto percentual. Juros mais altos por lá tendem a beneficiar a moeda norte-americana, já que tornam a segura renda fixa local mais atraente para o capital estrangeiro. Da mesma maneira, uma condução menos intensa do aumento das taxas pode levar ao redirecionamento de recursos dos EUA para países mais rentáveis.
Com o desempenho desta manhã, penúltimo dia de maio, o dólar ficava a caminho de marcar forte queda mensal em relação ao real, de 4,9%. Isso marcaria o quarto mês de desvalorização de 2022, ano em que a divisa norte-americana acumula baixa de quase 16%.
O dólar à vista fechou a última sessão, na sexta-feira, em queda de 0,49%, a 4,7384 reais na venda, menor valor desde 20 de abril (4,6186 reais).
(Edição de Camila Moreira)