SÃO PAULO (Reuters) – A maior companhia de saúde do país, Hapvida, espera conseguir recuperar suas margens a partir deste trimestre, com reajustes de planos e um retorno das operações em níveis mais normalizados de custos, após redução nos casos de Covid-19 e gripe que impactaram o grupo no início do ano, afirmaram executivos nesta terça-feira.
A companhia, nascida em meados de fevereiro a partir da fusão da Hapvida com a Intermédica, viu níveis de sinistralidade subirem no primeiro trimestre sobre um ano antes, algo que deve ser revertido nos próximos meses, afirmou o co-presidente Irlau Machado Filho em teleconferência com analistas.
“Em função da completa diminuição da Covid-19 e Influenza, estou confiante de que o segundo trimestre terá uma performance muito mais interessante”, afirmou Machado Filho, acrescentando que os custos de materiais, por exemplo, estão caminhando para níveis anteriores à pandemia.
Machado Filho deu como exemplo luvas que custavam 7 centavos de real antes da pandemia chegar ao país em março de 2020. No pico da doença, o preço subiu para 85 centavos e atualmente “este valor está reduzido a 13 centavos. É a normalidade? Ainda não, mas estamos chegando lá.”
Analistas do Itaú BBA consideraram que o desempenho da base de beneficiários da Hapvida ficou consideravelmente abaixo das expectativas do mercado que já eram de fraqueza para o primeiro trimestre.
A empresa reportou prejuízo líquido de 182 milhões de reais e um resultado operacional medido pelo Ebitda de 414 milhões, bem abaixo da média de previsões de 713 milhões, segundo dados da Refinitiv.
“Apesar de esperarmos uma aceleração no crescimento orgânico a partir do segundo trimestre, os resultados fracos do primeiro trimestre podem pressionar nossas projeções de receita para o ano”, afirmaram os analistas liderados por Vinicius Figueiredo em relatório a clientes.
“Mas continuamos confiantes sobre a tese de longo prazo da Hapvida e na geração de sinergias que devem impulsionar a lucratividade no segundo semestre”, acrescentaram, mantendo recomendação “outperform” para as ações da empresa.
Às 15h20, as ações da Hapvida lideravam com folga as quedas do Ibovespa, despencando 16,2% e cotadas a 6,56 reais. No mesmo instante, o índice tinha valorização de 0,6%.
Caso a ação feche nesses níveis, o papel marcará o maior recuo em uma sessão desde sua estreia na bolsa. A baixa mais intensa da Hapvida na bolsa atualmente ocorreu em meados de março de 2020 e foi de pouco mais de 15%.
Além da própria redução dos casos da pandemia, o co-presidente da Hapvida também afirmou que a empresa tem “expectativa de aumentos relevantes na precificação para voltarmos para níveis mais racionais” nos próximos meses. Ele citou a estimativa do mercado de que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vai autorizar em breve reajuste de pelo menos 15% nos planos de saúde individuais.
Isso é importante para os negócios da antiga Hapvida, disse Jorge Fontoura Koren de Lima, que comanda o grupo ao lado de Machado Filho. Segundo ele, mais de 30% do faturamento desta vertical é atrelado a planos individuais.
“Os planos individuais têm o maior valor médio dentro da Hapvida e a partir de maio…vai ter a recomposição do reajuste negativo do ano passado todo o mês”, disse Lima. “Este ano estamos bem confiantes em recomposição de preços, não só por conta dos planos individuais, mas porque vemos um pouco mais de espaço para reajustes dado que nossos concorrentes necessitam muito mais reajuste do que nós.”
Na frente de fusões e aquisições, Machado Filho afirmou que a empresa está em discussões com 20 potenciais alvos de compra no Brasil, incluindo ativos que permitirão ao grupo maior nível de verticalização de serviços. Nos últimos anos a companhia realizou cerca de 60 aquisições, afirmou.
Atualmente, a rede de atendimento do grupo Hapvida só não tem presença em 6 Estados do país, a maioria na região Norte. A empresa encerrou o trimestre com 85 hospitais em operação e mais de 7.200 leitos operacionais.
(Por Alberto Alerigi Jr.; edição de André Romani)