Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar oscilava entre estabilidade e leve queda frente ao real na manhã desta sexta-feira, mas ainda estava a caminho de marcar sua quarta valorização semanal seguida, depois de ter sido apoiado nos últimos dias por receios sobre aumentos mais acentuados dos juros nos Estados Unidos e riscos de desaceleração da economia global.
Às 10:26 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,06%, a 5,1392 reais na venda, depois de mais cedo chegar a cair 0,51% a 5,1164 reais.
A divisa norte-americana alternava estabilidade e leve alta no exterior, onde operava abaixo de picos em duas décadas contra uma cesta de rivais de países desenvolvidos.
Várias moedas arriscadas ou sensíveis às commodities, como pesos mexicano e chileno e dólar australiano, cujo movimento o real tende a acompanhar, subiam ligeiramente contra a divisa dos Estados Unidos nesta manhã.
Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, atribuiu o alívio nos ativos de risco internacionais –incluindo as ações– nesta sexta-feira a fala recente do chair do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell.
Na véspera, a autoridade máxima do Federal Reserve repetiu sua expectativa de que os juros serão elevados em 0,5 ponto percentual em cada uma das duas próximas reuniões da instituição, reduzindo alguns temores de que o Fed seria forçado a elevar sua taxa básica em 0,75 ponto de forma a conter a inflação. Expectativas de um posicionamento mais agressivo do banco central norte-americano tendem a beneficiar o dólar.
“Por outro lado, ele (Powell) também disse que não pode prometer um ‘pouso suave’ ao se referir à possibilidade de recessão nos EUA, fato em que os investidores também estão de olho”, escreveu Beyruti em nota.
Apesar do arrefecimento desta sessão, o dólar estava cerca de 1,3% acima do patamar de fechamento da última sexta-feira, de 5,0733 reais.
Caso feche a semana no azul, a moeda norte-americana registrará a quarta seguida de ganhos contra o real, o que marcaria a maior sequência do tipo desde as cinco valorizações semanais consecutivas encerradas em 8 de agosto de 2021. Até agora no acumulado das últimas quatro semanas, a divisa sobe aproximadamente 9,4% em relação ao real.
O dólar tem sido apoiado no mundo inteiro neste segundo trimestre do ano, não apenas pela perspectiva de juros mais altos nos EUA, mas também pelos temores de uma recessão global, à medida que as principais economias são afetadas pelas consequências da guerra na Ucrânia e por lockdowns de combate à Covid-19 na China.
“Se as taxas (do mercado de juros) dos EUA negociarem melhor devido ao aumento da aversão ao risco, podemos esperar um dólar mais forte neste ambiente”, escreveram estrategistas do Citi em relatório publicado na noite de quinta-feira. “Com as surpresas de inflação nos mercados emergentes também subindo, e este vento contrário para moedas emergentes, mantemos… nossa posição geral comprada em dólar.”
Os rendimentos dos títulos soberanos de dez anos dos Estados Unidos –referência global para investimentos– chegaram a superar a marca de 3,2% no início desta semana, indo aos maiores patamares em três anos e meio, embora já tenham recuado para cerca de 2,9% desde então.
No mercado local, o dólar agora sobe 11,5% em relação à mínima de 2022, de 4,6075 reais, atingida no início de abril, embora ainda acumule queda de 7,8% desde o começo do ano.
Analistas ainda apontam o patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 12,75%, como um fator de suporte para o real, já que isso torna a renda fixa doméstica atraente para investidores que buscam retornos altos.
Na B3, às 10:26 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,06%, a 5,1645 reais.
O dólar negociado no mercado interbancário fechou a última sessão com variação negativa de 0,06%, a 5,1424 reais.