SÃO PAULO (Reuters) – A Eletrobras lançou nesta sexta-feira a oferta de ações com vistas à sua privatização, uma operação que movimentaria cerca de 35 bilhões de reais, considerando um lote suplementar e o valor do papel no fechamento da véspera, segundo prospecto preliminar entregue à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A operação envolvendo a maior companhia elétrica da América Latina, com atuação em geração, transmissão e comercialização de energia, será precificada no dia 9 de junho, e o preço da oferta será determinado com base no interesse dos investidores.
Desconsiderando o lote suplementar de ações, a oferta da Eletrobras chegaria a 30,69 bilhões de reais.
A operação de capitalização envolverá uma oferta primária e secundária de ações ordinárias realizada simultaneamente no Brasil e no exterior, o que diluiria a participação do Estado na empresa de 72% para pelo menos 45%.
A oferta primária será, inicialmente, de 627.675.340 novas ações.
Já a oferta secundária será de 69.801.516 ações atualmente detidas pelo banco de desenvolvimento BNDES.
A cotação de fechamento das ações ordinárias de emissão da companhia na B3 e dos ADSs, em 26 de maio, foi, respectivamente, de 44 reais e de 9,23 dólares por ADS representadas por ADR, valores estes meramente indicativos para a operação, “podendo variar para mais ou para menos, conforme a conclusão do Procedimento de Bookbuilding”.
O comunicado detalha ainda que a quantidade de ações da oferta inicial poderá ser acrescida de um lote suplementar de até 15% do total das ações.
Com o lançamento oficial da oferta ao mercado, os próximos passos são o “roadshow” de apresentação da oportunidade a investidores e a coleta de intenções de investimento, quando se apura efetivamente a demanda do mercado pela operação e o valor final por ação da oferta.
A Eletrobras tem perto de 51 gigawatts (GW) em capacidade instalada de geração –equivalente a 29% do parque gerador do Brasil– e mais de 70 mil km de linhas de transmissão, ou 43,1% da rede nacional.
Um dos propósitos da capitalização é fazer com que a companhia tenha condições de aumentar seu nível de investimentos e se tornar mais competitiva no mercado –há anos a estatal não participa ou ganha leilões organizados pelo governo.
Os recursos que devem ser levantados com a oferta primária da Eletrobras vão para o caixa da empresa, para ajudá-la a pagar uma bonificação de outorga à União pela mudança no contrato de suas usinas hidrelétricas, que passarão a poder vender energia no mercado livre.
A companhia terá ainda que realizar mais de 30 bilhões de reais em aportes à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) ao longo dos anos, para ajudar a aliviar tarifas de energia para consumidores, além de direcionar recursos para revitalização de bacias hidrográficas.
(Por Letícia Fucuchima e Tatiana Bautzer)